Não foi perfeito porque a segunda parte não conseguiu manter o ritmo avassalador que “atropelou” por completo a equipa do Famalicão no primeiro tempo. Não foi perfeito porque Uribe, que queria limpar a série de cartões amarelos, acabou por ter uma entrada demasiado dura sobre Pêpê e viu mesmo vermelho direto, ficando a uma admoestação do castigo. Não foi perfeito porque Riccieli, já nas compensações, fez o golo de honra para os visitantes. No entanto, mesmo não sendo perfeito, dificilmente poderia ser mais perfeito. Recuando à 15.ª jornada, o FC Porto dividia a liderança com o Sporting e tinha apenas quatro pontos a mais do que o Benfica; agora, quatro rondas depois, lidera com mais seis pontos do que os leões e cavou também um fosso de nove pontos para os encarnados. A esperança do título cresce no Dragão.

Otávio respeitou o legado que fica de Lima Pereira (a crónica do FC Porto-Famalicão)

“Não vale nada, vale o que vale… Temos o próximo treino para prepararmos o jogo com o Marítimo, há poucas semanas falava-se na missão quase hercúlea de um dos rivais, o Benfica, para recuperar pontos na frente, a verdade é que em três semanas conseguiu recuperar quatro para o Sporting. Sabemos que isso nos pode tocar e não queremos embriagarmo-nos com o que vem de fora. Agora vem aí um adversário difícil, que no ano passado nos tirou três pontos aqui”, recordou Vítor Bruno à SportTV, adjunto de Sérgio Conceição que voltou a substituir o técnico principal e que somou a nona vitória consecutiva.

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No entanto, os números não enganam: este é não só o melhor momento do FC Porto esta época como um dos melhores (senão mesmo o melhor) dos dragões na era Sérgio Conceição. A par da nona vitória seguida em jogos oficiais e do 14.º triunfo consecutivo em encontros do Campeonato, apenas a dois daquele que é o recorde máximo, os azuis e brancos somaram diante do Famalicão a sétima partida a marcar três ou mais golos (conseguindo chegar da forma mais rápida aos 50 golos no Campeonato nos últimos 25 anos) e estão a oito encontros sem derrotas de igualarem o registo máximo do clube – e a nove do recorde em Portugal, que pertence ao Benfica com uma série que teve início em 1976 e que terminou apenas em 1978. Ainda assim, a primeira palavra de Vítor Bruno na zona de entrevistas rápidas foi para Lima Pereira.

“Permita-me começar por algo que para mim é mais importante do que qualquer jogo de futebol, que é a vida humana. Queria deixar em nome de todo o grupo de trabalho uma palavra e um sentido abraço de condolências a toda a família do senhor Lima Pereira, alguém que representou sempre de forma exemplar dentro e fora de campo os valores do FC Porto, como disse o nosso presidente, e ficará para sempre marcado como um ícone do clube”, começou por dizer o adjunto dos azuis e brancos.

“Em relação ao jogo, sabíamos que a partir do momento em que entrou o Rui Silva e a sua equipa técnica tem assente muito do que é o seu principal pilar na organização defensiva, com registos quase imaculados até aqui nos jogos que fizeram, sabíamos que íamos encontrar dificuldades na estratégia do adversário, sabíamos também que não podíamos entrar com muita pressa de fechar o jogo porque corríamos o risco de afunilar em demasia os caminhos para a baliza adversária e ficar sem soluções. A equipa foi muito paciente, percebeu onde havia espaços, conseguiu criar várias oportunidades de golo claras. Fizemos dois golos, com muito talento à solta e com uma primeira parte muito bem conseguida”, analisou.

“A segunda parte foi diferente, os primeiros 20 minutos tiveram um jogo partido que não nos beneficiou em nada, o Famalicão subiu um pouco as linhas mas depois fizemos o terceiro golo e o Famalicão reduziu no final. Dar uma ‘dura’ pelo golo? Não é preciso haver isso por parte do nosso treinador, temos trabalhado de forma regular todas as semanas esse momento de jogo mas temos sofrido. Sofremos de canto com o Estoril apesar de ter sido invalidado, sofremos com o Belenenses SAD no Jamor e agora novamente, é algo que nos deixa tristes. É certo que nesse momento tínhamos um jogador a menos e houve alguma indefinição sobre quem fechava na primeira zona que foi onde a bola entrou e apareceu um jogador solto ao segundo poste e são momentos que teremos agora de rever”, referiu sobre o golo sofrido nos descontos.

“É o momento em que estamos mais fortes agora, o ataque. A equipa tem bons momentos com bola, tem uma qualidade e uma produção ricas, esta semana também foi importante porque tivemos cinco unidades de treino onde pudemos treinar aquilo que se calhar nos estava a fazer falta, parece que conseguimos soltar alguns gatilhos nos jogadores que estavam adormecidos sobretudo no momento sem bola e também os equilíbrios com bola para não deixar o adversário sair. Os jogadores estiveram brilhantes a esse nível e mereceram cada grama de sucesso que tiveram hoje. O lance do segundo golo é uma reação brutal à perda por exemplo. Fizemos de forma vertical o que conseguimos e bem. A equipa com bola tem feito uma ótima ocupação de espaços como varia o seu jogo, por dentro, por fora, a vir em apoio, com muita gente disponível para jogar e depois solta-se esse talento todo que temos, que seria um ato muito pouco inteligente se não aproveitássemos sabendo quem temos à nossa frente”, concluiu.