Stephen Westaby, cirurgião britânico na área cardiovascular, terá operado mais de 12.000 doentes cardíacos e salvo cerca de 97% graças a uma lesão cerebral.

O “menino de rua” de Scunthorpe — como se intitula — conta que se quis tornar cirurgião quando aos 7 anos viu um programa na BBC onde estava a ser feita uma operação a um buraco no coração, algo que o fascinou. Também a morte do seu avô, com 63 anos e vítima de um ataque cardíaco, e mais tarde da avó com cancro na tiróide, foram motivações para que lutasse por este sonho.

Westaby sempre se considerou uma criança tímida, que tinha “medo da sua própria sombra”, características que não são compatíveis com a profissão.

Os cirurgiões precisam de ter um temperamento adequado. Têm de ser capazes de explicar a morte aos familiares das pessoas. De ter capacidade para substituir o cirurgião-chefe quando ele está cansado, assumir a responsabilidade do pós-operatório dos bebés pequenos que tenham dificuldades ou mesmo os enfrentar os traumas na sala de cirurgia.”

Em entrevista dada ao jornal britânico DailyMail em 2019, o médico conta que durante os seus anos universitários jogou rugby e que em 1968 sofreu um acidente que poderia ter terminado a sua carreira, mas que teve o efeito totalmente contrário. Westaby sofreu um traumatismo craniano que “afetou a parte do meu cérebro responsável pelo pensamento crítico e pela prevenção de riscos” e que a nível de personalidade, este incidente resultou na sua “falta de inibição, irritabilidade e agressividade ocasional”.

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As consequências do acidente foram avaliadas por um psicólogo que disse ao médico, na altura com 18 anos, que obteve uma pontuação alta no ‘inventário de personalidade psicopata’ mas que não existia razão para alarme porque “a maioria dos grandes vencedores são psicopatas”.

Esperava-se que as alterações não fossem permanentes mas, a nível de personalidade, este incidente resultou na sua “falta de inibição, irritabilidade e agressividade ocasional”, as características que precisava para se destacar no mundo da medicina.

O médico de 73 anos é reconhecido internacionalmente por ajudar a desenvolver o uso de bombas cardíacas em substituição do coração humano, pioneiro em corações artificiais e em tecnologia que ajuda a bombear o sangue para todo o corpo.