O Twitter removeu 3.465 contas relacionadas com operações de propaganda estatais ligadas a seis países, segundo um comunicado publicado pela rede social na quinta-feira.

O maior volume de contas apagadas, segundo a Al Jazeera, pertence à China, e são 2160 os perfis que serviam de instrumentos de campanha do Partido Comunista Chinês. 2.048 contas tinham como objetivo alimentar a narrativa do Estado chinês em torno do tratamento dado ao povo Uigur na província Xinjiang.

Os restantes 112 perfis da China estavam ligados à “Cultura Changyu”, uma empresa privada contratada pelas autoridades regionais de Xinjiang que promovem vídeos de Uigures a apoiar o governo e aqueles que são designados pelo governo chinês como “campos de treino vocacional”.

A Organização das Nações Unidas e organizações de direitos humanos têm acusado a China de extermínio étnico aos Uigures, um grupo étnico de maioria muçulmana que tem sido colocado em campos de concentração e, de acordo com o The Guardian, tem ainda sido sujeito a alegados casos de trabalho forçado e programas de esterilização.

As contas, inicialmente ligadas a pornografia e a novelas coreanas, tinham poucas interações nas redes sociais depois de reaproveitadas para as operações de propaganda estatal.

De acordo com uma análise do Instituto Australiano de Políticas Estratégicas (ASPI), 97% das contas tinham menos de cinco seguidores, e 73% não tinham qualquer seguidor. Embora 98% dos tweets não tivessem qualquer interação – nem likes nem retweets – os restantes 2% eram partilhados por diplomatas e figuras oficiais do partido chinês.

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O alvo não são os céticos em relação ao governo chinês, mas serve para produzir conteúdo para as pessoas que confiam nos media estatais da China e que são céticos em relação aos media ocidentais”, explicou o investigador da ASPI, Albert Zhang. “É propaganda apelativa para as bases.”

Também na quarta-feira, o Facebook apagou 500 contas, de acordo com o New York Times, depois de terem contribuído para a amplificação das publicações de um falso biólogo suíço denominado “Wilson Edwards”, que afirmava que os Estados Unidos da América estavam a interferir junto da Organização Mundial de Saúde para rastrear as origens da Covid-19. As afirmações deste suposto cientista – cuja conta veio a descobrir-se ter sido criada 12 horas antes das publicações – foram citadas pelos media estatais chineses.

Além da China, foram removidas 418 contas do Uganda por apoio ao partido do presidente daquele país assim como 270 contas na Tanzânia que tinham como alvo um grupo de direitos civis.

Do lado da América Latina, foram apagados no México 276 perfis e na Venezuela 277 por divulgarem propaganda com o objetivo de apoiar os governos dos respetivos regimes.

Na Rússia, foram eliminadas 16 contas ligadas à Agência de Pesquisa na Internet, uma companhia dedicada à criação de campanhas online pró-governamentais.