O Parlamento espanhol aprovou esta terça-feira o orçamento para 2022, marcado por um nível recorde de despesas e muitas medidas sociais, com o objetivo de superar as dificuldades criadas pela pandemia de Covid-19.

A aprovação deste orçamento, por uma larga maioria de 281 votos a favor em 344, ocorreu na última sessão parlamentar do ano e com um hemiciclo semivazio devido ao novo coronavírus, já que vários deputados estão infetados e outros optaram por não estar presencialmente por precaução.

O chefe do Governo, Pedro Sánchez, a par de 14 ministros do total de 22 que integram o executivo espanhol, esteve presente na sessão em que viu aprovado o orçamento que garante que o seu Governo, minoritário, se mantenha em vigor até ao final da legislatura em 2023.

Este orçamento prevê um nível de despesa sem precedentes, com 240 mil milhões de euros, financiados em 26,3 mil milhões pelo plano de recuperação europeu, do qual Madrid é um dos principais beneficiários, estando previstos 140 mil milhões ao longo de seis anos.

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Inclui várias medidas emblemáticas, como a reavaliação das pensões e dos salários dos funcionários públicos, que aumentarão 2% já a partir de 1 de janeiro, e concretiza as promessas do executivo de lutar contra a situação precária dos jovens.

O executivo anunciou neste contexto uma ajuda mensal de 250 euros para ajudar pessoas com idades entre os 18 e os 35 anos com baixos rendimentos a pagar as rendas de casa, e um cheque cultural de 400 euros para jovens de 18 anos.

Para obter o apoio dos partidos independentistas, o Governo de Sánchez aceitou várias contrapartidas, incluindo uma medida que obriga as plataformas audiovisuais a garantir pelo menos 6% da sua produção em línguas regionais (catalão, basco ou galego).

Este orçamento, que inclui uma importante componente social, deverá ajudar a Espanha a consolidar a sua recuperação económica, ameaçada pela inflação galopante (5,5% em novembro) e por uma recuperação mais lenta do que o esperado no setor do turismo, do qual dependem 13% dos postos de trabalho no país.

A economia espanhola, uma das mais afetadas pela pandemia da Covid-19, com uma queda do Produto Interno Bruto (PIB) de 10,8% em 2020, não deverá regressar ao seu nível pré-crise antes de 2023, segundo a Comissão Europeia.

No seu orçamento, o executivo prevê reduzir o défice público para 5% no próximo ano, depois de uma queda de 8,4% em 2021.

Este objetivo baseia-se numa previsão de crescimento de 7% em 2022, uma meta considerada irrealista por muitos economistas.