Entre o dia 24 de novembro, quando a África do Sul reportou os primeiros casos da nova variante, e o dia 1 de dezembro, foram confirmados mais de 350 casos de Ómicron em 27 países, incluindo 70 casos em 13 países europeus, segundo o relatório do Centro Europeu para a Prevenção e Controlo da Doença (ECDC) publicado esta quinta-feira.
O organismo europeu não tem dúvidas que o número de casos confirmados vai continuar a aumentar — agora que os países sabem o que devem procurar e como —, mas também porque além dos casos importados dos países do sul da África, também já há registo de transmissão dentro dos agregados familiares ou na comunidade. Portugal é um exemplo disso: à partida, um único caso vindo da África do Sul terá originado um surto na B-SAD com 20 casos confirmados de Ómicron até esta quinta-feira.
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A existência de uma nova variante — cuja origem ainda não está totalmente determinada — tem levado vários países a fechar as fronteiras aos países africanos ou a exigir mais testes e quarentenas aos viajantes. As novas regras não conseguiram, no entanto, impedir a entrada da nova variante na Europa e à medida que aumentam o número de casos sem relação com viagens a África, serão cada vez menos eficazes para conter a disseminação da Ómicron, alerta o ECDC.
Com base no pressuposto de que os casos já foram importados para muitos países da União Europeia e Espaço Económico Europeu, o modelo interno do ECDC mostra que o encerramento das fronteiras ou a proibição de viagens provavelmente só atrasam o impacto da nova variante, em termos de número de casos e hospitalizações nos países da UE/EEE, em duas semanas, no máximo”, lê-se no relatório.
O ECDC alerta que, apesar de os dados sobre a transmissibilidade, gravidade da doença e capacidade de escapar ao sistema imunitário ainda serem muito poucos e preliminares, há alguns indícios de que a Ómicron possa ter uma vantagem sobre a Delta. “Se assim for, os modelos matemáticos indicam que a variante Ómicron poderá causar metade de todas as infeções na União Europeia e Espaço Económico Europeu nos próximos meses“, lê-se no relatório.
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Assim, com base nos dados existentes, embora reconhecendo que são limitados, o ECDC considera que o risco da Ómicron para os países europeus é “alto a muito alto”, mas lembra que, neste momento, ainda estamos a lidar com a Delta e com a perda de imunidade em algumas pessoas.
O organismo europeu recomenda a vacinação completa de todas as pessoas e o reforço de vacinação a partir dos 40 anos — seis meses após a segunda dose —, a começar pelos mais vulneráveis e mais velhos, mas, eventualmente, chegando a todos os adultos com mais de 18 anos.
Anticorpos resultantes de infeções anteriores não impedem novas infeções com Ómicron
As medidas que visam reduzir a transmissão, e que têm resultado para todas as variantes, continuam a ser aconselhadas e reforçadas: distanciamento físico, boa ventilação dos espaços fechados, manutenção de medidas de higiene das mãos e higiene respiratória (como tossir ou espirrar no cotovelo), uso adequado das máscaras e, claro, ficar em casa sempre que se sinta doente.
Além disso, a testagem, rastreio de contactos e sequenciação genética continuam a ser importantes não só para conter as cadeias de transmissão como para identificar que variante domina num determinado momento e local.