O Dia da Criança é, tal como em todos os anos desde 1925, festejado a 1 de junho. O calendário permanece igual, o que mudou foi a realidade das crianças ucranianas — há 98 dias vivem num país assolado pela agressão russa. Um contraste evidenciado pelo Presidente Volodymyr Zelensky, na sua mensagem sobre esta celebração:
1 de junho sempre foi um dia de calor, alegria e sorrisos infantis. A Rússia ofuscou este dia com a guerra, a Rússia está a roubar a infância de nossos filhos e quer destruir o nosso futuro.”
Contudo, o Chefe de Estado ucraniano mostrou sinais de otimismo ao referir que as tropas ucranianas estão a contra-atacar “pelo futuro da Ucrânia, por um céu pacífico e uma infância feliz”.
O (curto) texto de Zelensky foi acompanhado de imagens de crianças em abrigos, em ruas destruídas ou nos autocarros que partiam, com a assinatura de fotógrafos como Natacha Pisarenko, da Associated Press, e Carlos Barria, da Reuters.
Uma das manifestações mais simbólicas realizadas esta quarta-feira na Ucrânia foi o “passeio que nunca vai acontecer”, nas palavras de Andriy Sadovy, autarca de Lviv, no Telegram. “Hoje, os autocarros escolares na Praça do Mercado estão vazios. 243 crianças nunca mais virão a Lviv”, escreveu ainda. Em alguns dos assentos, como se pode ver abaixo, foram colocados brinquedos.
Os ocupantes russos estão a matar crianças, mulheres e civis. Devem ser responsáveis por cada vida tirada. Hoje, o mundo inteiro deve unir-se para impedir estes crimes terríveis.”
Nesta mesma cidade, longe do conflito, ocorreu um evento de dança com o nome We help – We wining, em que participaram crianças de Mariupol, Kherson, Kharkiv, Odessa, Donetsk, deslocadas das suas cidades.
Já o Presidente russo defendeu que as crianças “vivem e crescem num tempo muito dinâmico, quando o mundo está a mudar impetuosamente”.
Afirmando que está convencido que “a Rússia, neste mundo complicado, irá consolidar a sua força, autonomia e soberania”, Vladimir Putin destacou que o trabalho essencial a ser feito “deve abranger a economia, tecnologia, ciência e muitas outras áreas, incluindo a sociedade civil e educação patriótica”.
Pelo menos 262 crianças morreram e 415 ficaram feridas em ataques perpetrados pelas forças russas na Ucrânia, de acordo com os dados recentemente divulgados pela UNICEF.
Quase duas em cada três crianças deste país foram obrigadas a deixar as suas casas por causa da guerra, informou a agência das Nações Unidas, declarando que “quase 100 dias de guerra na Ucrânia provocaram consequências devastadoras para as crianças numa escala que não era vista desde a Segunda Guerra Mundial”.