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Outrora remoto, agora cada vez mais real. Vladimir Putin elevou o tom e ameaçou o mundo com o uso de armas nucleares. No seu discurso a 21 de setembro, em que divulgou a mobilização parcial, o Presidente russo abriu a caixa de Pandora e declarou que usaria “todos os meios disponíveis” para garantir “a integridade territorial da pátria, a independência e a liberdade”. “Isto não é bluff”assegurou. Os avisos do líder russo tiveram eco nas últimas horas: primeiro, Joe Biden, Presidente dos Estados Unidos e, depois, Angela Merkel, ex-chanceler alemã, sublinharam a ideia de que Putin está mesmo a falar a sério quando se refere ao uso de armas nucleares.

No discurso da última sexta-feira, em que a Rússia celebrou as alegadas anexações de quatro territórios, Vladimir Putin voltou a fazer chantagem nuclear. “Nós vamos proteger a nossa pátria com todos os poderes e meios à nossa disposição“, reiterou, acrescentando que o país está numa batalha para “que o destino e a História o chamaram”.

Além disso, nesse mesmo discurso, Vladimir Putin lembrou que os “Estados Unidos foram o único país no mundo que usou duas vezes armas nucleares, destruindo as cidades japoneses de Hiroshima e Nagasaki”. “Abriu um precedente”, indicou o Presidente russo, que também notou que “a Alemanha, o Japão e a Coreia do Sul chamam cinicamente aos EUA aliados”.

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Tudo isto leva a que o Presidente dos Estados Unidos tenha dito, esta sexta-feira, que o seu homólogo russo “não estava a brincar” quando ameaçou o mundo com a utilização de armas nucleares. “Desde Kennedy e a crise dos mísseis de Cuba” que o mundo não enfrentava “a hipótese de um apocalipse”, referiu Joe Biden. A ex-chanceler alemã partilha da mesma opinião, sinalizando que não se deveria interpretar as ameaças russas enquanto “bluff”.

As ameaças nucleares russas

Após a invasão à Ucrânia, Vladimir Putin aumentou o tom das ameaças. No entanto, não foi a única vez que tentou intimidar o mundo com o perigo nuclear. Em fevereiro de 2008, o Presidente russo prometeu que atacaria a Ucrânia se os Estados Unidos estacionassem mísseis no país. Em agosto, voltou a ameaçar a Polónia exatamente pelos mesmos motivos.

O Presidente russo não foi o único alto dirigente russo a usar a chantagem nuclear. Em 2014, o ministro dos Negócios Estrangeiros russo, Sergei Lavrov, deixou bem claro que a Rússia usaria armas nucleares se a Ucrânia “se atravesse” a retomar o controlo da península.

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Em 2015, o Kremlin voltou a fazer ameaças idênticas, tendo como alvo a Dinamarca. Se Copenhaga aderisse ao sistema de defesa da NATO, a Rússia atacaria os navios de guerra dinamarqueses com mísseis nucleares.

Nestes casos, Vladimir Putin acabou por não carregar no botão, tendo apenas feito bluff. No entanto, Joe Biden reforçou que “conhece bem” o Presidente russo: “Ele não está a brincar quando fala de um uso potencial de armas nucleares, biológicas ou químicas táticas. Isto porque o Exército dele está, poder-se-ia dizer, a ter um desempenho insuficiente e insatisfatório”.

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Também a ex-chanceler alemã, Angela Merkel, advertiu que as ameaças de Putin “devem ser levadas a sério”. “Somos aconselhado a lidar com isto seriamente e não classificar as ameaças como bluff.”