Continua a crescer a lista de oligarcas russos que morrem em circunstâncias consideradas suspeitas. O último foi Ravil Maganov, presidente do conselho de administração e vice-presidente da Lukoil, a segunda maior petrolífera da Rússia e uma das poucas empresas que publicamente criticou a invasão à Ucrânia. O homem, que tinha sofrido um ataque cardíaco e estava internado, terá morrido após cair de uma janela do sexto andar do Hospital Clínico Central de Moscovo, avançou, esta quinta-feira, a agência estatal russa TASS, que disse que o homem terá cometido suicídio.
Contabilizam-se, assim, já nove mortes de magnatas russos desde o início da guerra — muitos deles, morreram em circunstâncias idênticas (quase todas, suicídio), havendo até casos com datas muito próximas. As vítimas são executivos ou antigos executivos com altos cargos, sobretudo, na indústria petrolífera e do gás, as mais afetadas pelas sanções impostas pelo ocidente à Rússia pela invasão da Ucrânia. Dissidentes russos acreditam tratar-se de uma purga levada a cabo por Vladimir Putin.
Alexander Subbotin
Antigo executivo de topo da petrolífera Lukoil, Alexander Subbotin foi encontrado morto, a 10 de maio, na casa de um xamã, em Mytischchi, na Rússia, avançou a agência estatal russa TASS. O homem terá morrido vítima de um ataque cardíaco, avançaram na alturas as autoridades. De acordo com a mesma agência, Subbotin terá chegado a esta casa para fazer um tratamento anti-ressaca, que incluía realizar um corte na pele e expor a ferida a veneno de sapo, poderoso alucinogénico rico numa toxina com propriedades psicadélicas. Foi encontrado sem vida no dia seguinte por dois xamãs.
Andrei Krukovsky
Andrei Krukovsky, 37 anos, diretor-geral da estância de ski Krasnaya Polyana, localizada na cidade de Sochi e gerida pela Gazprom (é mais famosa da Rússia, frequentada até por Vladimir Putin), foi encontrado morto no início de maio, depois de cair de um penhasco. “O diretor geral do resort de Krasnaya Polyana, Andrei Alekseevich Krukovsky, morreu tragicamente. Ele amava as montanhas e encontrou paz nelas. A tragédia ocorreu no caminho para a fortaleza de Achipsinskaya, como resultado da queda”, declarou a agência turística à TASS na fortaleza de Aczipsinskoy. Não resistiu aos ferimentos provocados pela queda, tendo o óbito sido declarado no hospital.
Sergei Protosenya
A 19 de abril, o milionário russo Sergei Protosenya, 55 anos, foi encontrado morto, vítima de enforcamento, na sua mansão de luxo, em Lloret de Mar, em Espanha. A sua mulher e a filha de 18 anos também morreram, vítimas de golpes de faca. Foram descobertas deitadas numa cama, no primeiro andar da casa, cobertas por um lençol, junto a uma faca e um machado. As autoridades espanholas acreditaram tratar-se de um homicídio seguido de suicídio. Protosenya tinha feito parte da Novatek, uma das maiores empresas de produção de gás da Rússia. Fedor, o filho sobrevivente, lançou dúvidas sobre aquilo que de facto aconteceu: ao MailOnline, rejeitou a teoria das autoridades, afirmando que o pai “nunca faria nada para magoar” a sua mãe e irmã. “Não sei o que aconteceu naquela noite, mas sei que o meu pai não as magoou.”
Oligarca russo e família encontrados mortos em Lloret de Mar
Vladislav Avayev
No dia anterior, a 18 de abril, o oligarca russo Vladislav Avayev, 51 anos, antigo aliado de Putin e antigo vice-presidente da Gazprombank, o terceiro maior banco da Rússia, apareceu morto em circunstâncias suspeitas e semelhantes: foi encontrado sem vida no seu apartamento em Moscovo, junto da mulher e filha de 13 anos, que foram encontradas com ferimentos de bala. De acordo com o que reportou na altura a agência TASS, a justificação das autoridades responsáveis pela investigação é idêntica à da morte de Protosenya: o homem terá morto a família e posto fim à sua vida. A porta de casa do magnata estaria trancada por dentro quando os corpos foram encontrados. Avayev tinha uma arma na mão.
Vasily Melnikov
A 24 de março, o bilionário Vasily Melnikov, executivo da MedStom , gigante de equipamentos médicos, foi encontrado morto junto da esposa, Galina, e dos dois filhos de 10 e 4 anos, no seu apartamento na cidade de Ninzhni Novgorod, na Rússia. Apesar da suspeita de crime cometido um antigo sócio com quem terá tido um conflito, as autoridades voltaram a pôr em cima da mesa a suspeita de um homicídio seguido de suicídio. A MedStom terá sido muito prejudicada pelas sanções impostas pelo ocidente à Rússia na sequência da invasão à Ucrânia.
Mikhail Watford
A 28 de fevereiro, Mikhail Watford, magnata do petróleo e gás, nascido na Ucrânia, nos tempos da União Soviética, foi encontrado morto, na garagem de sua casa, em Surrey, no sul da Inglaterra, onde se terá enforcado, avançou a BBC. As autoridades inglesas consideraram tratar-se de um caso de suicídio. Watford mudou-se para o Reino Unido no início dos anos 2000, juntamente com a mulher.
Alexander Tyulyakov
Três dias antes, a 25 de fevereiro, era Alexander Tyulyakov, diretor-geral do Centro Unificado da Gazprom para a Segurança Cooperativa, a morrer nas mesmas circunstâncias: foi encontrado morto pela mulher de 61 anos, enforcado na garagem de sua casa, em São Petersburgo. À Novaya Gazeta as autoridades russas adiantaram que o oligarca tinha deixado uma nota de suicídio. Tyulyakov tinha sido espancado na véspera da sua morte.
Leonid Schulman
Leonid Schulman, outro executivo de topo da Gazprom, apareceu morto no final de janeiro, um mês antes de as tropas russas invadirem a Ucrânia. Também a sua morte foi classificada de suicídio — até porque foi encontrada uma nota junto ao seu corpo, em que o oligarca dizia que não queria ser uma “pessoa inválida” e um “fardo” para a sua família, referindo a dor numa perna que tinha partido, disse a 78.ru — que adiantou também que o homem tinha pedido uma baixa médica por causa desta lesão.