O Novo Banco tem na sua carteira de investimentos mais de 10 milhões de euros em dívida da gigante petrolífera russa Gazprom, uma das maiores empresas do mundo mas que ficou no centro do furacão – como a generalidade das cotadas russas – à medida que se intensificou o conflito na Ucrânia. Ao que o Observador apurou, depois de alguma hesitação inicial, o banco liderado por António Ramalho decidiu vender pelo menos parte dessa exposição – mas não teve mercado.
Trata-se de um conjunto de títulos (em euros) que pagam uma taxa de juro relativamente elevada mas, à medida que o conflito escalou na última semana, o banco esteve a ponderar se deveria desfazer-se dos títulos ou não (ou desfazer-se de uma parte). É uma pequena parte de uma carteira total de obrigações corporativas do Novo Banco, que supera os três mil milhões de euros.
Nos últimos dias, acabou por ser tomada a decisão de vender, mas dada a instabilidade em todos os ativos russos – ao ponto de a Bolsa de Moscovo decidir não abrir esta segunda-feira – o Novo Banco acabou por não encontrar comprador para os títulos, em condições minimamente satisfatórias.
As ações e as obrigações da Gazprom têm estado sob forte pressão, tal como toda a bolsa russa. De acordo com as cotações de mercado, os títulos de dívida da petrolífera estão a cotar a cerca de 70% do seu valor, no mercado secundário, mas mesmo esse é um nível indicativo porque é muito difícil conseguir executar ordens já que uma grande parte dos investidores não está disponível para comprar ativos russos nesta altura.
A Gazprom é uma das maiores empresas do mundo, controlada pelo Estado russo. É a maior produtora mundial de gás natural e tem as maiores reservas do mundo desta matéria-prima energética. No início de fevereiro, a empresa foi notícia por ter contratado o antigo chanceler alemão Gerhard Schröder para se juntar ao conselho de administração da Gazprom.
Contactada pelo Observador, fonte oficial da instituição não fez comentários. O Novo Banco tinha sido o único, entre os maiores bancos nacionais, a não responder às questões do Observador, na semana passada, sobre o grau de exposição à economia russa.
Os principais bancos nacionais disseram ter pouca ou nenhuma exposição à Rússia e, também, à Ucrânia – os dois países que estão no centro de um conflito que está a criar forte perturbação nas economias e mercados financeiros. Porém, segundo dados do BIS, o sistema financeiro português tem uma exposição equivalente a 149 milhões de dólares (ou 132 milhões de euros) à Rússia.
O BPI respondeu que “o banco não tem qualquer exposição direta ou indireta a ativos russos e/ou ucranianos”, na mesma linha do que disse a Caixa Geral de Depósitos: “Não temos exposição de nenhum desses países”, disse fonte oficial do banco público. Já o MillenniumBCP, que tem uma importante presença na Polónia, indicou que “não tem exposição relevante às geografias referidas”, isto é, Rússia e Ucrânia.
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