Cerca de mil pessoas manifestaram-se este sábado em Joanesburgo, a capital económica da África do Sul, contra a crescente onda de violência e intimidação de que são alvo imigrantes africanos no país.

A iniciativa Kopanang Africa contra a Xenofobia, organizada por várias organizações não-governamentais, foi autorizada por um tribunal sul-africano depois de a Polícia Metropolitana de Joanesburgo (JMPD) ter proibido a manifestação na passada segunda-feira alegando “ameaças de violência”.

A data, conhecida na África do Sul como Dia dos Direitos Humanos, está historicamente ligada aos acontecimentos de 21 de março de 1960, em Sharpeville, quando a polícia do ‘apartheid’ disparou contra uma multidão que se manifestava contra a então lei do Passe, causando 69 mortos e 180 feridos.

Em declarações à rádio pública sul-africana, a ativista Janet Munakamwe, disse ter sido alvo de “xenofobia institucionalizada” na África do Sul por não ter conseguido ainda alterar um visto de estudante para um visto de trabalho.

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A organização Rede de Trabalhadores da Diáspora Africana, citada pela imprensa local, referiu que as autoridades sul-africanas “permitiram que grupos como a ‘Operação Dudula’ operem com impunidade” no seio das comunidades.

Por seu lado, a Associação de Todos os Vendedores Ambulantes frisou que o Presidente sul-africano, Cyril Ramaphosa, “não implementou ainda o prometido plano de ação nacional de combate ao racismo e xenofobia”.

Simultaneamente, membros do movimento civil ‘Operação Dudula’, com origem no Soweto – cidade satélite de Joanesburgo onde eclodiu a luta de libertação contra o anterior regime segregacionista do ‘apartheid’ -, saíram também à rua em protesto contra a detenção do seu líder Nhlanhla Dlamini pela polícia na passada sexta-feira.

Nas últimas semanas, este movimento tem sido acusado de realizar uma “cruzada” em várias partes do país para “erradicar” imigrantes ilegais que vivem e operam negócios em várias comunidades de acolhimento.

Além da Polícia Metropolitana de Joanesburgo, as forças de segurança na província do KwaZulu-Natal, sudeste do país, ativaram também o estado de “alerta máximo” devido a ameaças de violência e criminalidade na região por vários agrupamentos, incluindo membros da ‘Operação Dudula’, segundo a polícia sul-africana.

As autoridades municipais, referiu um porta-voz da polícia, não autorizaram a realização de uma manifestação da ‘Operação Dudula’ agendada para este domingo na cidade portuária de Durban.