A Rússia admitiu, esta terça-feira, a possibilidade de usar armas nucleares, caso a sua “existência esteja em risco”. Em entrevista à CNN internacional, o porta-voz do Kremlin indicou que Moscovo se guia pelo seu “conceito de segurança doméstica”. Sem especificar a que país seriam direcionadas as armas nucleares, Dmitry Peskov sublinhou, no entanto, que Vladimir Putin “ainda não alcançou os seus objetivos” na Ucrânia.

O “principal objetivo” daquilo que o porta-voz disse ser “uma operação militar especial” por parte da Rússia é “assegurar a neutralidade” da Ucrânia e “livrar-se dos batalhões nacionalistas que se opõem às tropas russas”. Além disso, Dmitry Peskov apontou que o Kremlin deseja que as autoridades de Kiev reconheçam que a “Crimeia é parte integral da Federação Russa” e que garantam a independência das repúblicas populares de Donetsk e Lugansk.

Indicando que os “ucranianos do lado certo” estão a “colaborar com a Rússia”, o porta-voz do Kremlin recusou que a Rússia esteja a atacar civis, culpabilizando os “nacionalistas ucranianos” e “nazis” por usarem população indefesa para se esconderem. “Vladimir Putin não está zangado com os ucranianos. Ele está zangado com aquelas pessoas na Ucrânia que querem ser parte da NATO. Ele está zangado com aquelas pessoas que proíbem as pessoas de falar russo no seu país. Ele está zangado com aquelas pessoas que querem usar armas nucleares norte-americanas” na Ucrânia.

A Rússia poderá usar armas nucleares?

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

O porta-voz do Kremlin salientou que a Ucrânia “foi criada por países ocidentais anti-Rússia”, responsabilizando Kiev de não ter cumprido os acordo de Minsk durante oito anos. Culpou também o Presidente ucraniano de colocar a hipótese “gerar armas nucleares” no território do seu país. “Nunca ninguém ouviu as nossas preocupações, durante décadas ninguém nos ouviu”, lamentou Dmitry Peskov, que vincou que a Rússia empreendeu uma “operação militar especial antes que fosse demasiado tarde”.

Confrontado com o facto de a Rússia ter negado — nas semanas anteriores à invasão — que iria entrar em guerra com a Ucrânia, o porta-voz reconheceu que o tinha feito, mas justificou que as forças militares russas tiveram acesso a informações que previam uma “ofensiva ucraniana contra o Donbass”. “A Ucrânia concentrou 120 mil tropas na fronteira, na linha de divisão”, acusou Dmitry Peskov, indicando ser esse o motivo que levou Moscovo a agir.

Sobre Alexei Navalny, o porta-voz não deu grandes detalhes, esclarecendo apenas que foi condenado “apenas por crimes económicos”.