A conferência de líderes parlamentares vai reunir-se na sexta-feira de manhã e deverá reorganizar os trabalhos, com o arranque da legislatura e a posse do Governo adiados devido à repetição das eleições no círculo da Europa.

Os líderes parlamentares chegaram a ter reunião marcada para a tarde desta quarta-feira, com o objetivo de marcar a primeira sessão da XV legislatura, que deveria acontecer no início da próxima semana, e a posse do Governo pré-agendada para a próxima quarta-feira.

A nova reunião está agendada para sexta-feira, às 11h00, de acordo com a agenda disponibilizada no site da Assembleia da República.

O Tribunal Constitucional decidiu na quarta-feira a repetição das eleições legislativas na maioria das mesas do círculo eleitoral da Europa, que deverá ocorrer no próximo dia 27, de acordo com a lei eleitoral.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Só após a eleição e o respetivo apuramento, a Secretaria-Geral do Ministério da Administração Interna está em condições de fechar o resultado e remetê-lo à Comissão Nacional de Eleições (CNE), que por sua vez o valida e envia o mapa final para publicação em Diário da República.

Ao terceiro dia após a publicação dos resultados, a Assembleia da República inicia a legislatura e só depois poderá ocorrer a posse de António Costa e dos seus ministros.

Com todas estas etapas, fontes parlamentares ouvidas pela agência Lusa consideram que muito dificilmente a posse do executivo poderá ocorrer antes da segunda semana de março.

O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, tinha previsto a posse do novo Governo para o próximo dia 23, mas a decisão dos juízes do Palácio Ratton vai levar a uma alteração das datas.

Em causa estava a invalidação de mais de 80% dos votos dos emigrantes do círculo da Europa por não terem feito acompanhar o seu boletim por uma cópia do cartão do cidadão.

O Tribunal Constitucional recebeu recurso apresentado por cinco partidos — Chega, Livre, PAN, Volt e MAS — e, concretamente em resposta ao Volt, declarou nula a decisão de invalidar mais de 157 mil votos relativos ao círculo da Europa, justificando que seria suscetível de influenciar o resultado e mandou repetir o sufrágio nas mesas em que se deram os problemas, obrigando assim a reajustar o calendário político.

Segundo o edital publicado na quinta-feira sobre o apuramento geral da eleição do círculo da Europa, de um total de 195.701 votos recebidos, 157.205 foram considerados nulos, o que equivale a 80,32%.

Como esses votos foram misturados com os votos válidos, a mesa da assembleia de apuramento geral acabou por anular os resultados de dezenas de mesas, incluindo votos válidos e inválidos, por ser impossível distingui-los uma vez na urna.

Nas legislativas antecipadas de 30 de janeiro, o PS venceu com maioria absoluta, com 41,7% dos votos e 117 dos 230 deputados em território nacional — faltando ainda atribuir os quatro mandatos dos círculos da emigração, numas eleições em que o Chega se tornou a terceira força política e CDS-PP e o PEV perderam representação parlamentar.

Repetição da votação de emigrantes atrasa tomada de posse do novo Governo