Poucos meses depois do início do mandato do Governo de António Costa, Luís Marques Mendes, no habitual comentário no Jornal da Noite, da SIC, considerou que não existe só “descoordenação entre o primeiro-ministro e o ministro da Economia”, como também na área da saúde, da descentralização, do combate à corrupção, no novo aeroporto há sinais de “trapalhada total”.

Maternidade do Hospital Beatriz Ângelo, em Loures, reabriu às 20h00

No caso da Saúde, Marques Mendes, sublinhou que “a degradação nos hospitais está a acentuar-se” e fez referência ao caso dos serviços de obstetrícia, que nos últimos dias revelaram ter profissionais insuficientes para completar as escalas de urgências. E sobre a falta de profissionais, disse o ex-líder do PSD, estes estão a fugir do serviço público para o privado, sem previsão de reformas para reverter o cenário.

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Se a ministra não começa a remodelar o SNS, acabará ela própria remodelada mais tarde ou mais cedo”.

A descentralização foi outro dos assuntos mencionados, já que há “autarcas contra autarcas e autarcas contra o Governo” e que são feitas correções a este ponto da passagem de competências para as autarquias de forma constante.

Nada disto é bom. Nos momentos difíceis, o país precisa de um governo sólido. É nestes momentos que se veem os líderes.”

Nem o aeroporto ficou fora do balanço feito por Marques Mendes ao novo mandato do recém-formado Governo, com uma cronologia para a apontar “a última trapalhada”. “Primeiro era no Montijo. Depois, talvez em Alcochete. A seguir, haveria um estudo de avaliação ambiental estratégica. Agora, pode voltar a ser no Montijo e cair a avaliação ambiental.”

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“Nem o ministro acredita nas intenções do primeiro-ministro”

Continuando a falar sobre as “trapalhadas” do executivo de Costa, o antigo líder social-democrata considerou que “nem os ministros levam a sério” o apelo que o primeiro-ministro fez às empresas, para que estas aumentem o salário médio cerca de 20% até ao final da legislatura.

“Nem o ministro (Costa Silva) acredita nas intenções do primeiro-ministro. Até o ministro duvida das intenções do primeiro-ministro”. Esta interpretação surge na sequência da entrevista do ministro da Economia, Costa Silva, ao jornal Expresso, em que este disse, a propósito do aumento dos salários, que “o primeiro-ministro não dá ponto sem nó, mas como vamos lá chegar, não sei”.

“O apelo de António Costa não é mesmo para levar a sério. Parece uma manobra de diversão política”, considerou Marques Mendes. E deu exemplos: se, por um lado, pede às empresas que aumentem os salários, “dentro de casa, o Governo fez o contrário, ao aumentar os funcionários públicos no mínimo dos mínimos”.

“O Governo podia ajudar à subida de salários, baixando os impostos sobre o trabalho. Só que até agora fez o contrário. Como diz a OCDE, a carga fiscal sobre o trabalho em Portugal tem vindo a aumentar e não a diminuir.”

E, a par dos salários, os preços dos combustíveis foram também alvo de crítica de Marques Mendes, referindo que os portugueses estão “incomodados” com as subidas dos preços da gasolina e do gasóleo e que Portugal não está a caminhar na direção certa, comparando o país com Espanha. “A guerra que afeta Portugal e Espanha é a mesma. Mas a resposta dos governos é diferente. Os combustíveis em Portugal são mais caros do que em Espanha.”

A carga fiscal em Portugal é mais elevada do que em Espanha, explicou o comentador da SIC para justificar as diferenças dos preços entre os dois países. “Na gasolina, o peso fiscal em Portugal é de 46% e em Espanha é de 40%”, exemplificou.

“Se a UE não der à Ucrânia o estatuto de país candidato comete um erro político enorme”

Depois de a Ucrânia ter apresentado um pedido para se candidatar à União Europeia, faltam duas semanas para saber se o país invadido pela Rússia terá estatuto de candidato. E Marques Mendes também falou sobre esta decisão: “Se a União Europeia não der à Ucrânia o estatuto de país candidato comete um erro político enorme.”

O comentador da SIC considera que a União Europeia pode mostrar falta de solidariedade e estará a dar “um trunfo inesperado e incompreensível à Rússia e a Putin”.