O Tribunal de Aveiro condenou esta quinta-feira a 18 anos de prisão uma mulher de 57 anos por ter esfaqueado mortalmente o marido em agosto de 2021, na residência do casal, causando-lhe 85 ferimentos.

O coletivo de juízes deu como provado o crime de homicídio qualificado de que a arguida estava acusada.

Além da pena de prisão, a mulher vai ter de pagar uma indemnização de 115 mil euros aos filhos da vítima mortal.

O coletivo de juízes declarou ainda a indignidade sucessória, o que quer dizer que a mulher não tem direito à herança do falecido.

A arguida irá continuar em prisão preventiva até se esgotarem todas as possibilidades de recurso.

Durante o julgamento, a mulher alegou ter agido em legítima defesa, afirmando que foi o marido que começou com as agressões, por não aceitar a ideia de que ela pudesse pedir o divórcio.

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Disse ainda ter agarrado num ancinho e começado a lutar com o marido, tendo perdido a noção do que estava a fazer.

Não sei como é que consegui fazer aquilo (…) Foi um ato de sobrevivência”, exclamou, negando ser uma pessoa violenta.

Após as agressões, a arguida contou que o companheiro foi à casa de banho e caiu no chão, não se tendo apercebido que ele estava inanimado, e explicou que não pediu socorro porque pensava que ele “estava a fazer fitas”, tendo-o chamado várias vezes para ele ir para a cama.

Já de manhã, a arguida referiu que saiu à rua para comprar cigarros e regressou a casa, tendo chamado o marido para comer qualquer coisa, e só perto da hora do almoço é que teve a noção de que ele estava morto, tendo enviado uma mensagem à irmã a contar o sucedido.

O crime ocorreu na noite a 4 de agosto de 2021, na residência do casal na rua Cândido dos Reis, no centro da cidade de Aveiro.

A acusação do Ministério Público (MP) refere que a arguida e a vítima mantinham, desde o início da relação em julho de 2019, conflitos no seio do casal, existindo uma queixa pelo crime de violência doméstica contra o elemento masculino que não chegou a ter julgamento.

De acordo com a investigação, a mulher desferiu uma pancada na cabeça da vítima com um ancinho, logo após muniu-se de uma faca e, já no quarto, desferiu vários golpes na zona da garganta da vítima.

O MP refere ainda que quando a vítima estava inanimada, caída no chão do corredor, para onde fugiu na tentativa de sair de casa, a arguida desferiu-lhe diversas facadas na zona do tórax, tendo-lhe provocado, no total, 85 ferimentos.