A invasão da Rússia à Ucrânia dura há 56 dias e as primeiras horas desta quarta-feira ficam marcadas pela visita surpresa do Presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, a Kiev. A cidade portuária de Mariupol está também no centro dos últimos acontecimentos: foi anunciada a abertura de um novo corredor humanitário, a Rússia fez um novo ultimato para a rendição desta cidade, o deadline foi ultrapassado e os militares ucranianos continuam em Mariupol.
Em relação às movimentações da tropas russas em território ucraniano, os últimos dias têm revelado a intenção de Moscovo no domínio do lesta da fronteira da Ucrânia, depois das tentativas falhadas de conseguir a zona norte do país. Os militares russos conquistaram a cidade de Kreminna esta segunda-feira e, olhando para o mapa, é possível ver que os avanços do Kremlin estão a ser feitos, sobretudo, a partir da Crimeia e da região do Donbass.
O que aconteceu durante a tarde e a noite?
- O porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, disse que a Rússia apresentou à Ucrânia uma proposta de acordo que explicita os seus pedidos no âmbito das conversações da paz.
- Volodymyr Zelensky contrariou as afirmações dizendo que Kiev não viu, nem ouvir falar do suposto documento sobre as negociações da paz que a Moscovo alega ter enviado.
- O Presidente da Ucrânia salientou que a Rússia “deve ser reconhecida como um Estado-patrocinador do terrorismo” devido à invasão do país e aos crimes cometidos contra civis.
- Zelensky anunciou que o país está pronto para trocar prisioneiros russos por um corredor humanitário para retirada de civis em Mariupol.
- O negociador ucraniano Mykhailo Podolyak salienta que a Ucrânia está preparada para realizar uma “ronda especial de negociações” com a Rússia em Mariupol.
- O secretário-geral da ONU, António Guterres, enviou cartas a Putin e Zelensky para visitar Moscovo e Kiev com o objetivo de “discutir medidas urgentes para a paz”.
- O ministro dos Negócios Estrangeiros da Rússia, Sergei Lavrov, disse que “só depende da Ucrânia” o sucesso das negociações.
- A Rússia testou com sucesso o míssil balístico intercontinental Sarmat. Putin disse que a revelação deverá fazer os inimigos do Kremlin “pensar duas vezes”.
- O Pentágono afirmou que a Rússia notificou os Estados Unidos do teste do míssil.
- Os organizadores de Wimbledon confirmaram oficialmente que os tenistas russos e bielorrussos não vão jogar a próxima edição do torneio.
- Os EUA anunciaram mais sanções a mais de 40 personalidades e instituições russas, incluindo bancos e uma empresa de mineração de criptomoedas, a BitRiver.
- Boris Johnson comparou Vladimir Putin a um “crocodilo” e sentenciou que as negociações entre a Rússia e a Ucrânia estão “destinadas a falhar”.
- Uma comitiva do parlamento francês está a viajar esta noite de Lviv para a capital ucraniana, de comboio, para um encontro com o presidente da Câmara Municipal de Kiev, confirmou um dos elementos da equipa ao Observador.
- Em Portugal, o PCP confirmou que não vai participar na sessão com Zelensky, esta quinta-feira no Parlamento português.
- A líder parlamentar do PCP, Paula Santos, insiste que é preciso uma “solução negociada” e pacífica para a guerra, rejeitando a “corrida aos armamentos” e até à aplicação de sanções — “o contrário do que está a ser feito”.
- A Assembleia da República está em alerta por causa da segurança da rede cibernética no dia de amanhã, por causa da intervenção de Zelensky no Parlamento português, e a tomar medidas de prevenção.
- O Centro Nacional de Cibersegurança (CNSC) emitiu um aviso, na sua página de internet, desaconselhando a participação ativa de cidadãos portugueses em ataques informáticos à Rússia.
O que aconteceu durante a manhã
- Charles Michel, Presidente do Conselho Europeu, fez esta manhã uma visita surpresa a Kiev. “A História não vai esquecer estes crimes de guerra”, escreveu no Twitter, a propósito da visita.
- O comandante da 36.ª Brigada de Fuzileiros da Ucrânia fez um vídeo a partir de Mariupol, dizendo que o combate está cada vez mais difícil. “Esta pode ser a nossa última mensagem”.
- Dois funcionários que ficaram em Kharkiv para alimentar animais do Jardim Zoológico foram encontrados mortos.
- Os Estados Unidos reconheceram esta quarta-feira que têm pouca informação sobre o que acontece às armas enviadas para a Ucrânia.
- O FMI avisou que os apoios público devem ser “cirúrgicos e temporários”.
- As forças ucranianas deverão ter conseguido travar avanço russo em Izyum, avançou o assessor de Zelensky.
- Ucrânia avançou que terão morrido quase 21 mil soldados russos, desde o início da invasão, a 24 de fevereiro.
- A Noruega anunciou o envio de 100 sistemas de defesa antiaéreos para a Ucrânia.
- O petróleo deverá continuar caro por um ano, mas o CEO da Galp avisou que o maior problema será o elevado preço do gás e da eletricidade.
- O Japão revogou à Rússia o estatuto de “nação mais favorecida”, na sequência da invasão à Ucrânia.
- Kremlin considerou “inaceitável” a proibição de tenistas russos no torneio de Winbledon este ano. “Estão a manter os atletas reféns do preconceito político”, disse Dmitry Peskov.
- Um ex-deputado do Parlamento ucraniano, que é pró-Rússia, apelou a Putin para que usasse armas de destruição massiva.
O que aconteceu durante a madrugada e início da manhã
- Charles Michel, Presidente do Conselho Europeu, deslocou-se até Kiev, numa visita surpresa.
- A Rússia fez novo ultimato à Ucrânia para rendição de Mariupol e deu até às 12h (hora de Lisboa).
- Iryna Vereshchuk, vice-primeira-ministra ucraniana, anunciou a abertura de um novo corredor humanitário em Mariupol. Autarca espera que sejam retiradas cerca de seis mil pessoas em 90 autocarros.
- Ainda sobre Mariupol, o vice-presidente da cidade admitiu que está a ser “muito difícil” combater as tropas naquele local e apelou ao envio de armas para o exército ucraniano.
- Ucrânia diz que conseguiu recuperar o contacto com a central termoelétrica de Chernobyl, que estava interrompido desde que as tropas russas cercaram aquele território.
- No seu relatório diário, Ministério da Defesa britânico adiantou que Moscovo continua a fazer pressão e está a mobilizar militares na fronteira lesta da Ucrânia.