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Os pequenos partidos foram os primeiros a reagir à detenção de João Rendeiro na África do Sul e mesmo sentados em pontos opostos do hemiciclo, Iniciativa Liberal e Chega, à direita, e Partido Ecologista os Verdes, à esquerda, elogiaram a PJ e regozijaram-se com a notícia deste sábado. Também o primeiro-ministro falou do assunto, destacando o reforço da “confiança” nas instituições da Justiça.

António Costa felicitou a PJ “pelo trabalho desenvolvido” que diz ser “um sinal de que podemos confiar nas instituições”. Quanto aos passos seguintes, o líder socialista afirmou que se deve agora deixar as instituições funcionarem e questionado sobre a necessidade de um processo de extradição rápido, Costa disse apenas que “toda a gente deseja que seja rápido, mas estes processo têm uma tramitação que devemos respeitar”. Sobre este ponto concreto, o governante acrescentou apenas que os processos de extradição “têm uma natureza mista: há uma ação governativa e outra judicial — que é aquela em que estamos neste momento”.

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À saída do congresso da Associação Nacional de Municípios, Costa disse ainda que “o que competia ao Estado português foi feito para garantir a execução das decisões judiciais”.

À margem do congresso do Iniciativa Liberal, que se realiza este fim de semana em Lisboa, João Cotrim Figueiredo foi o primeiro a falar para se regozijar com a notícia da detenção de Rendeiro: “Já sabia que hoje ia ser um dia bom para o liberalismo e fiquei a saber também que é um dia bom para a justiça portuguesa”.

“Agora deve ser dada continuidade ao bom trabalho da Polícia Judiciária relativamente à detenção de João Rendeiro”, disse ainda o líder do IL que ataca não só a gestão do Banco Privado Português (BPP) por João Rendeiro, como também “os crimes que aí cometeu, quer a forma como usou manobras dilatórias durante todo o seu processo, quer depois a forma absolutamente inadmissível como tentou brincar com os portugueses fugindo à justiça e dando estas indicações de ser inimputável”. O líder dos liberais está convencido que o ex-banqueiro “vai acabar por ser extraditado para Portugal e cumprir a pena, quer dos casos que já transitaram em julgado, quer dos outros que ainda não transitaram em julgado, e eventualmente outros ainda que possam ter a ver com esta evasão que protagonizou”.

O Chega considerou este sábado, através de um comunicado, que “a detenção de João Rendeiro na África do Sul valoriza extraordinariamente o trabalho da Polícia Judiciária, que está de parabéns pelo trabalho intenso, silencioso e extremamente eficaz.” O partido liderado por André Ventura acrescenta ainda que “agora importante que as autoridades judiciárias também façam o seu trabalho e que João Rendeiro enfrente a justiça portuguesa e cumpra o tempo de prisão que lhe foi decretado.” O partido diz ainda que o caso “realça também a importância” do “reforço de meios da PJ no combate ao crime económico, e que deve ser uma prioridade no próximo Orçamento do Estado”.

Num vídeo divulgado esta tarde, André Ventura disse que esta detenção “revela a eficácia que a nossa polícia tem tido à criminalidade económica, e mesmo ao crime financeiro e internacional”. “Esperamos que operações como esta deixem claro a necessidade de reforçar no primeiro Orçamento do Estado os meios técnicos, logísticos e informáticos para que a Polícia Judiciária possoa continuar a fazer esse trabalho extradordinário que tem feito até agora”, adiantou.

No Partido Ecologista os Verdes (PEV), a notícia da detenção de Rendeiro foi recebida “com satisfação” . Este é considerado “um dia importante, até para credibilizar a justiça, mas acima de tudo um dia importante para o reconhecimento do trabalho dos órgãos de investigação criminal e para a importância da cooperação internacional, neste caso, em matéria de justiça”, consta numa nota enviada pelo partido à comunicação social.

No texto o PEV aguarda que “o processo de extradição corra sem sobressaltos, para que o ex banqueiro, João Rendeiro, possa responder pelos crimes que lhe são imputados e que cumpra a pena que tem de cumprir, e, portanto, que se faça justiça, que é isso que se impõe, até para não ficar a perceção de que temos uma justiça para ricos e outra para pobres”.

No Bloco de Esquerda, Catarina Martins, coordenador do partido, disse que “hoje é dia de saudar a polícia judiciária e a forma como faz o seu trabalho”. “A PJ fez o seu trabalho mas o Parlamento também tem de fazer o seu”, adiantou, dizendo ainda que “se João Rendeiro estava num resort de luxo é porque tinha contas offshore que lhe permitiram fugir”. “Estas fugas, a fuga do dinehiro, também tem de ser combatido”, afirmou.

Até agora, a primeira reação deste partido tinha sido feita através da conta oficial do partido no Twitter, a recuperar uma intervenção da deputada Mariana Mortágua no Parlamento sobre a investigação do grande crime económico em Portugal. No texto do tweet, o BE reafirma que “a pirataria financeira não pode ficar impune”.

Numa nota enviada às redações, o Partido Comunista Português (PCP), disse que destaca “a forma competente com que a Polícia Judiciária cumpre a sua missão”. “A dimensão mediática deste caso torna essa conclusão mais evidente mas a verdade é que é essa intervenção competente, qualificada e empenhada da Polícia Judiciária que permite diariamente e em casos menos mediáticos superar até as dificuldades resultantes da falta de meios e de condições de combate à criminalidade económica e financeira e à corrupção”, adiantou o PCP.

O partido liderado por Jerónimo de Sousa adiantou ainda que “sublinha a necessidade de a justiça não poupar esforços para fazer cumprir as decisões judiciais e as sentenças que foram proferidas, contribuindo para pôr fim ao sentimento de impunidade com que banqueiros e protagonistas dos grupos económicos continuava a agir”.

Já o CDS/PP, através de declarações do vice-presidente, Miguel Barbosa, à CNN Portugal, disse que “todo este ruído mediático quando a Justiça faz aquilo que é suposto não maquilha o vexame a que o sistema judicial e a Justiça está permanente exposto em Portugal, nem esconde, por mais que o primeiro-ministro o tivesse tentado fazer, o ridículo permanente que é a desorganização”. Não elogiando o trabalho feito, o CDS apontou o dedo ao governo que diz estar a estimular a “sensação de impunidade de casos que se vão acumulando”

“Não fomos capazes de nos antecipar à sua fuga”, acusa o centrista. “Este governo tem contribuído muito para reforçar esta sensação”, afirmou Barbosa”, adiantando que “mais socialismo resulta sempre num sensação de maior impunidade”. “O PS não dota o sistema dos meios de investigação criminal dos meios necessários”, afirmou, dizendo ainda: “Espero eficácia e discrição dos órgão de justiça criminal”.

João Rendeiro tem uma pena de prisão de cinco anos e oito meses transitada em julgado para cumprir no âmbito de um processo relacionado com a falsificação da contabilidade do BPP.