Steven McCraw, diretor do Departamento de Segurança Pública do Texas, admitiu, esta sexta-feira, ter sido uma “má decisão” as autoridades não terem entrado na sala de aula onde Salvador Ramos, o autor do massacre na escola primária de Uvalde, se barricou com várias crianças. “Claro que não foi a decisão correta. Foi a decisão errada”, confessou.

Durante uma conferência de imprensa, Steven McCraw explicou que autoridades que se deslocaram para o estabelecimento de ensino acreditavam que Salvador Ramos estava apenas “barricado” e que não iria disparar contra os menores. “Obviamente, com base nas informação que dispomos, havia crianças naquela sala de aula em risco”, reconheceu o responsável policial, acrescentando que o plano das forças de segurança passou por tentar encontrar as chaves da sala — que estava trancada — e esperar por uma equipa de regaste.

O diretor do departamento de Segurança Pública do Texas disse ainda que houve um tiroteio logo após Ramos entrar na sala de aula onde cometeu o massacre, mas que os tiros foram “esporádicos” durante grande parte dos 48 minutos, enquanto os polícias esperavam do lado de fora do corredor.

De acordo com as autoridades, Salvador Ramos disparou mais de 100 vezes a espingarda que trazia consigo. Foram os agentes da Patrulha de Fronteira dos Estados Unidos que acabaram por usar uma chave mestra para abrir a porta trancada da sala de aula onde confrontaram e mataram Ramos.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

“Não há desculpa para não ter enfrentado” o atirador mais cedo, sublinhou Steven McCraw, que também salientou que as crianças ligaram várias vezes para o 911 (o equivalente ao 112 em Portugal).

Autoridades revelam cronologia detalhada

Procurando “interpretar os factos” sem condenações às ações das autoridades, Steven McCraw revelou, juntamente com uma maqueta da escola, uma cronologia detalhada dos eventos da passada terça-feira.

Tudo começou às 11h31. Após sofrer um acidente perto da escola primária de Uvalde, Salvador Ramos começa a disparar para o ar no parque de estacionamento do estabelecimento. Ao aperceber-se deste cenário, uma professora apressou-se a notificar as autoridades.

Bastaram dois minutos (11h33) para o atirador conseguir entrar na escola, acedendo a um corredor que dava acesso a duas salas. Em pouco tempo, Salvador Ramos dispara mais de 100 vezes, não tendo qualquer alvo. No espaço de dois minutos (11h35), três agentes entraram no estabelecimento escolar.

Durante 30 minutos ainda está por apurar o que Salvador Ramos fez enquanto esteve à solta na escola. Às 11h51, há um reforço do corpo policial. Às 12h03, uma criança liga para o 911, denunciando o que estava a acontecer. Esta aluna volta a ligar para os serviços de emergências às 12h10 a reportar que já havia várias crianças mortas.

Às 12h15, chegaram agentes da patrulha da fronteira. É neste momento que o atirador terá entrado na sala de aula onde se terá barricado. Ouviram-se disparos às 12h21.

Apenas às 12h50 é que a polícia conseguiu arrombar a porta na sala onde estava Salvador Ramos — e as autoridades disparam contra o atirador. Às 12h51, as crianças que ainda se mantinham no local saíram da sala de aula.

Notícia atualizada às 20h47