É o terceiro dia da invasão russa da Ucrânia. Kiev resiste, apesar do Presidente ucraniano ter previsto que seria uma noite terrível. Fica aqui um ponto da situação cronológico, atualizado ao longo do dia, enquanto continuamos a acompanhar os desenvolvimentos, minuto a minuto, no nosso liveblog que pode encontrar neste link.

Kiev sob ataque. Zelensky recusa ajuda dos EUA e nega-se a sair do país

Em Lviv, centenas de refugiados tentam apanhar comboio para Przemysl. Famílias com crianças desesperam pelo embarque e maridos dividem-se: há quem vá tentar furar a lei marcial e quem fique para trás. Leia aqui o relato dos enviados especiais do Observador na Ucrânia.

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O que aconteceu durante a tarde?

Ukrainians Flee To Hungary Amid Russia's Armed Invasion

  • Vários países vieram manifestar apoio a uma medida que a Ucrânia tem vindo a exigir: a exclusão da Rússia do sistema de pagamentos global SWIFT, incluindo alguns que inicialmente se opuseram à ideia, como a Itália, o Chipre e a Hungria.

Ucrânia quer aderir à UE. Quais são os perigos e resistências?

  • Perante as pesadas sanções já impostas, e possibilidade de um endurecimento ainda maior, o Kremlin veio garantir que tem como “mitigar” o impacto destas medidas na sua economia.
  • Um navio russo foi apreendido pelas autoridades francesas no Canal da Mancha, ao abrigo das novas sanções da União Europeia. Suspeita-se que pertence a uma empresa que foi alvo de sanções.
  • Depois de múltiplas notícias que davam conta de avanços das forças russas sobre Kiev, o Presidente Zelensky veio garantir que a Ucrânia conseguiu travar os esforços do Kremlin para capturar a capital. “Kiev e as áreas chave estão sob controlo do nosso exército”, afirmou em mais um vídeo. Ainda assim, o recolher obrigatório foi alargado na cidade, deixando de ser possível sair à rua das 17h às 8h.
  • Países como a Letónia e a Estónia anunciaram encerramento do seu espaço aéreo a aviões russos. Em resposta, a Rússia proibiu companhias aéreas da Bulgária, Polónia e República Checa de sobrevoarem o seu território.
  • Os governos ucraniano e russo envolveram-se numa troca de acusações relacionadas com possíveis negociações de paz. O Kremlin anunciou que o Presidente Vladimir Putin ordenou a suspensão da ofensiva militar na Ucrânia na sexta-feira, em antecipação de uma negociação com o Presidente ucraniano, mas desistiu da ideia quando isso não aconteceu. Zelensky garante que tal nunca aconteceu.
  • A ONU diz que mais de 150 mil ucranianos fugiram já do país, cerca de metade foram para a Polónia.
  • As autoridades portuguesas dão conta da saída de 48 nacionais da Ucrânia. A  embaixada pediu aos portugueses que deixem “imediatamente” Lviv, alertando que a situação na cidade “pode vir a agravar-se a qualquer momento” e que não conseguem garantir “uma evacuação por via terrestre”. Nesta cidade, a 80 quilómetros da Polónia, sirenes anti-bombardeamento foram ouvidas por duas vezes este sábado. Quanto aos portugueses que ainda estejam em Kiev, a embaixada diz não devem neste momento tentar fugir, por motivos de segurança, aconselhando a que se mantenham “abrigados”.

Ucrânia: 48 portugueses saíram do país e serão repatriados

O que aconteceu ao início da manhã?

Residential building hit by missile strike in Kyiv

O prédio atingido por mísseis

  • A manhã começou com Volodymyr Zelensky a publicar um novo vídeo para os ucranianos: “Estou aqui. Não vamos baixar as armas. Vamos defender o nosso país.” Ao longo da manhã publicou vários tweets e insistiu na ideia de que é tempo da Ucrânia aderir à UE.
  • Numa das suas publicações, Zelensky dá conta de que Mario Draghi, primeiro-ministro italiano, apoia decisão de banir a Rússia do SWIFT. Minutos antes, tinha sido o ministro dos Negócios Estrangeiros da Ucrânia a dizer ter conseguido confirmar com o Chipre que o país não bloqueará a decisão de banir a Rússia da SWIFT.
  • “É um momento crucial para encerrar de uma vez por todas a discussão de longa data e decidir sobre a adesão da Ucrânia à UE”, escreveu Zelensky, depois de ter falado com Charles Michel, presidente do Conselho Europeu, Ursula von der Leyen, presidente da Comissão Europeia e ainda com Emmanuel Macron.
  • O presidente francês afirmou que a guerra na Ucrânia “vai durar” e que todos “devem estar preparados”. Macron disse que o governo francês está a preparar um “plano de resiliência” para lidar com as consequências económicas desta crise.
  • O ministro dos Negócios Estrangeiros ucraniano exigiu ao mundo que pare o ataque da Rússia à Ucrânia. “Exijo ao mundo: isolem totalmente a Rússia, expulsem embaixadores, embargo de petróleo, arruínem a sua economia. Parem os criminosos de guerra russos”, escreveu Dmytro Kuleba no Twitter.
  • A vice-primeira-ministra da Ucrânia pediu à Cruz Vermelha que leve milhares de corpos de soldados para a Rússia. “A Federação Russa deve saber quantos desses corpos jazem em solo ucraniano”, disse Iryna Vereshchuk.
  • Quase 200 ucranianos, incluindo três crianças, morreram nos confrontos. A informação original é da agência russa Interfax e citada pela Reuters.
  • Em Vasylkiv, a autarca da cidade disse que ucranianos conseguiram defender base aérea militar. Já Melitopol “ainda está em mãos ucranianas”, disse o secretário de Estado das Forças Armadas britânico, rejeitando a ideia difundida pela Rússia de que tomou a cidade. Em Kiev, um prédio foi atingido por míssil sem fazer vítimas mortais. Na cidade, contaram-se 2 crianças entre um número total de 35 feridos. Também a área perto do aeroporto internacional de Zhulhany foi atingida por míssil.
  • Para além de anunciar a captura da cidade de Melitopol e das aldeias de Bakhmutovka e Grechishkino, os russos dizem ter abatido “821 objetos da infraestrutura militar da Ucrânia”. Foram atingidos, entre outros, 14 aeródromos militares, 19 postos de comando e abatidos sete aviões, sete helicópteros e nove veículos aéreos não tripulados, além de 87 tanques e outros veículos de combate blindados.
  • Dmitry Medvedev, antigo presidente russo, sugere o regresso da pena de morte ao seu país, depois de a Rússia ter sido suspensa do Conselho da Europa. “Uma injustiça selvagem. Embora seja uma boa razão para bater a porta e esquecer para sempre esses asilos sem sentido, é uma boa oportunidade para restaurar uma série de instituições importantes como a pena de morte para os criminosos mais perigosos”, escreveu na rede social Vkontakte.
  • A Polónia não jogará a eliminatória do Mundial de Futebol contra a Rússia devido à guerra no território ucraniano.
  • O futebolista português Nélson Monte já saiu da Ucrânia e entrou na Roménia. Deve chegar a Portugal este sábado.

O que aconteceu de madrugada?

Russia Starts Large-Scale Attack On Ukraine

Ucranianos procuram abrigo no metro, durante a noite

  • Depois de os Estados Unidos terem dito que estão a postos para tirar o presidente ucraniano do país, Volodymyr Zelensky recusou a oferta. “A luta é aqui. Preciso de munição, não de uma boleia.” Horas antes, através de um vídeo, Zelensky avisou que a noite seria “terrível”. O Presidente também gravou um vídeo onde pede aos ucranianos que não acreditem em mentiras. “Estou aqui”, disse, garantindo que a Ucrânia não se vai render.
  • A madrugada foi de confrontos. Para além das ruas de Kiev, onde um prédio residencial foi atingido por um míssil, ouviram-se alertas de ataque aéreo em várias cidades como Lviv, Lutsk, Uman, Vinnytsia, Rivne, Kherson.

Cazaquistão vira costas a Putin e rejeita enviar tropas para a Ucrânia para lutar ao lado do exército russo

  • Também mísseis de cruzeiro foram lançados contra a Ucrânia a partir do Mar Negro, enquanto os ucranianos avisaramm que drones russos vigiam a costa do Mar Negro e o rio Danúbio. As autoridades ucranianas avançam que nenhuma cidade do país foi tomada durante a noite. Já a Rússia diz ter capturado a cidade de Melitopol e as aldeias de Bakhmutovka e Grechishkino,
  • O mais recente balanço das Forças Armadas aponta para mais de 3.500 soldados russos mortos e quase 200 feitos prisioneiros. Esta madrugada terá resultado em 14 aeronaves e 8 helicópteros abatidos, para além de 102 tanques. A Rússia não confirma estes números.
  • O Ministério da Defesa russo diz ter abatido “821 objetos da infraestrutura militar da Ucrânia”, entre outros, 14 aeródromos militares, 19 postos de comando e centros de comunicação, 24 sistemas de mísseis antiaéreos S-300 e Osa e 48 estações de radar. Terão sido abatidos sete aviões, sete helicópteros e nove veículos aéreos não tripulados, além de 87 tanques e outros veículos de combate blindados. A Ucrânia não confirma estes números.

Crianças que choram há dias e casais separados pela lei marcial. As histórias à sombra de um comboio para a Polónia

  • Presidente norte-americano autoriza envio de 600 milhões de dólares para assistência militar à Ucrânia.
  • Um total de 27 nações, incluindo EUA e vários países europeus, concordaram em fornecer mais armas e material médico à Ucrânia.
  • Facebook impede publicidade de jornais russos, de forma a evitar que tenham ganhos financeiros através da plataforma.
  • Secretário-geral da ONU, António Guterres, diz que cerca de 100 mil ucranianos já saíram do país.
  • “Rússia continua a ser um dos estados nucleares mais poderosos”, lembra Putin. Ao sugerir uma resposta nuclear, o Presidente russo colocou em jogo a possibilidade de que o atual conflito na Ucrânia possa eventualmente transformar-se num confronto atómico entre Rússia e EUA.

“Rússia continua a ser um dos estados nucleares mais poderosos”, lembra Putin

O resumo do dia 2 da invasão russa da Ucrânia, pode ser encontrado num outro artigo, que pode consultar através deste link.

Dia 2. O que se sabe sobre a invasão russa da Ucrânia