Com uma intervenção militar afastada, a União Europeia (UE) continua a endurecer as sanções à Rússia, em resposta à invasão da Ucrânia. Esta sexta-feira, o bloco anunciou uma medida que, ainda que já fosse esperada, não deixa de ser extraordinária: o congelamento de bens de líderes russos, incluindo do Presidente e do ministro dos Negócios Estrangeiros.

Na lista de indivíduos estão o Presidente e o ministro dos Negócios Estrangeiros da Rússia. “Adicionámos hoje [sexta-feira] à lista [de sanções] o Presidente Putin e o Ministro dos Negócios Estrangeiros Lavrov, o que é o resultado final da discussão de hoje e não foi concluído ontem no Conselho Europeu, tendo sido decidido hoje pelos embaixadores e pelos ministros após as intensas discussões”, disse o chefe da diplomacia europeia, Josep Borrell, em conferência de imprensa, depois de uma reunião com os ministros dos Negócios Estrangeiros da UE acerca das sanções à Rússia.

“Deixem-me assinalar que os únicos líderes do mundo alvo de sanções pela União Europeia são Assad da Síria, Lukashenko da Bielorrússia e agora Putin da Rússia”, destacou Borrell.

Putin e Lavrov juntam-se assim a uma lista que inclui “os restantes membros [do regime russo] que apoiam esta agressão ucraniana, como da Duma [câmara baixa do parlamento russo] e também do Conselho Nacional de Segurança russo”, explicou. Nesta nova lista de sanções estão também incluídas “26 pessoas ligadas ao mundo financeiro russo, que apoiam o governo para avançar com os acontecimentos que estão a ter lugar na Ucrânia”.

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A decisão de congelar os ativos financeiros de Vladimir Putin e Sergey Lavrov foi unânime entre os Estados-membros. A medida foi saudada por alguns líderes, como o ministro dos Negócios Estrangeiros austríaco, que afirmou tratar-se de “um passo único na história para com um poder nuclear, um país que tem assento permanente no Conselho de Segurança, mas também também revela o quão unidos estamos”.

A UE não afasta a tomada de mais medidas, consoante o desenrolar da situação, mas Borell garantiu que “não haverá um terceiro pacote nas próximas horas”.

Não é clara, por agora, a implicação prática deste congelamento, não se conhecendo a dimensão dos bens de Putin e Lavrov na União Europeia.

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Esta medida faz parte do segundo pacote de sanções da UE à Rússia no espaço de dias. Na última madrugada  Ursula von der Leyen divulgou um pacote de “sanções em massa” que serão “dolorosas para o regime russo”, baseado em cinco pilares: setor financeiro, tecnologia, transportes, diplomacia e energia.

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E na terça-feira, dia 22, o bloco anunciou sanções que atingiam 27 indivíduos e entidades, e 350 membros da câmara baixa do parlamento russo (Duma). Na altura foram também anunciadas restrições às relações económicas da UE com as duas regiões separatistas, de Donetsk e Lugansk, bem como o congelamento de bens de dois bancos privados russos.

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