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O Irão prometeu fornecer à Rússia mísseis terra-terra e drones, numa altura em que as autoridades ucranianas têm denunciado ataques russos com recurso a armas iranianas, avança a Reuters, citando dois altos funcionários iranianos e dois diplomatas.

Segundo as mesmas fontes, o envio das armas foi acordado depois de uma série de reuniões, incluindo a 6 de outubro, quando uma delegação composta pelo vice-presidente iraniano Mohammad Mokhber, dois oficiais da Guarda Revolucionária e um oficial do Conselho Supremo de Segurança Nacional viajaram até Moscovo.

Kiev e os seus aliados ocidentais acusaram a Rússia de utilizar nas últimas semanas drones de fabrico iraniano para efetuar ataques na Ucrânia. No entanto, o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, diz não ter informações sobre a compra destas armas, nem sobre o seu uso nos ataques.

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Os russos pediram mais drones e aqueles mísseis balísticos iranianos com maior precisão, particularmente os mísseis da família Fateh e Zolfaghar”, explicou um dos diplomatas à agência. Segundo o The Guardian, estes mísseis são capazes de atingir alvos a distâncias de 300 quilómetros e 700 quilómetros respetivamente.

Países como os Estados Unidos, a França e o Reino Unido tem alegado que o envio de armas se trata de uma violação da resolução do Conselho de Segurança Organização das Nações Unidas de 2015, acusações que as fontes ouvidas pela Reuters rejeitam. “O lugar onde estão a ser usados não é da conta do vendedor. Nós não escolhemos lados na crise na Ucrânia como faz o Ocidente. Queremos terminar esta crise através da via diplomática”, acrescentou.

O Irão tem negociado com o Ocidente a possibilidade de trazer de volta o acordo nuclear de 2015, que foi apoiada pela resolução da ONU. No entanto, as negociações sobre o acordo estão num impasse e os Estados Unidos disseram recentemente que um regresso não é provável a “curto prazo”.

Regresso ao acordo nuclear com Irão não é “provável a curto prazo”

Os EUA já assumiram que vão tomar passos “práticos e agressivos” para dificultar a venda de armas iranianas a Moscovo. O porta-voz do Departamento de Estado norte-americano Vedant Patel descreveu a aliança entre a Rússia e o Irão como uma “ameaça profunda”.

Irão disposto a dialogar com Kiev após alegações “infundadas” sobre drones

As declarações dos oficiais iranianos são contrárias à narrativa de Teerão, que se mostrou esta segunda-feira disposto a dialogar com Kiev para clarificar as alegações “sem fundamento” e “baseadas em informações falsas” sobre o fornecimento à Rússia de armas e drones utilizados na ofensiva contra a Ucrânia.

O porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros iraniano, Nasser Kanani, assegurou, num comunicado, que “o Irão está pronto para negociar e discutir com a Ucrânia para solucionar estas acusações”. “As afirmações segundo as quais a República Islâmica envia armas, incluindo drones de combate, para serem utilizadas na guerra na Ucrânia” são “falsas”, declarou o ministério.

Após diversos ataques dos chamados drones Kamikaze sobre Kiev, a Ucrânia pediu na segunda-feira à União Europeia (UE) que impusesse novas sanções a Teerão. Esta segunda-feira, o chefe da diplomacia ucraniana, Dmytro Kuleba, foi mais longe e sugeriu ao Presidente da Ucrânia o corte das relações diplomáticas com o Irão.

Nos últimos dias, Kiev denunciou por diversas vezes a utilização pela Rússia de drones de fabrico iraniano, em particular os Shahed 136 Kamizake, para atacar infraestruturas energéticas civis na Ucrânia.

Kiev foi atacada com drones kamikaze durante a manhã desta segunda-feira. O que são e quais as suas vantagens?

O ministério iraniano considerou que as alegações sobre os fornecimentos de armamento se inserem numa “intencional instauração, com objetivos políticos e pelos media de certos países, de um clima” hostil a Teerão.

“A República Islâmica, desde o início do conflito, sempre sublinhou a necessidade de pôr termo e resolver os diferendos por meios pacíficos”, acrescentou o porta-voz. Em setembro, a Ucrânia já tinha reduzido a presença diplomática iraniana no país, em represália por alegadas entregas de armamento de Teerão a Moscovo.