Cercada praticamente desde o início da invasão russa, Mariupol atravessa, neste momento, um situação limite. Segundo as contas do vice-presidente desta cidade, cerca de 130 mil pessoas permanecem sem acesso a comida, água e cuidados de saúde. E esta quarta-feira chegou mais um testemunho do cenário atual, pela voz e imagem do comandante da 36.ª Brigada de Fuzileiros, Serhiy Volyna: “Esta pode ser a nossa última mensagem”.

Restam-nos poucos dias ou horas”, acrescentou Serhiy Volyna.

Num vídeo publicado pelo Washington Post, Serhiy Volyna contou que está a ser cada vez mais difícil combater as tropas russas em Mariupol, tendo em conta que o número de militares russos será dez vezes superior às tropas ucranianas. “Controlam o ar, têm artilharia no terreno e superioridade em termos de veículos”, descreveu o militar.

Apesar das dificuldades, Serhiy Volyna garantiu que a Ucrânia vai continuar a lutar, não se vai render e fez um apelo aos líderes mundiais para que estes ajudem a Ucrânia a garantir a saída de militares e civis em segurança da cidade de Mariupol, que está “a desaparecer da face da terra”.

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“Poupamos água juntos, apoiamo-nos uns aos outros e tentamos ajudar o máximo possível”, disse o comandante, acrescentando que os bombardeamentos por parte dos russos são feitos sem interrupção.

Neste momento, o principal objetivo ucraniano é defender a fábrica de Azovstal, onde estão abrigados civis — incluindo crianças –, militares e onde estão guardadas as munições.

Dentro de Azovstal. A cidade-fábrica de Mariupol onde a resistência aguenta até “à ultima gota de sangue”

Este é o segundo apelo de um militar a partir da cidade cercada. Já na segunda-feira o batalhão Azov pedia ajuda aos políticos de todo o mundo civilizado.

Depois de três dias sem acordo sobre a abertura de corredores humanitários, a Ucrânia anunciou esta quarta-feira que será aberto um precisamente a partir de Mariupol e o autarca da cidade, Vadym Boychenko, espera que seja possível retirar seis mil pessoas em 90 autocarros.

Rússia volta a intensificar ataques a Mariupol. Porque é uma cidade estratégica?

Também esta quarta-feira, a Rússia fez um ultimato à Ucrânia para a rendição de Mariupol. E deu um limite: até às 12h (hora de Lisboa). Esta cidade portuária é um ponto crucial para Moscovo, sobretudo numa altura em que a estratégia no norte do país não resultou. Mariupol situa-se numa posição estratégica, perto do mar de Azov, e o controlo desta cidade poderia significar a concretização de um corredor entre a Crimeia e a região de Donbass.