O Governo moçambicano anunciou esta sexta-feira já ter mobilizado 135 milhões de dólares (132,6 milhões de euros) com apoio de parceiros para atribuir subsídios à população que ajudem a fazer face à inflação global provocada pela guerra na Ucrânia.
O Governo mobilizou recursos para assegurar que haja estabilidade nos preços dos transportes públicos, tendo já 50 milhões de dólares para este fim”, disse Max Tonela.
O governante falava em Maputo numa conferência de imprensa com Abebe Selassie, diretor do departamento africano do Fundo Monetário Internacional (FMI), que visita Moçambique para avaliar o cenário e conhecer as medidas do Governo.
Max Tonela atribuiu pela primeira vez um número ao “subsídio ao passageiro” que já vem sendo anunciado desde há uma semana pelas autoridades moçambicanas, mas sobre o qual se aguardam pormenores quanto à aplicação.
“Mesmo que haja incrementos adicionais” no preço dos combustíveis, “as populações nos centros urbanos” estarão “protegidas, pelo menos nos próximos seis meses”, referiu o ministro, numa perspetiva de a situação, entretanto, melhorar – ou seja, de o petróleo voltar a negociar abaixo dos 100 dólares por barril.
O ministro disse que o subsídio está a ser “afinado” com a associação do setor.
“Além disso, mobilizámos 85 milhões de dólares” para “financiar famílias mais desfavorecidas, aumentando os números de agregados abrangidos e o valor a atribuir” no âmbito dos apoios sociais do Estado, sobretudo nas zonas periurbanas e rurais.
Estas medidas juntam-se a reformulações no cálculo do preço dos combustíveis, decididas pelo Governo desde março para mitigar os três aumentos deste ano, salientou Tonela, acrescentando que outros apoios podem ser discutidos.
Abebe Selassie reconheceu as dificuldades, disse que o FMI pode dar uma ajuda financeira extra e deu nota positiva às medidas anunciadas.
“Acho que a direção que Moçambique tem tomado está certa”, disse.
O fundo aprovou em 9 de maio um novo programa de financiamento ao país no valor de 470 milhões de dólares (462 milhões de euros) até 2025, sendo 91 milhões de dólares (89,45 milhões de euros) disponibilizados de imediato.
“Reconhecemos estes desafios e estamos prontos para ajudar os governos, inclusivamente com financiamento adicional” em torno de medidas que possam “amortecer os efeitos desta crise sobre os mais vulneráveis”, referiu.
“Esta crise do custo de vida afeta a população de forma amplificada aqui, porque as pessoas tem menos recursos e resiliência para enfrentar um choque destes”, disse.
Selassie visita Moçambique “para saber mais sobre a situação no país e para o transmitir à administração” do FMI.
Desde quinta-feira já se reuniu com o Presidente da República, primeiro-ministro e governador do Banco Central.
A visita acontece depois de viagens ao Senegal e Chade.
“O que vejo são países, ministros, governo a ter de tomar decisões difíceis”, reconheceu, reiterando apoio do FMI.