O governo indiano está a investigar um site que alegava estar a vender mulheres muçulmanas através de um leilão online falso.

O website foi criado, de acordo com a CNN, através da plataforma GitHub, propriedade da Microsoft, e tinha como nome “Bulli Bai” – expressão que combina a palavras “pénis” e o termo utilizado no norte do país para designar “empregada”.

A plataforma, segundo Mohammed Zubair, cofundador do website de fact checking Alt News, disponibilizava fotos de cerca de 100 mulheres muçulmanas, sendo várias delas ativistas e jornalistas.

O site, de acordo com um porta-voz do GitHub, já foi encerrado, e não há evidências de que tenha sido usado para a prática de tráfico humano, tendo como objetivo o assédio das mulheres muçulmanas.

Na terça-feira, de acordo com o The Guardian, a polícia de Mumbai deteve uma mulher em Uttarakhand, considerada a principal suspeita na criação do site. Um homem de 21 anos, estudante de engenharia em Bengaluru, foi igualmente detido após interrogatório.

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“A GitHub defende políticas contra qualquer conteúdo ou conduta que envolvam o assédio, a discriminação e a incitação à violência”, afirmou o mesmo porta-voz.

Os partidos da oposição na Índia apelaram este fim de semana ao partido em liderança, o Bharatiya Janata, que tomasse medidas mais sólidas em relação ao assédio da população feminina muçulmana da Índia.

De entre as mulheres que estavam a ser supostamente leiloadas no Bulli Bai, encontram-se a ativista e prémio Nobel da Paz Malala Yousafzai e a atriz indiana Shabana Azmi.

Vender alguém online é um cibercrime, e eu peço à polícia que tome ações imediatas”, expressou o líder do congresso indiano, Shashi Tharoor. “Os perpetradores do crime merecem um castigo condigno e exemplar.”

No domingo, o ministro da Tecnologia da Índia tinha afirmado nas redes sociais que o governo “estava a trabalhar com as forças policias de Dehli e Mumbai neste caso”.

“O website parece ter sido criado com o propósito de humilhar e insultar as mulheres muçulmanas”, escreveu, segundo o canal Al Jazeera, Ismat Ara, a jornalista de investigação do The Wire. A jornalista apresentou uma queixa-crime na polícia de Dehli, depois de ter encontrado uma foto sua no leilão falso.

As mulheres que foram alvo [desta humilhação] são figuras de destaque no alerta para os problemas das mulheres muçulmanas nas redes sociais. É uma clara conspiração para silenciar estas mulheres muçulmanas porque nós desafiamos a ala de direita Hindu online, contra os seus crimes de ódio”, assumiu a jornalista.

Esta é, de acordo com a BBC, a segunda tentativa em poucos meses de silenciar e humilhar as mulheres muçulmanas. Em julho, um outro site chamado “Sulli Deals” criou perfis falsos de mais de 80 mulheres que foram igualmente dispostas num leilão falso.

Ainda não foi realizada qualquer detenção relacionada com os “Sulli Deals”.

(Notícia atualizada às 16h00 de 4 de janeiro com as duas detenções relacionadas com o site “Bulli Bai”)