Passaram 131 dias desde que começou a invasão russa da Ucrânia. Depois de este domingo Volodymyr Zelensky ter confirmado a retirada das forças da Ucrânia de Lysychansk, a última grande cidade da região de Lugansk sob domínio ucraniano, o Ministério da Defesa britânico disse que é provável que a região de Donetsk seja o próximo grande alvo da Rússia. Na atualização desta segunda-feira sobre a situação na Ucrânia, o Reino Unido alertou para o impacto que o conflito continua a ter no setor agrícola e nas exportações ucranianas.

Durante a madrugada, várias localidades na região de Kharkiv foram bombardeadas pelo exército invasor. No distrito de Shevchenkiv, uma escola secundária foi destruída. Não há relato de vítimas, informou o governador regional. Os russos terão também destruído esta noite um armazém de munições em Snizhne, na zona este de Donetsk.

Na Suíça, inicia-se esta segunda-feira uma conferência de dois dias para discutir a reconstrução da Ucrânia. A iniciativa contará com a participação de mais de mil líderes de países e representantes de organizações internacionais e do setor privado.

O Presidente ucraniano Volodymyr Zelensky afirmou hoje que a Ucrânia encontra-se em conversações com a Turquia e a Organização das Nações Unidas para garantir a segurança da exportação de cereais dos portos ucranianos.

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O que aconteceu no final da tarde e durante a noite?

  • O Presidente ucraniano Volodymyr Zelensky afirmou hoje que a Ucrânia encontra-se em conversações com a Turquia e a Organização das Nações Unidas para garantir a segurança da exportação de cereais dos portos ucranianos.
  • O discurso de Volodymyr Zelensky de hoje ficou marcado pela correção do tema da cimeira em Lugano. Isto porque, para o líder da Ucrânia, os líderes políticos deveriam debater não a ajuda prestada ao país do leste da Europa no fim do conflito, mas sim o auxílio, atualmente, à reconstrução da Ucrânia.
  • Moscovo admite que a sua resposta à expulsão pela Bulgária de 70 membros do seu corpo diplomático pode incidir sobre o conjunto da União Europeia, afirmou hoje a porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros russo.
  • A primeira-ministra sueca, Magdalena Andersson, afirmou hoje em Kiev que a Suécia “apoiará a política de porta aberta da NATO”. A líder sueca afirmou ainda que o país permanece “aberto a futuras sanções” contra a Rússia.
  • O primeiro-ministro do Reino Unido, Boris Johnson, afirmou hoje que a comunidade internacional necessita de criar “rotas alternativas” para transportar os cereais da Ucrânia. Na Câmara dos Comuns, o líder do executivo britânico sugeriu a utilização das linhas ferroviárias ou da via marítima através do rio Danúbio.
  • Phan Thi Kim Phuc, a famosa rapariga da fotografia de 1972 do ataque com napalm no Vietname, acompanhou hoje a retirada de 236 refugiados da guerra na Ucrânia, num voo que partiu de Varsóvia em direção ao Canadá. Phan Thi Kim Phuc disse querer que a sua história e trabalho em nome dos refugiados transportasse uma mensagem de paz.
  • A concessionária das minas de Torre de Moncorvo Aethel Mining admitiu hoje que a guerra na Ucrânia fez disparar a procura de agregado de ferro ali extraído, tendo pré-vendas para os próximos 18 meses.
  • A procuradoria-geral da Ucrânia anunciou hoje ter congelado 12 milhões de dólares — cerca de 11,5 milhões de euros — em bens que pertencem a empresas russas e bielorrussas. Foram apreendidos 300 contentores ferroviários com fertilizantes que terão violado as normas da Ucrânia.
  • O arcebispo da região russa de Belgorod apelou ao fim do “derramamento de sangue em solo ucraniano”, numa manifestação rara de posição contra Moscovo.
  • A Finlândia e a Suécia concluíram hoje as negociações para se tornarem membros da NATO, uma formalidade depois de a Turquia ter levantado o veto à entrada de Helsínquia e de Estocolmo na Aliança.
  • O primeiro-ministro ucraniano, Denys Chmygal, afirmou hoje em Lugano que “os oligarcas [russos] deveriam pagar a reconstrução” da Ucrânia. O primeiro-ministro explicou que os bens confiscados aos oligarcas alvos de sanções deveriam ser utilizados na reconstrução do país.
  • O chanceler alemão, Olaf Scholz, pediu hoje ao povo alemão para que se mantenha unido no “desafio histórico” do aumento dos preços em consequência da guerra na Ucrânia. Para Scholz, a “agressão da Rússia à Ucrânia mudou tudo, e ao mesmo tempo, as cadeias de abastecimento estavam já fragilizadas pela pandemia”.
  • A defesa do cidadão britânico Aiden Aslin, condenado no mês passado a pena de morte por ser “mercenário” ao serviço da Ucrânia, apresentou um recurso no tribunal da autoproclamada República Popular de Donetsk. Aiden Aslin tinha sido condenado no dia 9 de junho juntamente com outro cidadão britânico — Shaun Pinner — e outro marroquino, Brahim Saadoune.
  • A jornalista russa Maria Ponomarenko, detida em abril na cidade de São Petersburgo por afirmar que “as pessoas sãs apoiam a paz na Ucrânia”, foi transferida para um hospital psiquiátrico na Sibéria. A jornalista será avaliada ao longo de 28 dias no hospital Psicológico de Altai.
  • Portugal vai ajudar na reconstrução de escolas na região ucraniana de Jitomir, a cerca de 150 quilómetros de Kiev, anunciou hoje o ministro da Educação, João Costa. Estimativas do governo ucraniano apontam para 1.200 estabelecimentos de ensino do país destruídos pela guerra, desde o início da invasão da Ucrânia pela Rússia em 24 de fevereiro.
  • As autoridades turcas detiveram um navio de carga russo na costa do Mar Negro, que a Ucrânia afirma transportar grãos de cereais ucranianos roubados, conta a Reuters. Segundo uma fonte das autoridades turcas, as alegações de roubo dos cereais “estão a ser investigadas”, com o envolvimento da Rússia, das Nações Unidas e de terceiros.
  • Boris Johnson considerou hoje que a cimeira da NATO “excedeu todas as expectativas”. Para o líder do executivo britânico, as expectativas excedidas estavam relacionadas com a manutenção da unidade dentro da Organização do Tratado Atlântico Norte, assim como no apoio à Ucrânia “por quanto tempo for necessário”.
  • Portugal atribuiu até hoje 46.181 proteções temporárias a pessoas que fugiram da guerra na Ucrânia, 28% das quais concedidas a menores, anunciou o Serviço de Estrangeiros e Fronteiras.

O que aconteceu durante a manhã

  • O primeiro-ministro ucraniano, Denys Shmyhal, disse em Lugano, na Suíça, que são precisos mais de 100 mil milhões de dólares para reconstruir as infraestruturas que foram danificadas até ao momento pela guerra na Ucrânia.
  • Volodymyr Zelensky, que participou ao início da tarde na conferência em Lugano sobre a recuperação da Ucrânia na Suíça, disse que a recuperação do seu país é uma “tarefa comum a todo o mundo democrático” e a “maior contribuição para a paz global”.
  • A Presidente da Comissão Europeia anunciou durante a manhã em Lugano a criação de uma plataforma de reconstrução para mapear investimentos necessários, ajudar a coordenar as ações e canalizar fontes. Ursula von der Leyen reiterou o apoio da União Europeia à Ucrânia, garantindo que os Estados-membros vão continuar a ajudar a causa ucraniana. Até ao momento, a UE disponibilizou cerca de 6,2 mil milhões de euros para a Ucrânia, contabilizou a BBC.
  • Vladimir Putin congratulou as tropas russas pela “libertação” da região de Lugansk e ordenou ao ministro da Defesa da Rússia que continue a ofensiva. Numa conversa divulgada pela televisão estatal, o Presidente disse que os militares que envolvidos na operação devem descansar, mas que os restantes devem continuar a lutar.
  • Cerca de 90% das infraestruturas Lysychansk encontram-se danificadas, informou o governador de Lugansk, adiantando que 90% das pessoas já abandonaram a cidade e que dez mil permanecem nas suas casas. Não há água ou gás e existem problemas com a rede eléctrica.
  • O Papa Francisco mostrou vontade de visitar em breve a Ucrânia e também a Rússia, se Moscovo o permitir. Em entrevista à Reuters, o Pontífice disse ter esperança de o conseguir fazer após a visita ao Canadá, este mês. Francisco gostava de contribuir para o processo de paz.
  • A ex-primeira-ministra ucraniana Yulia Tymoshenko considerou em entrevista ao The Telegraph que as esperanças de um acordo de paz entre a Rússia e a Ucrânia são ilusórias e que a única solução é “acabar” com Vladimir Putin e a invasão russa.

O que aconteceu durante a madrugada

  • Uma escola secundária em Shevchenkiv, na região de Kharkiv foi destruída pelas forças russas durante a madrugada, informou o governador, de acordo com o The Guardian. Outros edifícios foram danificados durante ataques do exército inimigo. Não há relatos de vítimas.
  • A NEXTA, um meio de comunicação bielorrusso, noticiou esta manhã a destruição de um armazém de munições pelas forças russas na localidade de Snizhne, na zona este de Donetsk. A informação não foi confirmada de forma independente.
  • Cerca de oito mil civis permanecem em Sievierodonetsk e outros dez mil em Lysychansk, cidades ocupadas pelos russos, informou no Telegram o governador de Lugansk, segundo o The Guardian.
  • Após a conquista ussa de Lysychansk, em Lugansk, confirmada este domingo à noite pelo Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, é “muito provável” que a Rússia vire a sua atenção para Donetsk, onde muitas localidades permanecem controladas pelos ucranianos, informou o Ministério da Defesa britânico na mais recente atualização sobre a guerra na Ucrânia.
  • Na mesma atualização sobre a situação na Ucrânia, o Ministério da Defesa britânico chamou a atenção para o “impacto devastador” que a invasão russa continua a ter no setor agrícola do país. O Reino Unido estima que, este ano, as exportações de cereais ucranianas não ultrapassem os 35% em relação a 2021.
  • O Presidente bielorrusso Alexander Lukashenko declarou este domingo que a Bielorrússia vai continuar a apoiar a invasão da Ucrânia pela Rússia e que as duas nações, que “têm praticamente um exército unificado”, vão “permanecer juntas”, referiu a Sky News.
  • Cerca de mil líderes de vários países e representantes de organizações internacionais e do setor privado vão reunir-se a partir desta segunda-feira na Suíça para delinear um plano para a reconstrução da Ucrânia. Zelensky vai participar por videoconferência.