A situação dos refugiados e das pessoas deslocadas internamente na África Oriental será exacerbada pelo aumento dos preços dos alimentos causado pela guerra na Ucrânia, advertiu esta quarta-feira a Organização das Nações Unidas.

“O conflito na Ucrânia causará uma vaga colateral de fome ao agravar ainda mais os problemas existentes, tais como os preços recorde dos alimentos”, alertaram o Programa Alimentar Mundial (PAM) e a Agência das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR), numa declaração conjunta.

O PAM e o ACNUR sublinharam que milhões de famílias deslocadas na África Oriental “serão mergulhadas na fome, à medida que as quantidades de rações de alimentos disponíveis diminuem, porque os recursos humanitários são esticados até ao limite”.

O custo crescente dos alimentos e do combustível vem juntar-se a problemas pré-existentes, como os conflitos, a crise climática e a pandemia de Covid-19 e quando mais de 70% dos refugiados que necessitam de assistência já não estão a receber uma ração completa devido à escassez de financiamento.

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“Refugiados e deslocados estão no centro dos cortes de rações alimentares, agravando uma situação já de si desesperada para milhões de pessoas desenraizadas das suas casas e frequentemente dependentes de ajuda para sobreviver”, afirmou Clementine Nkweta-Salami, diretora do gabinete regional do ACNUR para a África Oriental, Corno de África e Grandes Lagos.

Além disso, as inundações e secas estão a tornar-se mais frequentes e intensas a nível mundial e estão a afetar gravemente países como a Etiópia, Quénia, Somália, Sudão do Sul e Sudão, agravando a insegurança alimentar.

“A infeliz realidade é que a África Oriental enfrenta um ano de necessidades humanitárias sem precedentes“, afirmou Michael Dunford, diretor regional do PAM para aquela região do continente africano.

“As necessidades crescentes aqui são um reflexo do que vemos acontecer em todo o mundo, e imploramos ao mundo que não vire as costas a esta região e, em particular, às comunidades de refugiados extremamente vulneráveis que têm acesso limitado a meios de subsistência e dependem do PAM para sobreviver”, acrescentou o responsável.

Na última década, o número de refugiados na África Oriental quase triplicou, de 1,82 milhões em 2012 para quase 5 milhões atualmente, incluindo 300.000 novos refugiados só em 2021, de acordo com os números da ONU.

Acresce, como sublinharam o ACNUR e o PAM, que o crescimento do número de refugiados não foi acompanhado por um aumento dos recursos.