Os preços da luz para quem está no mercado regulado vão descer 3,4% face aos valores que vigoram atualmente, isto depois das duas subidas concretizadas durante 2021. Face ao iniciado em 2021, os valores sobem 0,2%.

Estes valores são os finais, de acordo com a decisão da ERSE divulgada esta quarta-feira. No mercado liberalizado, a tendência de preços é de subida, face aos valores que a energia tem atingido no mercado grossista.

A ERSE, na decisão final, manteve os valores propostos em outubro.

“Para os consumidores que permaneçam no mercado regulado (que representam 5% do consumo total e 915 mil clientes) ou que, estando no mercado livre, tenham optado por tarifa equiparada, a variação média anual das tarifas transitórias de Venda a Clientes Finais em Baixa Tensão Normal (BTN) é de 0,2%”, face ao preço médio de 2021, que inclui as subidas de julho e outubro de 2021.

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“Todavia, em janeiro de 2022 os consumidores vão observar uma redução média de 3,4% em relação aos preços em vigor em dezembro de 2021”, esclarece a ERSE.

Tarifas da eletricidade baixam em janeiro

Estes valores só são determinados para quem está ainda no mercado regulado. Quem tem contrato de fornecimento de luz com um operador no regime liberalizado pode, no entanto, ter subidas na fatura, já que algumas das empresas têm ajustado as suas tarifas devido às subidas dos valores grossistas e que voltaram esta quarta-feira a atingir novo máximo.

A EDP Comercial, por exemplo, já disse que vai atualizar os preços dos contratos para os clientes domésticos em 2,4% no próximo ano, face aos valores de janeiro de 2021.

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Também a Galp já fez saber que vai aumentar os preços da eletricidade a partir de 1 de janeiro, numa subida que rondará os 2,7 euros mensais para as potências contratadas mais representativas, segundo avançou a Lusa.

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Estas subidas no liberalizado refletem a subida dos custos de aquisição de energia, já que para as tarifas de acesso às redes — pagas por todos os clientes e também fixadas pela ERSE mas incluídas nos valores finais — vão baixar.

Para 2022, a ERSE fixou uma descida nestas tarifas de utilização das infraestruturas de redes de 52,7% para o acesso em baixa tensão normal, de 66% para a baixa tensão especial e de 94% para as tensões mais altas, que são essencialmente pagas pelas empresas grandes consumidoras.

“A redução da tarifa de Acesso às Redes é o resultado de um decréscimo acentuado na tarifa de Uso Global do Sistema, justificado pela diminuição dos Custos de Interesse Económico Geral (CIEG), que se traduzem num benefício para o sistema”, explica a ERSE

O que, face ao nível de preços observado em 2021 no mercado regulado, “esta redução da tarifa de Acesso às Redes contribui, em termos globais, para uma diminuição de cerca de -35% na fatura final dos clientes, aliviando assim a pressão nos preços finais pagos pelos clientes, tanto no mercado regulado como também no mercado liberalizado”. Alguns dos custos reduzidos vão conseguidos por via de medidas anunciadas pelo Governo para travar a subida dos preços. Em setembro, o ministro do Ambiente, João Pedro Matos Fernandes, anunciou um pacote de 815 milhões de euros.

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Por outro lado, conforme a ERSE já tinha divulgado com estas medidas o valor da dívida tarifária cairá mais de mil milhões de euros, para um valor de 1,7 mil milhões de euros em 2022, o mais baixo desde 2008.

Ainda esta quarta-feira, mesmo antes da ERSE ter anunciado a decisão, Matos Fernandes já tinha deixado o seu comentário, dizendo “não haver razão absolutamente nenhuma” para a ERSE alterar a proposta da luz que tinha emitido em outubro e que já levavam a uma subida de 0,2% face aos valores médios de 2021 e uma descida de 3,4% face ao valor atual, que incorpora duas subidas ao longo do ano.

“Não há razão absolutamente nenhuma” para ERSE alterar proposta de aumento de 0,2% na luz