O Presidente da Rússia, Vladimir Putin, anunciou este sábado que autorizou o envio de sistemas de mísseis com capacidade de transportar ogivas nucleares (Iskander-M) para a Bielorrússia. Num encontro em São Petersburgo com o seu homólogo bielorrusso Alexander Lukashenko, o chefe de Estado russo salientou que o armamento chegará a território bielorrusso “nos próximos meses”.

“Transferiremos para a Bielorrússia sistemas de mísseis táticos Iskander-M, que podem usar mísseis balísticos ou de cruzeiro, em versões convencionais ou nucleares”, afirmou Vladimir Putin citado pela agência de notícias russa, que também divulgou que procederá à “modernização” dos caças bombardeios Su-25 pertencentes às Forças Armadas bielorrussas.

A decisão do Presidente russo surge após o seu homólogo bielorrusso ter alertado para os perigos que a NATO representa para a região. Alexander Lukashenko admitiu “estar muito preocupado” com os voos de teste de lançamento de mísseis com capacidade nuclear por parte da aliança militar e dos Estados Unidos. “É muito frustrante”, reconheceu, pedindo “por favor” a Vladimir Putin para “ajudar” a responder a esta ameaça, propondo para o efeito um acordo militar com a Rússia no caso de um ataque norte-americano.

Nós estamos muito preocupados com os testes dos EUA e da NATO. Por isso é que pedimos uma resposta de retaliação a essas coisas. Sem exagerar. Peço-lhe uma resposta na mesma moeda [aos Estados Unidos]. Por favor, ajude-nos a pelo menos ajustar os nossos meios aéreos para carregar ogivas nucleares. Não estou a propor que se transporte armamento nuclear já amanhã. Mas não podemos brincar com isto”, advertiu Alexander Lukashenko citado pela agência de notícias Belta. “É uma situação muito séria para nós.”

Perante o pedido de Lukashenko, o Presidente russo indicou que se “poderia” estabelecer um acordo militar, mas sinalizou que não “seria preciso”. “Mas concordo totalmente de que devemos precaver a nossa segurança, a defesa do Estado da União da Bielorrússia e da Rússia e provavelmente a defesa de outros Estados Organização do Tratado de Segurança Coletiva [de que fazem parte a Arménia, a Bielorrússia, o Cazaquistão, o Quirguistão, a Rússia e o Tajiquistão]”, ressalvou Vladimir Putin.

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Lukashenko considera que decisão da Lituânia é “intolerável” e “equivale a uma declaração de guerra”

O Presidente bielorrusso reconheceu, no encontro com Putin, estar “muito inquieto” com a política dos dirigentes lituanos e polacos, acusando-os de adotar uma política “a favor do confronto”. “Eu não percebo por é que eles querem um confronto. É claro que eles estão a ser influenciados para isso, mas a sua política é repugnante”, atirou Alexander Lukashenko.

Sobre o bloqueio parcial aplicado pela Lituânia no que concerne ao transporte de algumas mercadorias para Kaliningrado, o chefe de Estado da Bielorrússia defendeu que esta decisão tinha como objetivo isolar o enclave russo e é “o equivalente a declaração de guerra”. “Estas ações são intoleráveis nas condições modernas”, destacou.

Os dois líderes discutiram ainda a importação de produtos sancionados pelos Ocidente. “Se tudo correr como planeado, nós vamos começar a importar produtos substitutos dentro em breve”, afirmou Alexander Lukashenko, assegurando que as “empresas de países hostis” não vão conseguir alcançar o seu objetivo de prejudicar a economia dos dois países. “Vamos conseguir produzir os nossos próprio produtos durante este ano e no próximo.”

O encontro entre Vladimir Putin e Alexander Lukashenko ocorreu no 30.º aniversário do estabelecimento de relações diplomáticas entre a Rússia e a Bielorrússia. O Presidente russo afirmou que não “era um dia normal”. “O volume da nossa interação requer que estamos muitas vezes juntos e é isso que estamos a fazer aqui”, disse ainda.