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Viúva confronta soldado russo em tribunal. “Vieste proteger-me do meu marido que mataste”

Este artigo tem mais de 1 ano

O soldado russo Vadim Shishimarin pediu perdão à mulher do homem que abateu no início da guerra. A viúva confrontou-o. O procurador pediu prisão perpétua. O Observador no tribunal de Kiev.

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JOÃO PORFÍRIO/OBSERVADOR

JOÃO PORFÍRIO/OBSERVADOR

Kateryna Shelipova, a viúva do homem de 62 anos abatido em Sumy pelo soldado russo Vadim Shishimarin, confrontou-o esta quinta-feira no Tribunal de Kiev onde está a ser julgado o primeiro crime de guerra, desde que a Rússia invadiu a Ucrânia, a 24 de fevereiro.

O militar russo, com a sua camisola cinzenta azul no capuz e nos braços, isolado no canto da sua caixa de vidro, com a tradutora do lado de fora sob o olhar de um polícia, e a viúva do homem que confessou ter baleado, chorosa, travaram este diálogo:
— O que sentiste quando mataste o meu marido? Arrependes-te deste crime?
— Admito a minha culpa. Percebo que não me possa perdoar. Peço perdão.
— Diz-me se faz favor, porque é que vieram aqui? Para nos proteger? De quem? Do meu marido que mataram?

Numa sala com mais de cem jornalistas em três bancos de madeira, de frente para os três juízes, com os procuradores à sua esquerda e o advogado de defesa do soldado russo à sua direita, frente à divisória de vidro onde Vadim Shishimarin assistia a tudo de pé, Kateryna, também de pé, mostrou-se emocionada. No início do seu depoimento, afirmou que a prisão perpétua seria a sentença mais indicada a aplicar ao homem que matou o seu marido, mas disse não se opor a que Vadim fosse envolvido numa troca que permitisse libertar prisioneiros ucranianos.

Um dos procuradores responsáveis pela acusação quis perguntar ao soldado russo de 21 anos se ele era obrigado a obedecer a uma ordem que implicasse cometer um crime e Vadim respondeu que não. Depois um dos juízes perguntou-lhe se ele poderia ter agido de forma diferente. O réu respondeu que se sentia em perigo, mas o magistrado insistiu e quis saber o que o soldado achava agora da sua atitude. “Inaceitável”, respondeu o militar russo.

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Matar a testemunha ou retirar o telemóvel?

Outro soldado russo chamado a depor, Ivan Maltisov, estava no carro com Vadim Shishimarin no momento em que foi assassinado Oleksandr Shelipov, o cidadão ucraniano de 62 anos. Disse desconhecer quem deu a ordem ao militar russo para disparar contra o civil, para não deixar testemunhas. E afirmou que outro militar mais graduado que estava no carro lhes ordenou que guardassem as armas e que não disparassem contra civis.

O procurador perguntou a este segundo soldado se naquela situação tinham de disparar contra um civil ou se não bastava retirar-lhe o telemóvel, para evitarem ser denunciados. Ivan Maltisov reconheceu que teria sido suficiente tirar-lhe o telemóvel. O juiz quis saber se este segundo soldado tinha feito alguma coisa para evitar o homicídio, mas a testemunha reconheceu que não.

Na parte da manhã, neste segundo dia do julgamento, foi ainda ouvido um vizinho da vítima, que relatou ao tribunal ter ouvido os tiros e ter visto o réu, o soldado russo, no local.

Depois de um intervalo, a sessão foi retomada para serem apresentadas provas como a arma do crime e a autópsia que confirma a causa da morte de Oleksandr Shelipov. O procurador pediu já a prisão perpétua para o soldado russo. O advogado de defesa de Vadim Shishimarin pediu entretanto que a sessão fosse adiada, para poder preparar melhor a sua defesa. O julgamento é retomado esta sexta-feira de manhã no tribunal de Solomianskyi, em Kiev.

Com apenas 21 anos, e “cara de bebé” como já notaram alguns meios de comunicação, Vadim Shishimarin era comandante de uma unidade militar e terá recebido ordens para disparar contra um civil desarmado, em Chupakhivka, uma aldeia situada na região de Sumy, para que este não denunciasse a presença dos militares inimigos naquele local, a 28 de fevereiro.

Soldado russo confessa que matou um civil ucraniano: “Sim, totalmente sim”

Segundo o Ministério Público ucraniano, para escapar às tropas de Kiev, os soldados russos (que se terão perdido da sua coluna depois de um confronto) terão disparado com metralhadoras contra um “carro particular” que roubaram. Depois, já dentro do veículo que ficou em sua posse, Vadim Shishimarin terá disparado vários tiros da janela aberta do carro contra a vítima. O homem estava ao telemóvel, foi atingido na cabeça e teve morte imediata.

JOÃO PORFÍRIO/OBSERVADOR

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