O 246.º dia de guerra na Ucrânia ficou marcado pelo discurso do Presidente russo no Fórum de Discussão Valdai, onde acusou o Ocidente, “um conglomerado complexo em que não há unidade”, de promover uma “escalada de guerra na Ucrânia” e fazer parte de um jogo “perigoso, sujo e mortal”.

Vladimir Putin defendeu que a Rússia está apenas no seu direito a existir. “Não queremos que a Rússia se torne hegemónica. Não queremos substituir o mundo unipolar por bipolar ou por tripolar. Queremos um mundo unipolar”, afirmou. Para o líder russo, o mundo ditado pelo Ocidente está “condenado” e não é possível negociar com os países ocidentais porque não há estabilidade em nada.

Durante a intervenção, Putin disse ainda que o Ocidente está a impor os seus valores e modelos de consumo no mundo, acrescentando que a cultura do cancelamento do Ocidente “aniquila tudo o que é vivo e criativo” e “impede o crescimento do pensamento livre. “A Rússia nunca se considerou um inimigo do Ocidente”, ressalvou, dizendo depois que isso não acontece com os países ocidentais, comparando a russofobia ao antissemitismo.

Está quinta-feira, com o aproximar da data em que se celebra a libertação do território ucraniano dos nazis, o Presidente Volodymyr Zelensky traçou uma comparação entre o atual conflito na Ucrânia e a Segunda Guerra Mundial. “O mal, que parecia ter sido finalmente derrotado e queimado em 1945, renasceu das cinzas 80 anos depois”, afirmou.

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Comparando as duas épocas, Zelensky afirma que, apesar de surgir com uma nova forma, o nazismo surge com o mesmo objetivo. “Mais tarde ou mais cedo, as memorias de uma guerra terrível transformam-se numa realidade terrível. O vizinho torna-se o agressor. O agressor torna-se um terrorista. E o nazismo torna-se um exemplo a seguir. Pode surgir com um novo disfarce, novos slogans, mas com o mesmo objetivo. Infelizmente, não é dos livros que sabemos isto”. Segundo Zelensky, o “mal” entrou na casa dos ucranianos há oito anos e oito meses atrás, ano em que a Rússia anexou a península da Crimeia.

O que aconteceu durante a noite?

  • A Rússia voltou a convocar o Conselho de Segurança das Nações Unidas para insistir que a Ucrânia, apoiada pelos Estados Unidos, possuiu laboratórios que desenvolvem armas biológicas.
  • Andrei Yakunin, filho do ex-diretor da Ferrovia Russa, um dos homens fortes do Presidente russo, já foi libertado, avança a agência NEXTA. O russo, que tem também nacionalidade britânica, foi detido na Noruega depois de ter sido detetado a pilotar um drone sobre as ilhas de Svalbard.

  • O Presidente da Ucrânia disse que as tropas russas “não estão prontas” para sair de Kherson e que a alegada preparação de retirada é uma operação de informação.
  • O Presidente russo ainda não decidiu se vai marcar presença na cimeira do G20 na Indonésia, em novembro. Vladimir Putin garantiu que se não estiver no encontro, enviará uma delegação composta por altos funcionários em seu lugar.
  • Os Estados Unidos disseram não ter indicações de que os exercícios anuais “Grom” das forças nucleares russas sejam uma fachada para um lançamento real. “Não vimos nada que nos leve a acreditar, a este ponto, que se trate de algum tipo de atividade de fachada”, afirmou o secretário de Defesa norte-americano, Lloyd Austin.
  • O Presidente russo, Vladimir Putin, disse que apenas a Rússia pode garantir a integridade e soberania da Ucrânia. As declarações foram feitas durante um discurso no Fórum de Discussão Valdai, onde afirmou que a Rússia “criou a Ucrânia de hoje”.
  • As autoridades polacas demoliram nesta quinta-feira quatro monumentos erguidos durante o regime comunista como parte da “des-Russificação” dos espaços públicos no país, que foi intensificada com o início da guerra na Ucrânia.

O que aconteceu durante a tarde?

  • O ministro dos Negócios Estrangeiro ucraniano, Dmytro Kuleba, falou esta quinta-feira com a homóloga alemã sobre a entrega de mais armas à Ucrânia. “Trabalhamos juntos para entregar mais armas à Ucrânia, incluindo através de parcerias com países terceiros”, escreveu Kuleba no Twitter.

  • A Rússia ainda não decidiu se vai prolongar o acordo que permitiu retomar as exportações de cereais através do Mar Negro, afirmou a porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros russo.
  • As autoridades pró-Rússia das zonas ocupadas da região de Zaporíjia anunciaram que os telemóveis dos cidadãos serão inspecionados devido a “propaganda”, noticiou a CNN.
  • A Agência Internacional de Energia afirmou que, paradoxalmente, a invasão da Ucrânia pela Rússia pode ter um efeito positivo para o clima, com uma potencial aceleração da transição energética devido ao aumento do investimento em energia sustentável.
  • Os deputados russos aprovaram hoje, na generalidade, alterações à lei sobre promoção de relações sexuais “não tradicionais”, endurecendo a repressão da chamada “propaganda LGBT”, referente à comunidade lésbica, gay, bissexual e transgénero.

O que aconteceu durante a manhã?

  • Fontes do Governo alemão admitiram que os tubos do gasoduto Nord Stream 2 ficaram inutilizáveis após as explosões ocorridas em setembro e recordam que a instalação nunca obteve autorização para funcionar.
  • Satélites comerciais dos Estados Unidos e países aliados podem tornar-se alvos de Moscovo, caso estes se envolvam na guerra na Ucrânia, ameaçou Konstantin Vorontsov, vice-diretor do Departamento para a Não-Proliferação e Controlo de Armamento do ministério dos Negócios Estrangeiros.
  • De acordo com as estimativas das forças armadas ucranianas, até esta quinta-feira, a Rússia já perdeu 69.220 homens, 2.632 tanques, 271 aviões e 249 helicópteros.
  • O primeiro-ministro russo anunciou que o presidente da Câmara de Moscovo, Sergey Sobyanin, vai coordenar o desenvolvimento de medidas de segurança nas regiões russas. A informação foi divulgada no mais recente relatório do Ministério da Defesa britânico.
  • Um ataque das forças ucranianas provocou um incêndio num depósito de petróleo na cidade ocupada de Shakhtarsk (região de Donetsk), revelou o líder administrativo russo. Vitaly Khotsenko disse à agência de notícias Tass que 12 reservatórios foram danificados junto da estação ferroviária da cidade.
  • Pelo menos 1103 civis foram mortos e 2474 ficaram feridos na região de Donetsk desde o início da invasão russa, avançou o governador regional Pavlo Kyrylenko. Os números, diz o Kiev Independent, não incluem as mortes das zonas ocupadas de Mariupol e Volnovakha.