Os ataques russos de este sábado a Lviv, cidade ocidental da Ucrânia que fica a apenas 70 quilómetros da fronteira com a Polónia — país que integra a NATO e onde se encontra atualmente o Presidente dos EUA, Joe Biden —, não causaram vítimas mortais.

A informação foi confirmada pelo presidente da câmara municipal de Lviv, Andriy Sadovyi, que, citado pela estação britânica Sky News, afirmou também que os rockets que atingiram a região foram disparados de Sevastopol, a maior cidade da Crimeia — região anexada pela Rússia em 2014.

Nestes ataques aéreos, os alvos atingidos foram um edifício de armazenamento de combustível e um edifício de Defesa das forças armadas ucranianas. Cinco pessoas terão ficado com ferimentos na sequência destes ataques.

Ao início da noite (hora de Portugal continental) as sirenes aéreas indicando risco de bombardeamento continuavam a tocar em Lviv e o aviso à população mantinha-se igual ao transmitido durante a tarde: a civis é aconselhado permanecer em abrigos.

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O primeiro grande ataque a uma cidade próxima da fronteira

Este foi o primeiro ataque de grandes dimensões contra Lviv, cidade da região ocidental da Ucrânia que fica distante da capital Kiev e do sul e este do país, onde as forças russas têm concentrado os seus principais esforços militares até ao momento. Lviv é também a cidade que tem recebido mais refugiados e deslocados da guerra, que para ali se deslocaram para sair do país, em alguns casos, ou para ficar próximo da fronteira e numa cidade considerada mais segura, noutros.

O presidente da câmara municipal de Lviv, Andriy Sadovyi, começou por dar informações sobre o ataque revelando que a ofensiva russa atingira um edifício industrial utilizado para armazenar combustível. “Infraestruturas habitáveis” — isto é, pontos residenciais — “não foram visados e não tiveram danos”, acrescentara o autarca.

A cerca de 70 quilómetros da fronteira com a Polónia, e culturalmente ligada ao Ocidente, a cidade de Lviv estava até agora relativamente segura, tendo-se transformado num enorme centro de acolhimento de refugiados oriundos da região oriental do país. Foi também para aquela cidade ucraniana que muitas embaixadas se mudaram quando a situação em Kiev se começou a tornar insustentável.

Fiquem nos abrigos“, dissera durante a tarde o presidente da câmara de Lviv, Andriy Sadovyi, numa mensagem publicada no Telegram em que admitiu que os ataques chegaram à cidade ocidental, que, até agora, tinha estado relativamente imune à ofensiva russa. Sadovyi apelou ainda aos residentes para que não partilhassem fotografias e vídeos das explosões.

Também devido à sua proximidade com a Polónia, que é membro da NATO, Lviv ainda não sofreu ataques de dimensão considerável por parte das forças russas. Com efeito, os combates têm-se concentrado na região oriental do país, a milhares de quilómetros de Lviv.

Um ataque a Lviv levanta várias questões sobre a evolução do conflito na Ucrânia. Por um lado, mostra como a Rússia pretende subjugar todo o país, e não apenas a região oriental, tradicionalmente mais próxima da Rússia por motivos culturais e até linguísticos. Por outro lado, faz crescer os receios de que um ataque direcionado à região de Lviv possa, inadvertidamente, atingir a Polónia, conduzindo a uma escalada sem precedentes do conflito — uma vez que passaria a envolver um ataque direto a um membro da NATO.

Explosões em Lviv, a 70 quilómetros da fronteira com a Polónia, no dia em que Joe Biden visita a região

Um vídeo publicado por uma jornalista da televisão britânica Sky News presente no local mostra o lugar das explosões registadas esta tarde em Lviv, na região ocidental da Ucrânia.

Já o governador da região de Lviv, Maksym Kozytskyy, afirmara, também através do Telegram, que foram disparados dois mísseis contra Lviv. “As informações de que houver impacto num edifício residencial e em outras infraestruturas ainda não estão confirmadas”, diz Maksym Kozytskyy, que adianta a mesma informação que o presidente da câmara: “De acordo com dados preliminares, cinco pessoas ficaram feridas.”

Kozytskyy relatara ainda durante a tarde que “a ameaça de um ataque com mísseis ainda existe” e que todos os habitantes de Lviv devem manter-se nos abrigos.“Fiquem nos abrigos! Não andem pela rua! Não tirem fotografias de nada! Não leiam informação em canais de Telegram anónimos e não a partilhem”, apela Kozytskyy. “Tudo o que puder partilhar, por motivos de segurança, vou partilhar.”

A situação em Lviv ganha especial relevância neste sábado, dia em que o Presidente dos EUA, Joe Biden, está a visitar a vizinha Polónia e a sua agenda inclui uma deslocação às proximidades da fronteira, para visitar soldados norte-americanos no país e refugiados ucranianos.