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Mapa da guerra. O que sabe sobre o 92.º dia de guerra na Ucrânia

Este artigo tem mais de 2 anos

Depois de esta quarta-feira ter atacado 41 povoações no Donbass, Rússia continua ofensiva rumo a Severodonetsk. Mar de Azov está "perdido para sempre para a Ucrânia", dizem separatistas de Zaporíjia.

Chernihiv Region Recovers From Russian Assault
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A ofensiva russa prossegue no leste da Ucrânia, no Donbass. Batalha de Severodonetsk poderá estar por horas

Getty Images

A ofensiva russa prossegue no leste da Ucrânia, no Donbass. Batalha de Severodonetsk poderá estar por horas

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Depois de esta quarta-feira ter empreendido ataques contra 41 povoações das regiões de Lugansk e Donetsk, provocando seis mortos e 12 feridos e deixando um rasto de destruição em pelo menos meia centena de moradias e edifícios residenciais, a Rússia prossegue a ofensiva no Donbass, estando cada vez mais iminente a batalha pelo controlo de Severodonetsk — que as autoridades ucranianas já temeram poder vir a ser uma “nova Mariupol”.

De acordo com um relatório publicado esta quarta-feira ao fim do dia, as forças russas deram prioridade nas últimas horas aos avanços a leste e oeste de Popasna, a cerca de 50 quilómetros de Severodonetsk, uma das cidades ucranianas de maioria russa, para cortar as linhas terrestres de comunicação ucranianas a sudoeste. Ainda assim, avança o Instituto para o Estudo da Guerra, a Rússia pode começar a ofensiva para a tomada da cidade antes de bloquear por completo as linhas terrestres da Ucrânia a sudoeste e noroeste da cidade.

Donbass. Os combates numa zona de 120 quilómetros que podem definir o “destino” da Ucrânia

Ao início da madrugada desta quinta-feira, Oleksandr Striuk, chefe da administração militar da cidade, disse que, apesar dos constantes ataques da Rússia, que deixaram Severodonetsk sem energia nem comunicações, a cidade não estava sitiada.

Eis um resumo do que de mais importante aconteceu neste que é já o 92.º dia de guerra na Ucrânia. Também pode acompanhar, ao minutos, todas as notícias no nosso liveblog:

Lavrov critica “intransigência” de Zelensky em querer reunir-se com Putin: “Não faz sentido”

O que aconteceu durante a tarde e a noite

  • O líder da República Popular de Donetsk, Denis Pushilin, afirmou que alguns soldados ucranianos podem ainda estar escondidos no complexo metalúrgico de Azovstal: “Eles podem estar escondidos, perdidos algures ou deixados para trás por aqueles que se renderam.”
  • A Justiça russa despediu 115 militares que recusaram fazer parte da “operação militar especial” na Ucrânia. Os militares foram julgados por um tribunal da república de Kabardino-Balkaria, que recolheu os “documentos necessários”.
  • O Presidente da Bielorrússia, Alexander Lukashenko, ordenou a criação de um novo comando militar no sul do país, na fronteira com a Ucrânia.
  • Lukashenko afirmou também que Europa e NATO entraram “num confronto global com a Rússia” e Bielorrússia sofre “ameaça militar”
  • A Rússia estará a preparar uma lei que permitirá a Moscovo apropriar-se dos bens de empresas ocidentais que decidam abandonar o país.
  • O ministro dos Negócios Estrangeiros da Rússia, Sergei Lavrov deixou críticas às exigências do Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, sobre este exigir um encontro “exclusivamente” com o seu homólogo russo, Vladimir Putin.
  • Lavrov avisou, que o fornecimento de armas do Ocidente à Ucrânia que possam atingir a Rússia será um passo em direção a uma “escalada inaceitável”.
  • Putin afirmou, numa chamada telefónica com o primeiro-ministro italiano Mario Draghi, que Moscovo estava preparado para “contribuir significativamente” para travar a crise alimentar mundial caso o Ocidente levantasse as sanções impostas à Rússia.
  • Mario Draghi afirmou que não ver “qualquer esperança de paz” para o conflito na Ucrânia.
  • Em abril, a Ucrânia pediu à NATO “armas, armas e armas”. Esta quinta-feira Dmytro Kuleba, ministro dos Negócios Estrangeiros ucranianos, voltou a fazer esse mesmo apelo garantindo que o país precisa de “mais armas pesadas”.
  • Volodymyr Zelensky pediu à União Europeia que adotasse um sexto pacote de sanções contra a Rússia e que preparasse um sétimo conjunto de medidas contra Moscovo.
  • Com o recomeço dos bombardeamentos a Kharkiv, o metro da segunda maior cidade da Ucrânia voltou a ser utilizado como abrigo para a população.
  • Na sequência dos bombardeamentos, nove pessoas morreram em Kharkiv e 19 ficaram feridas. Entre as nove vítimas está um bebé de cinco meses.
  • A Organização Mundial de Saúde aprovou esta quinta-feira uma resolução a condenar a emergência de saúde causada pela Rússia após a invasão à Ucrânia.
  • A primeira-ministra da Finlândia, Sanna Marin, afirmou, depois de ter visitado as localidades de Bucha e Irpin, que as relações com Moscovo não voltariam a ser como antes da invasão à Ucrânia.
  • A Alemanha criou uma “ponte ferroviária” com a Ucrânia para a ajudar a exportar os seus cereais, indicou o próximo chefe das forças militares dos EUA na Europa, o general Chris Cavoli.
  • Volodymyr Zelensky irá discursar esta sexta-feira na Universidade de Stanford por videoconferência.

O que aconteceu durante o fim da manhã e o início da tarde

  • Pelo menos quatro pessoas morreram e outras sete ficaram feridas esta quinta-feira na região de Kharkiv em consequência de bombardeamentos pelas tropas russas;
  • Dois soldados russos deram-se como culpados de crimes de guerra na Ucrânia. Os dois soldados russos, capturados em solo ucraniano, assumiram fazer parte de uma unidade de artilharia que disparou contra alvos na região de Kharkiv a partir de Belgorod, na Rússia, e destruiu pelo menos uma escola em Derhachi;
  • Esperada para a manhã desta quinta-feira, a decisão da Suprema Corte da Rússia sobre se o Batalhão Azov é ou não uma organização terrorista foi adiada mais de um mês, para 29 de junho, às 10h;
  • A Rússia disparou mais mísseis na campanha da Ucrânia do que qualquer outro país em outros conflitos desde a Segunda Guerra Mundial, referem especialistas militares à revista norte-americana Newsweek;
  • A ministra britânica dos Negócios Estrangeiros, Liz Truss, falou em Davos esta quinta-feira e acusou Vladimir Putin de fazer da “fome” e da “falta de comida para os mais pobres do mundo” uma “arma” de guerra;
  • Também no Fórum Económico Internacional, Olaf Scholz defendeu que o Presidente russo Vladimir Putin só mostrará empenho no sucesso das negociações de paz se e quando perceber que a resistência ucraniana não pode mesmo ser vencida;
  • O embaixador ucraniano na Alemanha, Andrij Melnyk, usou a imagem de um caracol para criticar o atraso de Berlim no envio de armas para ajudar a Ucrânia a defender-se contra a invasão russa. “As armas alemãs para a Ucrânia já estão a caminho”, escreveu Melnyk no Twitter;
  • A Turquia está em negociações com a Rússia e com a Ucrânia para abrir um corredor que salvaguarde o transporte e exportação de cereais, a partir da Ucrânia;
  • Emmanuel Macron e Recep Tayyip Erdogan discutiram esta quinta-feira a hipótese de entrada da Finlândia e da Suécia na NATO.

O que aconteceu durante a madrugada e início da manhã

  • Depois de esta segunda-feira, 23 de maio, Georgy Muradov, o vice-primeiro-ministro do governo da Crimeia, ter anunciado que o Mar de Azov passava a ser de usufruto comum entre Rússia e República Popular de Donetsk,  Vladimir Rogov, membro do Conselho Principal da Administração Militar-Civil de Zaporíjia, fez declarações ainda mais duras e garantiu, em entrevista à agência russa RIA Novosti que “o Mar de Azov está para sempre perdido para a Ucrânia”;
  • As autoridades nacionais já responderam ao pedido do magnata e antigo dono do Chelsea Roman Abramovich, nascido na Rússia mas com passaporte português, para que autorizassem a venda do clube inglês. “As duas Autoridades Nacionais Competentes — ministério dos Negócios Estrangeiros e ministério das Finanças — deram luz verde ao pedido recebido da parte de Roman Abramovich para uma derrogação humanitária, permitindo que o clube inglês seja transacionado”, lê-se no comunicado enviado às redações;
  • A polícia ucraniana está a proceder ao trabalho de recolher os corpos daqueles que morreram nos ataques das forças russas e a proceder a enterros em valas comuns. Serhiy Gaidai, o governador de Lugansk, revelou esta quarta-feira que cerca de 150 pessoas foram enterradas numa única vala comum na região;
  • A Rússia cortou as taxas de juro pela terceira vez no espaço de menos de um mês, uma medida para contrariar a recente valorização do rublo – que tem sido impulsionado pelos controlos de capitais existentes no país e, também, pelo facto de o Kremlin ter exigido pagamentos em rublos nas compras de petróleo e gás natural;
  • No total, serão cerca de oito mil os prisioneiros de guerra ucranianos detidos nas autoproclamadas Repúblicas Populares de Lugansk e Donetsk, disse esta quinta-feira à agência TASS Rodion Miroshnik, representante da república separatista de Lugansk;
  • Forças Armadas ucranianas dizem que, desde o início da guerra, já foram mortos 29.600 efetivos russos. De acordo com a nova contagem divulgada esta manhã, terão sido também destruídos 1.315 tanques e 206 aviões inimigos;
  • As VDV, forças aerotransportadas russas, uma unidade de elite composta por 45 mil soldados profissionais contratados, tem cometido “falhas táticas notáveis” e sofrido “baixas pesadas” ao longo do conflito na Ucrânia, apontou esta quinta-feira, no seu habitual relatório diário sobre a situação na Ucrânia, o Ministério da Defesa britânico. A situação, analisa o Ministério da Defesa do Reino Unido, “reflete provavelmente uma má gestão estratégica desta capacidade e o fracasso da Rússia em assegurar a superioridade aérea”;
  • Esta quarta-feira à noite, no seu habitual discurso, Volodymyr Zelensky assumiu que, em alguns locais do leste do país, os soldados russos “são muito mais numerosos” e voltou a pedir mais armas ao Ocidente. “A Rússia está a avançar agressivamente no Leste, precisamos de armas”;
  • Existirá um acordo informal entre os países da NATO para não entregar à Ucrânia determinadas armas, como tanques e aviões de combate, está a avançar a DPA, a agência alemã de notícias, citando fontes em Bruxelas. De acordo com a agência, será para não afrontar a Rússia, que poderá ver no envio deste tipo de armamento para a Ucrânia uma ingerência ou mesmo entrada no conflito, que este acordo terá sido feito e está a ser mantido, não tendo chegado a Kiev quaisquer entregas deste tipo.

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