Depois do embaraço público causado pelo líder da concelhia do PSD/Lisboa, Luís Newton, ao presidente da Câmara Carlos Moedas e com o fantasma de Carmona Rodrigues ainda na memória, o deputado social-democrata Alexandre Simões vai tentar tirar a liderança do PSD/Lisboa a Newton, nas eleições do próximo dia 8 de outubro. No manifesto de candidatura Alexandre Simões diz que Newton mostrou “estar disposto a tudo” e que a confusão gerada é “inaceitável”.

Alexandre Simões assume o objetivo de “regenerar” o PSD em Lisboa e não tem pudores em “repudiar” o comportamento de Luís Newton na Assembleia Municipal: “Trata-se de um ato insólito e inaceitável, mostrando que o atual Presidente da Concelhia está disposto a tudo. Não tem pejo em aliar-se ao Partido Socialista, à semelhança do que aconteceu em 2007”.

Ao Observador, Alexandre Simões frisa que a candidatura se propõe a “libertar o PSD de uma lógica de aparelho” e que Luís Newton tem que “assumir responsabilidades políticas depois de ter surpreendido o presidente da Câmara Municipal de Lisboa, os deputados municipais, militantes do PSD e até os eleitores”.

Ainda que ninguém se atravesse a admitir o apoio do Executivo a esta candidatura alternativa — desde logo para proteger Moedas da mossa que uma derrota podia provocar na imagem da própria equipa–, nos corredores do PSD Lisboa constata-se o facto de grande parte dos apoiantes desta candidatura de Alexandre Simões terem sido também os nomes indicados por Filipa Roseta na lista para eleição de delegados no último Congresso, apresentada em oposição à de Newton.

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“É necessário ter à frente do PSD/Lisboa uma liderança e equipa responsável, que perceba que ganhou mas não tem maioria absoluta na Câmara Municipal, nem na Assembleia Municipal ou nas juntas de freguesia”, comenta com o Observador um dos militantes social-democratas em Lisboa que vê em Alexandre Simões uma solução para uma “atitude responsável, leal e colaborativa”.

Ainda no PSD/Lisboa há quem veja esta candidatura como “natural” tendo em conta o histórico recente do partido na cidade e o receio da repetição de uma situação semelhante à que aconteceu a Carmona Rodrigues e que acabou, indiretamente, por abrir caminho à liderança socialista em Lisboa que durou até ao ano passado e catapultou António Costa para a liderança do país.

Outra das fontes sociais-democratas lembra que Alexandre Simões foi “um dos nomes impostos por Rui Rio, contra a vontade da concelhia de Lisboa” e que “a partir daí as relações pessoais entre Luís Newton e Alexandre Simões se deterioraram” ao ponto de levar agora o deputado do PSD a aproveitar a desafinação entre Newton e Moedas para avançar com uma candidatura à concelhia.

Com Moedas a ter vencido a Câmara com a coligação Novos Tempos é transversal a ideia de que o presidente da autarquia não se tomará nenhum dos lados, pelo menos publicamente, na eleição do próximo dia 8, procurando desvincular-se, pelo menos publicamente, de jogos partidários e da dinâmica do PSD/Lisboa.