O secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, denunciou nesta segunda-feira no Conselho de Segurança que “a situação humanitária na Síria continua terrível” e defendeu a manutenção da travessia transfronteiriça entre o país e a Turquia, à qual Damasco se opõe.

Por ocasião de uma sessão do Conselho de Segurança dedicada à situação humanitária na Síria, Guterres lembrou que 14,6 milhões de sírios precisam de ajuda 11 anos após o início da guerra no país, que começou com uma onda de protestos a pedir a queda do regime de Bashar al-Assad.

“Doze milhões de pessoas estão em situação de insegurança alimentar, sem saber de onde virá a sua próxima refeição”, disse o secretário-geral das Nações Unidas, antes de enfatizar que 90% da população síria vive abaixo da linha da pobreza.

Guterres, que reconheceu que foi feito um “grande progresso” para ampliar a resposta humanitária no país e que o pior foi evitado, alertou que “é preciso mais” e especificou a importância de arrecadar 4,4 mil milhões de dólares “para ajudar as pessoas na Síria e outros 5,6 mil milhões para apoiar os refugiados na região.

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“É por isso que sempre afirmei a importância de manter e expandir o acesso, inclusive através de operações transfronteiriças”, disse o português.

“Quando se trata de fornecer ajuda vital às pessoas necessitadas em toda a Síria, todos os canais devem estar disponíveis e permanecerem disponíveis“, insistiu.

De acordo com Guterres, desde que as medidas foram autorizadas pelo Conselho de Segurança em 2014, entraram naquele país do Médio Oriente 50 mil camiões com ajuda humanitária.

Das cinco etapas originais, resta apenas uma (no noroeste da Síria), devido à oposição da Rússia, principal parceiro de Damasco nas Nações Unidas, e que defende que qualquer ajuda que entre no país deve ser controlada pelo do Governo sírio.

Apelo fortemente aos membros do Conselho de Segurança para que mantenham o consenso sobre a permissão de operações transfronteiriças, renovando a resolução 2.585 por mais 12 meses”, disse.

“É um imperativo moral abordar o sofrimento e a vulnerabilidade de 4,1 milhões de pessoas na área que precisam de ajuda e proteção”, acrescentou.