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Mapa da guerra. O que se sabe sobre o 62.º dia do conflito?

Este artigo tem mais de 2 anos

A guerra continua a centrar-se na região leste e sul da Ucrânia, onde se focam os esforços de combate da Rússia. António Guterres está em Moscovo esta terça-feira. Kiev deixa críticas ao PCP.

Guerra começou há 62 dias com a invasão da Ucrânia pela Rússia
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Guerra começou há 62 dias com a invasão da Ucrânia pela Rússia

JOÃO PORFÍRIO/OBSERVADOR

Guerra começou há 62 dias com a invasão da Ucrânia pela Rússia

JOÃO PORFÍRIO/OBSERVADOR

A guerra na Ucrânia entra esta terça-feira no 62.º dia com a visita do secretário-geral da ONU, António Guterres, a Moscovo a marcar a agenda. Estão previstos encontros com Vladimir Putin e Sergey Lavrov. Na Alemanha, espera-se uma reunião organizada pelas forças armadas norte-americanas com representantes de mais de 40 países para discutir o apoio militar à Ucrânia.

No terreno, a guerra continua a centrar-se na região leste e sul da Ucrânia, onde se focam os esforços de combate da Rússia. Segundo informações recolhidas e divulgadas pelo Reino Unido, a Rússia estará agora a empenhar-se no sentido de cercar algumas das localizações estratégicas das forças ucranianas no leste do país.

Mapa atualizado a 25 de abril

Aqui fica um ponto de situação para resumir o que aconteceu nas últimas horas na guerra da Ucrânia. Siga também o liveblog do Observador para acompanhar os desenvolvimentos ao minuto e leia os trabalhos dos enviados especiais do Observador à Ucrânia, Carlos Diogo Santos e João Porfírio.

Zelensky diz que o “objetivo final” da Rússia é “desmembrar toda a Europa Central e de Leste”

O que aconteceu durante a tarde e o início da noite

  • Depois do encontro com Lavrov, António Guterres reuniu-se com Vladimir Putin. O líder da ONU interrompeu Lavrov para esclarecer o papel da Rússia no conflito, mas guardou para Putin a mensagem mais clara: houve uma invasão, não uma mera operação especial.

Como Guterres encostou a Rússia à parede (e como Putin e Lavrov se defenderam) em sete pontos

  • Zelensky diz que o “objetivo final” da Rússia é “desmembrar toda a Europa central e de leste”. No seu discurso ao país, o Presidente ucraniano indica que a Rússia não vai parar no território ucraniano, procurando provocar um “golpe global” na democracia.
  • Rússia corta fornecimento de gás à Polónia e à Bulgária com efeitos a 27 de abril. Ministra garante que não faltará gás nas casas polacas e que o país está preparado. A russa Gazprom avisou a Polónia e a Bulgária que o gasoduto Yamal vai deixar de fornecer os dois países.

“Os preços do gás vão enlouquecer.” Rússia corta fornecimento de gás à Polónia e à Bulgária

  • O secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, considera que Putin não demonstrou até agora “seriedade” nas suas intenções de negociar com a Ucrânia para pôr fim ao conflito.
  • Responsáveis militares russos avisaram que podem atacar os “centros de decisão” em Kiev e asseguraram que não serão travados pela possível presença de conselheiros ocidentais nessas instalações.
  • Pelo menos nove civis morreram na sequência de bombardeamentos do exército russo no leste e sul da Ucrânia, anunciou o governador da região de Lugansk (leste da Ucrânia), Sergey Gadai.
  • Portugal enviou mais 100 toneladas de material para a Ucrânia, avança o Ministério da Defesa português. Estão “em trânsito” cerca de 100 toneladas de material, onde se inclui material médico.
  • O secretário da Justiça dos Estados Unidos, Merrick Garland, declarou que apoiaria uma eventual iniciativa parlamentar para permitir que bens apreendidos de oligarcas russos fossem “diretamente” para a Ucrânia, devastada pela guerra.
  • Mais uma vala comum perto de Mariupol. É a terceira onde civis foram enterrados em massa. A terceira vala comum tem mais de 200 metros. Fica em Stary Krym e, segundo o autarca Vadym Boichenko, os próprios habitantes foram obrigados a escavá-la em troca de comida e água.

Mais uma vala comum perto de Mariupol. É a terceira onde civis foram enterrados em massa

  • Ministério da Defesa russo alega que Ucrânia perdeu o controlo da região de Kherson, perto do rio Dnipro e do mar Negro. A Rússia reclama vitória também em algumas partes das cidades de Zaporíjia e Mykolaiv.
  • Boris Johnson não acredita que Putin use armas nucleares, mesmo que o Presidente russo comece a perder a guerra.
  • Agência Internacional de Energia Atómica vai ajudar a Ucrânia a reparar central nuclear de Chernobyl, que foi danificada após ter sido controlada pelas forças russas.
  • A informação chega do lado da Ucrânia. As tropas russas destacadas na região separatista da Transnístria, que proclamou a sua independência da Moldávia em 1990, foram colocadas em total prontidão de combate, afirma o Estado-Maior das Forças Armadas da Ucrânia em comunicado. A Rússia não confirmou a informação.

O que aconteceu durante a manhã

  • António Guterres e Sergey Lavrov estiveram reunidos em Moscovo. No final, em declarações aos jornalistas, Guterres apresentou-se como um “mensageiro da paz” e propôs a criação de um grupo de contacto entre russos e ucranianos para tratar da implementação dos corredores humanitários. Já Lavrov atirou as culpas para a Ucrânia, dizendo que Kiev recusa responder às propostas de paz apresentadas por Moscovo;
  • Registaram-se duas explosões na região separatista pró-russa da Transnístria, na Moldávia. O incidente poderá aumentar a tensão numa região que é vista como um potencial alvo futuro de uma ofensiva militar russa. Duas antigas torres de rádio que transmitiam estações russas ficaram destruídas. Em resposta, o Supremo Conselho de Segurança da Moldávia reuniu-se de emergência. Já esta tarde, a Presidente da Moldávia, Maia Sandu, pediu aos cidadãos para “manterem a calma”;
  • As forças armadas russas dizem ter matado cerca de 500 militares ucranianos em ataques durante a última noite, num conjunto de ataques por todo o território ucraniano — mas sobretudo na região de Donbass — que tiveram como alvo um total de 87 instalações militares;
  • A Alemanha vai entregar tanques de combate às forças armadas ucranianas para ajudar Kiev na resistência à invasão russa. A decisão representa uma viragem na política de apoio militar à Ucrânia seguida até agora pela Alemanha, que considerava que era necessário ter cautela e evitar uma guerra nuclear;
  • Representantes de mais de 40 países ocidentais estão reunidos na base militar norte-americana de Ramstein, na Alemanha, para um debate sobre como apoiar militarmente a Ucrânia. Na abertura da reunião, o anfitrião, Lloyd Austin, secretário da Defesa dos EUA, disse acreditar que a Ucrânia tem capacidade para vencer a guerra;
  • Vladimir Putin falou esta terça-feira com o Presidente truco, Recep Tayyip Erdogan, e ambos terão concordado em assegurar um “corredor humanitário marítimo” para a saída de navios turcos atualmente no Mar Negro;
  • Erdogan propôs a realização de uma cimeira em Istambul entre os presidentes da Rússia, Vladimir Putin, e da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, na sequência de um contacto com o líder do Kremlin;
  • A região de Kiev está desde a noite de segunda-feira sob um novo recolher obrigatório noturno, em vigor entre as 22h e as 5h até ao próximo sábado, 30 de abril. A informação foi avançada pela administração militar regional de Kiev através de um comunicado publicado no Telegram;
  • O conselho municipal da cidade de Mariupol estimou que existam mais de 1.000 pessoas escondidas no complexo subterrâneo da fábrica em Azovstal, que é agora também um símbolo da resistência ucraniana na cidade;
  • O presidente da Câmara Municipal de Kiev confirmou no Facebook que já começou o desmantelamento da estátua “Amizade dos Povos”. O processo será terminado ao longo da noite. A escultura, composta por duas estátuas de bronze com oito metros de altura cada, tinha sido erguida em 1982 para simbolizar os laços entre a Ucrânia e a Rússia;
  • A ONU estima que mais de 8 milhões de pessoas venham a ter de sair da Ucrânia como refugiadas devido à guerra com a Rússia;
  • O líder da Agência Internacional de Energia Atómica, Rafael Grossi, visitou a central nuclear de Chernobyl e considerou que a ocupação das instalações foi “muito, muito perigosa”;
  • Em Portugal, o PSD apresentou uma proposta para que a Assembleia da República envie uma delegação de deputados portugueses a Kiev para visitar o parlamento ucraniano.

O que aconteceu durante a noite

  • O secretário-geral da ONU, António Guterres, visita hoje Moscovo, onde irá encontrar-se com o Presidente russo, Vladimir Putin, e com o chefe da diplomacia russa, Sergey Lavrov, no contexto da ofensiva russa em curso na Ucrânia;
  • Os Estados Unidos organizam esta terça-feira na base aérea norte-americana de Ramstein, na Alemanha, uma reunião com representantes de mais de 40 países para debater como o Ocidente continuará a apoiar militarmente a Ucrânia durante a invasão russa;
  • Um conselheiro do Presidente ucraniano Volodymyr Zelensky, Oleksiy Arestovich, disse na segunda-feira que os incêndios registados em depósitos de combustível na Rússia poderão ser o início de ataques de guerrilha, em resposta à invasão russa;
  • O ministro dos Negócios Estrangeiros russo, Sergey Lavrov, disse na segunda-feira à noite que existe um “risco considerável de conflito nuclear” na Ucrânia. “Os riscos são agora mais consideráveis e eu não quereria elevar esses riscos artificialmente. Muitos gostariam que isso acontecesse. O perigo é sério, real e não devemos subestimá-lo”, disse Lavrov na televisão estatal russa;
  • A partir de Kiev, as palavras de Lavrov foram entendidas como um reconhecimento de que a Rússia está “a perder as últimas esperanças de assustar o mundo para o impedir de apoiar a Ucrânia” e de que Moscovo está a “sentir a derrota”, segundo afirmou o ministro dos Negócios Estrangeiros ucranianos, Dmytro Kuleba;
  • As forças russas estarão a tentar cercar algumas das principais posições defensivas ucranianas no leste do país, de acordo com um boletim informativo publicado na manhã desta terça-feira pelo Ministério da Defesa britânico, que tem acompanhado diariamente as operações no terreno;
  • O ministro ucraniano Dmytro Kuleba deu uma entrevista ao Diário de Notícias e deixou críticas ao PCP. Questionado sobre a ausência dos comunistas no Parlamento durante o discurso de Zelensky e sobre as críticas do partido ao regime de Kiev, Kuleba perguntou: “Depois de Bucha, quem é que se pode atrever a chamar-nos extremistas?”

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