Um iate do oligarca Roman Abramovich terá saído da sua posse horas depois do início da invasão russa à Ucrânia. A embarcação, contudo, terá passado para um amigo e sócio próximo do oligarca, David Davidovich.
Inicialmente avançada pelo Wall Street Journal a 15 de março, a notícia da troca de proprietário do iate foi confirmada esta sexta-feira pelo The Guardian. O jornal norte-americano explicou inicialmente que a empresa Norma Investments, proprietária indireta do iate e controlada por Abramovich, passou para as mãos do seu associado Davidovich no dia 24 de fevereiro, no que se pensa ter sido uma jogada para impedir que os bens do oligarca caíssem em futuras sanções económicas da União Europeia e dos Estados Unidos da América.
O Aquamarine é o quinto iate relacionado com Abramovich. Duas das outras embarcações, avaliadas em mais de mil milhões de euros, foram deslocadas para a Turquia, país que não se associou às sanções contra os oligarcas russos. Os outros dois iates, mais pequenos, estarão ancorados nas Caraíbas.
Ao jornal britânico, Davidovich afirmou ser não só o dono do Aquamarine e da empresa MHC Jersey Ltd, como também o maior proprietário da Norma Investments, a única acionista da MHC Jersey Ltd.
Representantes tanto de Davidovich como de Abramovich recusaram comentar ao The Guardian a relação do oligarca com o iate ancorado nos Países Baixos. Um porta-voz de Abramovich afirmou ainda que o multimilionário russo não era o beneficiário último da MHC Jersey Ltd.
Europa congela cerca de 30 mil milhões em bens de oligarcas russos
Entre contas bancárias, barcos, helicópteros, bens imobiliários e obras de arte, vários Estados-membros da União Europeia apreenderam já 29,5 mil milhões de euros aos oligarcas russos na lista de sanções do ocidente, informou a Comissão Europeia, citada pela Reuters.
Além dos bens apreendidos, transações no valor de 196 mil milhões de euros foram bloqueadas na União Europeia. Pensa-se, contudo, que vários bens tenham sido protegidos através de proprietários e empresas de fachada. Nos Países Baixos estima-se, ainda segundo a agência de notícias, que cerca de 27 mil milhões de euros estejam ligados a bens de oligarcas russos na lista de sanções.
A Comissão Europeia explicou igualmente que apenas cerca de metade dos países constituintes da UE tenham aplicado medidas punitivas face aos oligarcas, embora exista o dever legal de o fazer.