O ex-secretário-geral da NATO, George Robertson, considera que o Presidente russo, Vladimir Putin, com o qual se reuniu variadas vezes, tem uma “visão parcial da história e uma obsessão messiânica com a grandeza russa”, algo que originou uma “forma de pensar perigosa”. Deixa ainda um aviso ao Ocidente: deve evitar “provocar” o chefe de Estado da Rússia, que é bastante “temperamental”.

De acordo com o Times, o ex-responsável da aliança transatlântica apontou o isolamento a que Vladimir Putin durante a pandemia, “que o afastou da realidade”, a sua personalidade e o facto de possuir uma “versão da história parcial” levaram-no a invadir a Ucrânia.

Sobre as características de personalidade do Presidente russo, George Robertson indicou que o “homem do Kremlin é bastante temperamental”, devendo o Ocidente evitar “provocá-lo”, de maneira a evitar “violência ainda em maior escala contra os ucranianos”. “Eu assisti às reuniões ao lado dele, em que mostrava um lado emocional“, sublinhou, isto apesar de ressalvar que normalmente a abordagem de Putin “era fria e controlada”.

“As palavras importam, são ampliadas e distorcidas”, realçou George Robertson, que disse que a “linguagem” do países ocidentais pode levar a uma “resposta” violenta por parte de Vladimir Putin, apesar de o ex-responsável da NATO não detalhar qual.

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Mencionando que Vladimir Putin tentou aderir à NATO, o ex-secretário-geral da aliança militar lembrou que o Presidente russo não o fez porque não estava disposto a cumprir todos os passos que levariam à adesão da Rússia à organização.

“Pior pesadelo” de Putin? Uma revolução em Moscovo

Para o ex-secretário-geral da NATO, o “pior pesadelo” do Presidente russo seria uma revolução nas ruas de Moscovo, que o depusessem do cargo e que levassem a um novo regime na Rússia, tal como aconteceu, em 2014, na Ucrânia.

No entanto, George Robertson lembra que o chefe de Estado da Rússia “não durará para sempre”, nem o regime que criou. “As gerações mais novas de russos que foram seduzidas pelo nacionalismo de Putin […] não vão querer viver” num Estado autocrático. É preciso que, por isso, que os jovens russos tenham uma “ideia, uma narrativa que articule onde é que uma Rússia civilizada poder-se-á enquadrar no futuro equilíbrio de forças global”.