A Rússia vai bloquear o Instagram na sequência da diretiva emitida pela empresa mãe, Meta, que passou a permitir nas suas redes sociais apelos à violência contra Putin e as tropas russas envolvidas na invasão da Ucrânia.

A Procuradoria-Geral da Rússia afirmou em comunicado, segundo o The Guardian, que reconhece a Meta como uma “organização extremista e [vai] banir as suas atividades no território russo”. O gabinete acusou ainda a empresa de “incitar motins em massa acompanhados de violência“. A agência de notícias estatal russa RIA Novosti deu conta de vários governadores russos que terão apagado já as suas contas na rede social Instagram.

“Como resultado da invasão Russa à Ucrânia, permitimos temporariamente formas de expressão política que normalmente violaria as nossas regras, como como discursos violentas como ‘morte aos invasores russos’. Continuamos a não permitir apelos à violência contra os civis russos”, explicou um porta-voz da Meta, de acordo com a Reuters.

As medidas estendem-se, como explica a BBC, a quem realizar publicações com conteúdo violento que promovam a morte do Presidente da Bielorrússia, Alexander Lukashenko.

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Facebook e Instagram vão permitir temporariamente ameaças de morte contra Putin e Lukashenko

Esta sexta-feira, na rede social Twitter, Nick Clegg, diretor das relações públicas da Meta, emitiu um comunicado onde afirmou que o alívio da censura relativamente a discursos de ódio se dirige apenas aos envolvidos na invasão da Ucrânia, e que esta medida seria aplicada apenas no país invadido.

O facto é que, se aplicássemos as nossas políticas padrão sem qualquer ajuste estaríamos a remover conteúdos de cidadãos ucranianos que expressam a sua resistência e fúria contra as forças militares invasoras, o que seria, corretamente, visto como inaceitável”, afirmou o diretor de relações públicas.

Nick Cregg explicou ainda que esta política seria apenas aplicada na Ucrânia uma vez que “não há nenhum conflito com o povo russo”. A Meta “não tolerará russofobia ou qualquer tipo de discriminação, assédio ou violência contra as pessoas russas”.

Estamos a emitir uma política que permite discursos violentos T1 que seriam, de outro modo, eliminados sob a Política de Discursos de Ódio caso para tal: (a) tenha como alvo os soldados russos, EXCEPTO prisioneiros de guerra, ou se (b) tiver como alvo russos quando é claro que o contexto é a invasão russa à Ucrânia (ex., conteúdo que mencione a invasão, autodefesa, etc.)”, tinha já esclarecido a empresa mãe num email enviado à Reuters.

Também esta sexta-feira, a embaixada russa nos Estados Unidos da América tinha apelado às autoridades norte-americanas para que parassem com as “atividades extremistas da Meta”, e ainda que adotassem “medidas que levem os perpetradores à justiça”.

“Os utilizadores do Facebook e do Instagram não deram aos donos destes plataformas o direito a determinar os critérios da verdade e de colocar as nações umas contra as outras”, afirmou ainda a embaixada russa.

O Twitter está também proibido no país, e, na semana passada, a Rússia tinha já bloqueado o Facebook. O Whatsapp, aplicação mais popular para a troca de mensagens entre russos, segundo o The Guardian, não tem ainda um veredicto concreto determinado pelas autoridades russas. Na mesma semana, foi assinado um decreto pelo Presidente Vladimir Putin que prevê uma pena de prisão de até 15 anos para quem “espalhar informação falsa”.