O coordenador humanitário da ONU para o Iémen, David Gressly, discutiu terça-feira em Riade com militares da coligação militar liderada pela Arábia Saudita o massacre de 91 pessoas em janeiro numa prisão iemenita.
De acordo com um comunicado da coligação, David Gressly realizou uma reunião “construtiva” com o porta-voz da aliança árabe, Turki al Malki, e com outros militares sauditas, para “trocar informações sobre as alegações de ataques a uma prisão em Saada“, cidade sob o controlo dos rebeldes xiitas Huthis.
A nota, citada pela agência de notícias saudita SPA, destaca que uma equipa de especialistas do gabinete humanitário da ONU no Iémen (OCHA) “visitará a sede da coligação em breve para trocar informações adicionais”.
A aliança negou envolvimento no ataque ao estabelecimento prisional em Saada.
Este ataque é um dos mais mortíferos no Iémen nos últimos anos, com um saldo final de 91 mortos e 236 feridos, segundo o movimento insurgente xiita, apoiado pelo Irão, e que controla grandes áreas do norte e do centro do Iémen.
David Gressly está de visita a Riade a convite da coligação árabe, que afirma também ter convidado representantes da Cruz Vermelha e uma equipa de investigação para recolher informações sobre o alegado atentado.
A ONU, por seu lado, anunciou em 28 de janeiro que a coligação realizou três bombardeamentos contra o estabelecimento prisional em causa, e o porta-voz do Gabinete de Direitos Humanos da organização internacional, Rupert Colville, disse que membros da sua equipa no Iémen conseguiram observar que no lugar da prisão “não havia nada que indicasse que pudesse ter sido usado para fins militares”.
A aliança árabe que intervém desde 2015 no conflito iemenita, em apoio ao governo internacionalmente reconhecido, intensificou os bombardeamentos contra as posições Huthis nos últimos meses, especialmente depois de estes terem lançado ‘drones’ e mísseis contra os Emirados Árabes Unidos, que também integra a aliança.
A coligação relata quase diariamente a destruição de material militar e a morte de dezenas de combatentes Huthis em novos ataques, que se repetiram terça-feira na província de Haia, no norte de Saná, e provocaram a “destruição de oito veículos militares e mortes”, segundo a SPA.