O presidente da Associação de Discotecas Nacional disse esta quinta-feira precisar de mais informações para se pronunciar sobre as novas regras no âmbito da pandemia e admitiu que um modelo de testagem como o da Madeira poderia ser “benéfico”.
“Neste momento, há muitas dúvidas no ar, começando pelo facto de não percebermos muito bem a situação dos testes” que será necessário apresentar para ir a discotecas e bares a partir de 1 de dezembro, mesmo no caso de vacinados contra a Covid-19, disse à Lusa o presidente da Associação de Discotecas Nacional, José Gouveia.
A entrada nos espaços de diversão noturna vai estar sujeita à apresentação de teste negativo à Covid-19, mesmo para vacinados, a partir daquela data, estando as discotecas e os bares encerrados entre 2 e 9 de janeiro, anunciou esta quinta-feira o primeiro-ministro, António Costa.
Para José Gouveia, para se poder pronunciar, a Associação de Discotecas Nacional tem de perceber que “tipo de testes” serão necessários para entrar nos espaços de diversão noturna, “a sua durabilidade” e “de que forma devem ser apresentados”.
A exigência de testes negativos de Covid-19 não será necessariamente um constrangimento, acrescentou.
Se estivermos a falar de um teste à imagem daquilo que se está a fazer na Madeira, que é um teste semanal que dá acesso a todas as atividades, parece-me a mim que todos concordarão que será benéfico e que haverá uma participação massiva”, disse José Gouveia.
Já “um teste que é só para sair à noite”, representando “mais um custo para o utente da noite”, já será diferente e “não estará muito certo”, acrescentou.
Outro aspeto que a associação precisa de ver esclarecida antes de se pronunciar são “os apoios para quem vai estar encerrado” na semana de 2 a 9 de janeiro, sendo assim necessário esperar pela publicação da legislação esta quinta-feira aprovada pelo Conselho de Ministros.
A entrada nos bares com espaço de dança e discotecas, que abriram em 1 de outubro depois de encerrados cerca de 19 meses devido à pandemia, estava até agora cingida apenas à apresentação do certificado digital, que podia ser relativo a vacinação, recuperação ou de realização de teste negativo.
O encerramento das discotecas e dos bares, de 2 a 9 de janeiro, decorre numa “semana de contenção de contactos”, referiu o primeiro-ministro, em que também as escolas estarão fechadas e o teletrabalho voltará a ser obrigatório.
Associações de bares e discotecas do Porto não entendem encerramento em janeiro
Os presidentes da Associação Bares da Movida do Porto e da Zona Histórica afirmaram não compreender a razão para o encerramento das discotecas e bares de 2 a 9 de janeiro, mostrando-se, contudo, satisfeitos pela não limitação de horários.
“As nossas preocupações eram o setor da diversão noturna não encerrar, nem ter limitações de horários ou de lotações“, afirmou esta quinta-feira o presidente da Associação Bares da Movida do Porto, Miguel Camões.
Em declarações à agência Lusa, a propósito das medidas anunciadas est quinta-feira pelo Governo, Miguel Camões afirmou que o duplo controlo (testagem e certificação da vacina contra a Covid-19) vai ser “exequível”, bem como a obrigatoriedade de máscara no interior do estabelecimento.
Se estas medidas surtirem efeito, e o Governo acredita que resulta, não vemos grande proveito em fechar o setor uma semana. Não compreendemos o porquê de fechar o setor, as medidas tanto resultam em dezembro como em janeiro”, salientou.
Também em declarações à Lusa, o presidente da Associação de Bares da Zona Histórica do Porto, António Fonseca, afirmou que o setor da diversão noturna vai “acabar o ano bem e começar o ano mal”.
“Mais uma vez, [o Governo] vai dar uma machadada num setor que não teve responsabilidades em nenhuma vaga”, salientou António Fonseca, defendendo que o Governo tem gerido “de forma marginal” o setor da diversão noturna.
Defendendo que o setor “sempre foi a favor” do controlo da pandemia, através da testagem dos clientes e do cumprimento de outras normas de higienização e segurança, António Fonseca salientou que o Governo vai “penalizar mais uma vez um setor que já está com dificuldades “e que o encerramento das discotecas previsto para a primeira semana de janeiro pode pôr em causa “muitos contratos de trabalho“.
António Fonseca acusou ainda o Governo de “não ouvir o setor” e contribuir “mais uma vez para as festas privadas e para o fenómeno do botellón”.
À Lusa, o presidente da Associação de Bares da Zona Histórica do Porto lembrou ainda que em março foi aprovado pela Comissão de Economia e Inovação o apoio a fundo perdido a todos os estabelecimentos encerrados por decreto relativamente às despesas permanentes e que até hoje, “os líderes de bancada ainda não propuseram o agendamento desse apoio“.
O encerramento das discotecas decorre na chamada “semana de contenção de contactos”, referiu o primeiro-ministro na conferência de imprensa após uma reunião do Conselho de Ministros, em Lisboa.