É o segundo dia da invasão russa. Fica aqui um ponto da situação cronológico do segundo dia conflito, enquanto continuamos a acompanhar os desenvolvimentos, minuto a minuto, no nosso liveblog que pode encontrar neste link.

Presidente da Ucrânia alerta para ataque a Kiev esta noite: “O destino da Ucrânia está a ser decidido agora”

O que aconteceu durante a noite?

Fresh explosions in Ukraine's capital

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

  • Mantiveram-se ataques russos em vários pontos do país, com notícias de que o centro de oncologia de um hospital na cidade ucraniana de Melitopol foi atingido por explosivos. Em Kiev, militares dispararam vários tiros na estação de comboios, e ao final da noite um avião de transporte militar russo foi abatido numa cidade a sul da capital.
  • O Presidente Zelensky divulgou mais um vídeo, em que alertou que “esta noite vai ser a mais difícil” e que “o inimigo vai dar tudo”, antecipando um ataque “vil, desumano e cruel” à capital. Nesta mesma mensagem, Zelensky disse querer parar com “o banho de sangue” na Ucrânia, sendo esse o seu “principal objetivo”. “O inimigo causou-nos muitas baixas”, indicou, frisando que os ucranianos estão a “resistir heroicamente a esta agressão que não pode ser justificada”.
  • O Conselho de Segurança da ONU chumbou uma moção de censura à invasão russa da Ucrânia. Apenas um país votou contra — a Rússia —, e três abstiveram-se: China, Índia e Emirados Árabes Unidos. Onze votaram a favor. O resultado da votação foi recebido com agrado pelo Presidente ucraniano: “O mundo está connosco, a verdade está connosco, a vitória será nossa!”, escreveu no Twitter.

Por que motivo a UE e a NATO não intervêm na Ucrânia? “Nenhum europeu quer um confronto nuclear”

O que aconteceu durante a tarde?

Ukrainians leave to Poland due to Russian bombing

  • Em Kiev voltam a ouvir-se explosões. O presidente da câmara avisou que a capital está sob ameaça durante a próxima madrugada, o que “será muito difícil”. Notícias dão conta que a central termoelétrica que abastece Kiev foi destruída por forças russas.
  • Na central nuclear de Chernobyl, que na quinta-feira foi capturada por forças russas, foram feitos 92 reféns, segundo a embaixadora ucraniana em Washington.

Chernobyl nas mãos da Rússia. O que acontecia se o material radioativo fosse libertado?

  • O governo ucraniano anunciou que as forças russas perderam cerca de 2.800 militares e que foram destruídos 80 tanques e mais de 500 veículos durante os dois dias de invasão.
  • A União Europeia aprovou o congelamento de bens de uma lista de indivíduos russos, incluindo do Presidente Vladimir Putin e do ministro dos Negócios Estrangeiros, Sergey Lavrov. Horas depois, Estados Unidos e Reino Unido anunciaram o mesmo.

União Europeia aprova congelamento de bens de Putin e Lavrov

  • A Ucrânia acusou a Rússia de estar a cometer “crimes de guerra e uma violação do estatuto de Roma” por ter atacado um jardim de infância e um orfanato.
  • Depois de o Presidente Zelensky se ter mostrado disponível para se sentar à mesa de negociação com a Rússia, o Kremlin respondeu, afirmando-se pronto a enviar uma delegação para a Bielorrússia para negociações com uma delegação ucraniana. Mas pouco depois lançava insultos ao governo ucraniano, dizendo que se trata de um “bando de toxicodependentes e de neonazis”.
  • Ucrânia diz ter entregado 18.000 metralhadoras a voluntários em Kiev, para poderem defender a cidade em caso de ataque. Uma das pessoas que se juntou a esta milícia civil foi o ex-Presidente ucraniano Petro Poroshenko.
  • Após especulações sobre o paradeiro do Presidente ucraniano, considerado “alvo número 1” da Rússia, Volodymyr Zelensky publicou um vídeo em que afirma estar em Kiev e a “defender a Ucrânia”.

A evolução dos discursos de Zelensky: do otimismo à desilusão em quatro dias

  • As ameaças da Rússia estendem-se além da Ucrânia, com Putin a dizer à Finlândia e à Suécia que se aderirem à NATO vão sofrer “sérias repercussões políticas e militares”.

Finlândia e Suécia na mira de Putin? Rússia ameaça com “sérias repercussões militares” se países aderirem à NATO

  • A NATO também alertou que as intenções de Putin vão “muito além da Ucrânia”, e anunciou um reforço da presença militar no leste da Europa, para melhor proteger os países da aliança.
  • Em Portugal, o primeiro-ministro anunciou o envio de uma companhia de infantaria no âmbito da NATO para a Roménia. António Costa disse ainda que deu instruções para dar “visto imediato” a refugiados ucranianos que queiram vir para Portugal.
  • A crise geopolítica continua a ter impacto no mundo no desporto: o Manchester United rescindiu o contrato de patrocínio que o ligava à companhia aérea russa Aeroflot, a Euroliga de basquetebol decidiu que todos os jogos previstos para a Rússia vão acontecer noutros países e o Comité Olímpico Internacional instou as federações internacionais a cancelarem “todos os eventos desportivos atualmente planeados para a Rússia e Bielorrússia”.
  • E o conflito chegou até ao Festival Eurovisão da Canção, com a EBU, a entidade organizadora, a anunciar que a Rússia não vai poder participar.

O que aconteceu de manhã?

  • Ao segundo dia da invasão à Ucrânia, Volodymyr Zelensky admitiu estar disponível para se sentar à mesa de negociação com a Rússia. Foi o próprio Presidente ucraniano que fez o apelo a Vladimir Putin com o intuito de “parar com as mortes” e num momento em que admitiu que a invasão já chegou a “toda a Ucrânia”.
  • Poucas horas antes, o ministro russo dos Negócios Estrangeiros tinha assegurado que a Rússia estava disponível para negociar com a Ucrânia “a qualquer momento” desde que os ucranianos pousassem as armas. Sergei Lavrov insistiu, até, que os russos estiveram “sempre abertos a negociações” e que, antes da invasão, seguiram toda a “via diplomática”. 

“Ninguém está a planear ocupar a Ucrânia.” Rússia quer “libertar ucranianos da opressão” do “controlo de fora”

  • Ainda sobre negociações (ou a possibilidade de existirem), a manhã desta sexta-feira ficou marcada pelo telefonema do Presidente chinês ao Presidente russo. Xi Jinping aproveitou a chamada para apelar ao homólogo que abrisse espaço para negociações que pusessem fim ao conflito armado. De acordo com a televisão estatal chinesa, Putin terá mesmo dito que está disponível para o fazer. 
  • As conversas entre responsáveis e as alegadas negociações não travaram os avanços no terreno. Durante a manhã os militares russos chegaram a Kiev, as sirenes continuaram a ser ouvidas e em várias zonas da Ucrânia há pessoas a tentar abandonar o país, nomeadamente pela Polónia.

Combates cada vez mais perto da capital, Kiev admite avanço das tropas russas

  • Volodymyr Zelensky continua a pedir apoio internacional. No Twitter, revelou que tinha falado novamente com Boris Johnson, o primeiro-ministro britânico, e com Andrzej Duda, Presidente da Polónia. “Hoje a Ucrânia precisa mais do que nunca do apoio dos parceiros. Exigimos uma oposição efetiva à Federação Russa. As sanções devem ser reforçadas”, alertou o chefe de Estado ucraniano numa publicação.
  • Pouco depois, o Presidente da Ucrânia queixou-se da falta de resposta europeia. “A Europa disse nunca mais, mas aqui estamos”, disse, referindo-se a outras guerras já travadas no Velho Continente. “Como é que vocês se vão defender, se são tão lentos a apoiar a Ucrânia?”, questionou o Presidente ucraniano, realçando que a Europa tem “força suficiente” para parar este ataque russo, mas sugerindo que não o está a fazer.
  • Para esta tarde vai ficar ainda a decisão da União Europeia sobre as novas sanções devido à invasão Rússia na Ucrânia. De acordo com o The Guardian, sabe-se que a UE deverá congelar os bens de Vladimir Putin e do ministro dos Negócios Estrangeiros. As novas medidas deverão ainda passar por sanções a bancos e a empresas russas.
  • Na conferência de imprensa em que se mostrou disponível para negociar, o ministro russo dos Negócios Estrangeiros acusou ainda o ocidente e a NATO de controlarem o território ucraniano. “Ninguém está a planear ocupar a Ucrânia.” A garantia foi deixada pelo próprio governante, enquanto explicava que a Rússia quer “libertar os ucranianos da opressão” e daquilo a que chamou o “controlo de fora“, referindo-se “principalmente aos EUA”.
  • O governo ucraniano está preocupado com os ataques informáticos durante a guerra e procura hackers que queiram ajudar o país a proteger-se em termos informáticos e a conseguir espiar a Rússia.

Putin quer tirar Kiev “do mapa dos Estados”, adverte o chefe da diplomacia francesa

O que aconteceu de madrugada?

People take shelter in metro stations in Kyiv

Ucranianos refugiam-se no metro em Kiev

  • Sirenes e explosões têm sido ouvidos um pouco por todo o lado, em especial em Kiev, com as forças russas a cercar Kiev através do norte, sul e leste. Blindados russos terão sido parados na cidade de Ivankiv (80 km de Kiev), depois de os militares ucranianos terem explodido uma ponte para evitar a sua passagem. Em Lviv e Vinnytsia, as sirenes voltaram a tocar, enquanto ataques com mísseis atingiram um posto de fronteira no sudeste da Ucrânia na região de Zaporizhzhya. Também o Aeroporto Internacional de Rivne está sob ataque de mísseis. As forças russas tomaram controlo da central nuclear de Chernobyl, e terão danificado uma proteção que prevenia a fuga de radiação.
  • O ministro dos Negócios Estrangeiros ucraniano, Dmytro Kuleba, escreveu sobre os “horríveis ataques com foguetes russos em Kiev” na sua conta oficial de Twitter. “Parem Putin. Isolem a Rússia. Cortem todos os laços. Expulsem a Rússia de todo o lado.”
  • Continuam a ser muitas as condenações da comunidade internacional, assim como o aumento de sanções à Rússia. Ursula von der Leyen garante que o país vai ser castigado pelo ataque atroz: “O Presidente Putin quis trazer a guerra de volta à Europa”, disse a presidente da Comissão Europeia. Joe Biden, presidente dos EUA, disse que “os próximos dias, semanas e meses vão ser duros”.

Aperta-se o cerco. Invasão motiva novos pacotes de sanções contra a Rússia

  • Enquanto a Rússia é sancionada, a Ucrânia recebe ajuda. As Nações Unidas destinam quase 18 milhões de euros para operações humanitárias no país, enquanto a UE anuncia “ajuda económica sem precedentes” de 1.200 milhões de euros. Já Polónia abre 9 centros para refugiados ucranianos e vai receber “tantos quantos houver em nossas fronteiras”, diz o ministro do Interior da Polónia, Mariusz Kaminski. Muitos ucranianos passam a noite no metro.

Escondidos no metro. Depois de Londres, um novo “Blitz” mais de 80 anos depois na Ucrânia

  • O Grupo de hackers Anonymous declarou “ciberguerra contra o governo russo”
  • Se do lado da Ucrânia, o Presidente Volodymyr Zelensky revelou a morte de 137 ucranianos, soldados e civis, dados do primeiro dia de invasão, na Rússia não se dá conta de quaisquer baixas. A mais recente atualização do site do Ministério da Defesa da Rússia dava conta de ter desativado 83 instalações militares terrestres e abatido duas das suas aeronaves SU-27, duas aeronaves Su-24, um helicóptero e quatro drones Bayraktar TB-2.

ONU diz que cem mil pessoas abandonaram as suas casas no primeiro dia de invasão russa

  • A Ucrânia anunciou as perdas infligidas ao adversário: 6 helicópteros, mais de 30 tanques e 130 veículos armados. A perda de pessoal inimigo é de aproximadamente 800 pessoas, disse o Ministério da Defesa, sem especificar se são mortes ou prisioneiros de guerra.
  • O Presidente ucraniano disse estar “sozinho” frente ao exército russo, sinalizando que o Ocidente não está disposto a lutar ao lado da Ucrânia. Referiu também que é considerado um “alvo” a abater pela Rússia. Volodymyr Zelensky impôs a lei marcial — homens entre os 18 e os 60 anos não podem sair da Ucrânia.

Comovido, Presidente ucraniano lamenta que Ucrânia esteja “sozinha” contra o exército russo e diz que a Rússia quer “destruí-lo”

  • Antony Blinken, secretário de Estado dos EUA, admitiu a “possibilidade” de a Rússia invadir outros países além da Ucrânia.
  • Bolsonaro desautoriza o seu vice-presidente, que criticou a invasão russa.
  • Casa Branca tem “informações credíveis” de que existem reféns na central nuclear de Chernobyl, tendo exigido a sua libertação.
  • Mais de 1700 pessoas detidas na Rússia por manifestações contra invasão.

Milhares protestam na Rússia. Há mais de 1800 detidos

O resumo de ontem, dia em que Putin ordenou a invasão da Ucrânia, pode ser encontrado num outro artigo, que pode consultar através deste link.

O que já se sabe sobre a invasão russa da Ucrânia