Primeiro estranha-se, depois entranha-se. Será basicamente este o princípio que vai nortear o design dos futuros lançamentos da BMW, com a marca alemã a arriscar numa estética ousada para cativar olhares e conquistar clientes, sobretudo para os seus topos de gama. A indicação surge no tradicionalmente bem informado BMW Blog, onde se pode ler que o construtor bávaro, ao contrário da concorrência, se prepara para deixar cair o “ar de família” do seu portefólio, fazendo sobressair os modelos mais caros com linhas mais estranhas – no sentido de fora do habitual e com uma certa dose de extravagância associada.
Esta informação vai ao encontro das pistas deixadas pelo próprio responsável de design do construtor bávaro, Domagoj Dukec, que numa entrevista recente à Autocar adiantou que a identidade visual da marca vai evoluir no sentido de se tornar mais ousada e impactante. O objectivo será conferir “significado” à estética, porque fazer carros atraentes é relativamente fácil, defendeu Dukec. Segundo ele, isso só não basta. Afirmações que levam a crer que os futuros lançamentos da BMW vão dar que falar. Em linha, portanto, com a gigantesca grelha de duplo rim que domina a frente do i4 ou do iX. Dukec realça, a propósito, que a grelha da discórdia é mais do que um atractivo visual, pois permite ocultar diversos sensores e sistemas, sendo que a tendência (sobretudo nos topos de gama) será passar a integrar soluções de segurança e de assistência à condução cada vez mais sofisticadas. “Se o ícone se torna inteligente e funcional, então deixa de ser vazio, ganha significado”, afirmou, embora admita que, “nos últimos anos, tem havido uma enorme discussão” à volta do “rim” da BMW.
Na referida entrevista à publicação britânica, o designer não desarma quanto às suas opções – por mais polémicas que sejam – e faculta a potencial explicação para justificar essa tenacidade, ao afirmar que o futuro da BMW passa por conseguir juntar fãs e clientes. “Os fãs nem sempre são clientes, mas queremos que os clientes se tornem fãs”, confessou.
O caminho para lá chegar, de acordo com o BMW Blog, passará por dotar os futuros X7 (facelift), Série 7 (incluindo o i7, esperados em 2022) e a versão de produção do protótipo XM com uma frente distinta dos demais, exibindo elementos em comum entre eles, mas que não partilharão com a restante gama.
Para já, parecem garantidas as grelhas gigantescas, a que se devem juntar faróis com um novo desenho e divididos, além de uma série de outros detalhes estilísticos exclusivos para justificar a inclusão destes modelos no domínio daquilo que a marca define como Grand Klasse. E, como topos de gama, deverão estar dotados com o que de melhor a marca tem para oferecer em termos de condução autónoma, conectividade e infoentretenimento. A tudo isto haverá ainda que juntar um interior necessariamente sofisticado e luxuoso, se bem que o próprio chefe de design da marca tenha sugerido que até estes padrões se irão alterar no futuro, com os desafios da electrificação. “Vamos distinguir-nos fazendo carros ‘verdes’ que não sejam greenwashing. Acreditamos que para os nossos clientes, a noção de luxo vai coincidir com a de um consumo sustentável”, apontou Domagoj Dukec.
No meio de tanta pista acerca do que a BMW reserva para o futuro, convém ainda ter presente que a marca de Munique vai despedir-se, em 2025, das plataformas adaptadas e conceber eléctricos sobre a Neue Klasse, uma arquitectura modular que necessariamente “baralhará” a forma como o espaço é aproveitado e libertará os designers dos actuais constrangimentos associados à Cluster Architecture (CLAR), permitindo-lhes apresentar eléctricos que não pareçam modelos antigos, apenas com uns ligeiros retoques e algum azul, como acontece actualmente com o BMW iX3. Para se ter uma ideia de até onde pode ir a imaginação, nada como recuperar o protótipo BMW i Vision Circular apresentado no Salão de Munique, em Setembro.