O cardeal António Marto exortou este domingo, em Fátima, os católicos portugueses a rezarem pela paz na Ucrânia, sublinhando que, face à ameaça de guerra, “é necessário despertar da indiferença”.

Na última missa a que, como administrador apostólico da diocese de Leiria-Fátima presidiu no Santuário de Fátima, António Marto alertou para o “contexto atual que o mundo conhece e atravessa, após longo período de fragilidades, feridas, incertezas, luto e medos, em que paira uma ameaça de guerra. É necessário despertar da indiferença, da apatia, do cansaço espiritual, do desânimo que pode levar ao fatalismo”.

“Por vezes somos levados a pensar que só os poderosos – os poderes económico-financeiros e políticos – podem transformar o mundo. Mas Deus conta com os pequenos e os humildes, com a força de fá na sua misericórdia, com o testemunho da conversão e da compaixão, com a força da oração para renovar o mundo. Somos chamados a olhar o futuro com confiança, reconstruindo as relações entre as pessoas e os povos, como Bons Samaritanos que cuidam dos feridos e ajudam a curar as feridas do nosso tempo”, acrescentou o cardeal na sua homilia.

“Deste Santuário da paz faço um apelo a vós aqui presentes e a todos os católicos do país para iniciarem uma corrente de oração do rosário nesta semana, em forma individual, familiar ou comunitária, pela paz na Ucrânia”, exortou o António Marto, que no próximo dia 13 de março será substituído na liderança da diocese por José Ornelas, até agora bispo de Setúbal e atual presidente da Conferência Episcopal Portuguesa.

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A celebração deste domingo assinalou a solenidade litúrgica dos santos Francisco e Jacinta Marto, videntes de Fátima, tendo António Marto considerado que eles “são o melhor comentário vivo do evangelho proclamado”.

Francisco e Jacinta, segundo o cardeal, “em momentos de grande sofrimento de guerras e perseguição”, ofereceram-se “sem hesitação, com o seu sim total, com o amor ardente que tinham no peito, com a oração solidária do rosário, com pequenos e grandes sacrifícios, com o testemunho de fidelidade até ao fim da sua vida feita toda ela oblação, pela paz no mundo e conversão dos pobres pecadores mais necessitados de misericórdia”.

Em declarações no final da missa, citadas pela Sala de Imprensa do Santuário, António Marto recordou o dia 13 de maio de 2017 como “o momento mais pleno e marcante” enquanto esteve à frente da diocese de Leiria-Fátima, pois “foi um momento culminante de todo o Centenário das Aparições, com a vinda do Papa, a canonização dos Pastorinhos e a chegada de milhões de peregrinos, vindos de todo o mundo”.

O prelado recordou também o dia 13 de maio de 2020, em plena pandemia, em que presidiu “a uma peregrinação que nunca imaginava, espiritual, com um Santuário sem peregrinos (…), foi tocante”.

O cardeal António Marto, que agora passa a ser bispo emérito, juntando-se a Serafim Ferreira da Silva, que já leva esse título, entrou em Leiria em 25 de junho de 2006.