Com uma história indissociável da competição, a Alpine revelou hoje um concept que se inspira nesse passado, mas que está claramente a apontar o futuro desta marca do Grupo Renault. No “corpo” de um carro de corridas, a marca francesa integra uma série de soluções que, assegura, vão passar para os futuros modelos.

O Alpenglow, assim se chama este monolugar conceptual com mais de 5 metros de comprimento, mais de 2 metros de largura e menos de 1 m de altura, serve de antecâmara para revelar o que aí vem, em termos de estilo e de avanços tecnológicos. A ponto de a Alpine reconhecer que as formas do carro que vai correr na categoria LMDh do WEC se irão inspirar “na forte personalidade do Alpenglow”.

Curiosamente, numa fase em que este emblema do Grupo Renault se prepara para transitar para modelos 100% eléctricos, o Alpenglow exibe formas esculpidas à volta de… dois tanques de hidrogénio. Este serve não para produzir electricidade a bordo com recurso a uma célula de combustível, mas sim para alimentar o motor de combustão, que se encontra na parte de trás do concept, enquanto os depósitos que armazenam o hidrogénio a 700 bares ladeiam o condutor, sentado em posição central, qual piloto de Fórmula 1.

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Para propor esta mecânica, os franceses aliaram-se à HYVIA e defendem que uma solução a “hidrogénio verde” se enquadra perfeitamente na ambição da marca de ser cada vez mais sustentável. “Um motor movido a hidrogénio liberta praticamente nada mais do que vapor durante a combustão. A água, por outras palavras, é central no desenho de Alpenglow”, argumenta a Alpine – não com muita propriedade, uma vez que a queima de hidrogénio emite NOx e os óxidos de azoto são um poluente delicado -, acrescentando ainda que este tipo de motorização “concilia o respeito pelo ambiente” com “a potência, a leveza e a riqueza de emoções sonoras” habitualmente associadas ao prazer de condução.

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Esculpido com óbvias preocupações aerodinâmicas que “encapsulam a futura linguagem de design da Alpine, neste concept a forma deriva da função, com a carroçaria a ser desenhada de modo a optimizar o fluxo do ar, canalizando-o para a longa traseira onde se evidenciam os apêndices inspirados nas estreitas asas do A220 que, no final dos anos 60, se impôs no domínio da aerodinâmica. Já o cockpit tem a particularidade de ser em forma de capacete. Ainda no exterior, destaque para a linha vermelha que “divide” ao meio o monolugar e para a bandeira francesa no capot, identificando orgulhosamente o berço desta criação. Nota ainda para a transparência de diversos componentes, incluindo o cockpit e o spoiler traseiro que, à medida que se move, reduz o arrasto e aumenta a downforce. Esta opção é um clara afirmação de que a tecnologia avançada deve mostrar-se desinibidamente e é isso que se espera de uma “Dream Garage”:

Perseguindo a máxima leveza e, ao mesmo tempo, a sustentabilidade, o Alpenglow recorre a muita fibra de carbono e até a carbono reciclado, opção que “também será incorporada nos carros a ser lançados em breve”. De recordar que na calha estão três modelos a bateria: um desportivo para o segmento B, um crossover para o segmento C e o sucessor do A110.

Quanto ao interior, é completamente voltado para o piloto, nele se destacando “pormenores” como o volante inspirado nos carros que correm em LMP1. Na base possui selectores e conta ainda com um botão para accionar o “boost”. Ao centro encontra-se uma ranhura onde encaixa a chave de ignição, em forma de prisma. Como é no meio que está a virtude, uma vez colocada a chave nesse orifício, está tudo a postos para a Alpine partir para o futuro. E este, muito provavelmente, vai ser iluminado com a nova assinatura luminosa exibida pelo Alpenglow.