No Dia dos Namorados, celebrado a 14 de fevereiro, é comum os casais trocarem cartas temáticas onde se referem à sua cara metade como “o seu Valentim”.
Mas, como qualquer tradição, existiu um primeiro postal de S. Valentim que deu início aos inúmeros poemas e dedicações de amor que são entregues no 14.º dia do mês de fevereiro.
A primeira menção à cara metade como “Valentim” terá sido escrita, segundo o canal História, por Carlos I de Orleães,em 1415.
Sobrinho de Carlos VI de França, Carlos de Orleães cresceu em pleno seio de uma guerra civil, que opôs o seu pai, Luís I da Casa de Orleães, e a família do seu tio, pertencente à Casa de Borgonha.
Filho de um patrono de vários poetas e artistas, Carlos escreveria poemas desde criança, e um dos poetas financiados pelo seu pai terá, inclusive, dedicado vários poemas à mãe do futuro Duque de Orleães, Valentina Visconti — poder-se-ia dizer que foi a sua mãe o primeiro “Valentim” de Carlos I, ou apenas uma coincidência da História?
Aos 12 anos, Carlos casou-se com a sua prima de 17 anos, Isabella de Valois — esta já viúva do seu primeiro casamento, quando tinha seis anos. Um ano depois, a guerra civil intensificou-se quando o pai de Carlos morreu, assim como a sua mãe, pouco tempo depois. Carlos, apoiado pelos irmãos, acusou João, Duque de Borgonha e primo de Carlos, do assassinato do seu pai.
Isabella acabou por morrer em 1409 durante o parto, pelo que Carlos casou-se um ano depois, com Bonne de Armagnac, a filha de 11 anos de Bernard VII, Conde de Armagnac, e, mais tarde Condestável de França.
O então Duque de Orleães foi chamado a combater com o sogro na guerra civil que opôs a Casa de Armagnac e a Casa de Borgonha. Em 1415, durante a Batalha de Agincourt, Carlos foi capturado e aprisionado na Torre de Londres, a mítica prisão da capital britânica.
Foi aqui, em 1415, que o Duque de Orleães escreveu um poema para a sua mulher, referindo-se à mesma como o seu “Valentim”. Caso a dedicatória fosse para a sua atual mulher, a reação de Bonne de Armagnac, contudo, nunca foi conhecida para Carlos. Aprisionado durante 25 anos, o Duque de Orleães nunca mais terá visto a mulher, que morreu algures entre 1430 e 1435, sem qualquer descendente.
Não é certo, contudo, se o poema seria para a sua atual mulher, Bonne de Armagnac, ou para Isabella de Valois. Isto porque, no poema, o Duque menciona ter nascido “demasiado tarde” para a sua amada, sem nunca utilizar o nome de cada uma das suas esposas.
O poema, traduzido em português apresenta-se da seguinte forma:
Meu gentil Valentim,
Já que para mim nasceste demasiado cedo,
E eu para ti nasci demasiado tarde.
Deus perdoe aquele que me afastou,
De ti durante todo o ano.
Já estou doente de amor, [Com saudades tuas]
Meu gentil Valentim.”
Em 1440, Carlos de Orleães regressou a França e casou, aos 46 anos, com Maria de Cleves, que tinha 14 anos na altura, e com quem teve três filhos.