Pelo menos cinco reclusos morreram e cinco ficaram feridos em confrontos prisionais no Equador, onde está em vigor o estado de emergência em duas províncias, após uma onda de ataques sangrentos ligados ao tráfico de droga.

O organismo responsável pela administração das prisões do Equador (SNAI) revelou na segunda-feira que os confrontos entre dois grupos de crime organizados ocorreram na prisão Pichincha 1, mais conhecida como prisão Inca, situada na zona norte da capital, Quito.

As vítimas mortais foram esfaqueadas, disse aos jornalistas o comandante da polícia de Quito, general Victor Herrera, que revelou ainda que dois dos cinco feridos estão em situação crítica.

As cinco mortes de segunda-feira somam-se às de dois reclusos a 2 de novembro em confrontos na prisão de Guayas 1 em Guayaquil, que deixaram ainda outros seis reclusos feridos.

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Onda de violência associada ao narcotráfico no Equador, mais dois reclusos mortos

Segundo as autoridades, a violência foi desencadeada pela transferência para outras instituições de mil reclusos da prisão de Guayas 1, controlada por narcotraficantes.

Nesse mesmo dia, uma operação de grande envergadura com a intervenção de 1.300 agentes da polícia e um igual número de soldados retomou o controlo da prisão, numa operação em que 15 agentes e três soldados ficaram feridos.

A situação afetou igualmente outras prisões do país, nomeadamente na cidade costeira de Esmeraldas, perto da fronteira com a Colômbia, onde oito guardas chegaram a ser feitos reféns em 1 de outubro.

Na última semana, seis pessoas, incluindo cinco agentes da polícia, assassinadas desde terça-feira numa série de ataques com explosivos e armas a esquadras de polícia, estações de serviço e um hospital em Guayaquil.

“Fomos deliberadamente atacados por sabotagens e ataques terroristas orquestrados por narcotraficantes. Estes ataques procuraram instalar o medo e o caos, mas não tiveram êxito”, disse o Presidente do Equador, Guillermo Lasso, numa mensagem difundida na rádio e televisão, em 2 de novembro.

ONU pede reforma do sistema prisional no Equador após novo motim

O Presidente declarou o estado de emergência nas províncias de Guayas e Esmeraldas e o recolher obrigatório até 16 de dezembro.

O Equador enfrenta uma crise prisional há alguns anos, alimentada pela superlotação, baixo orçamento do SNAI e confrontos frequentes entre grupos de reclusos que disputam o controlo das prisões.

Até agora este ano, mais de 100 reclusos morreram violentamente em prisões equatorianas e mais de 450 foram alegadamente assassinados desde 2020.

Localizado entre a Colômbia e o Peru, os maiores produtores mundiais de cocaína, o Equador passou de um país de trânsito de drogas a um grande centro de distribuição para a Europa e os Estados Unidos.

Em 2021, as autoridades apreenderam 210 toneladas de drogas, principalmente cocaína, um novo recorde. Desde o início deste ano, a quantidade apreendida atinge um total de 160 toneladas.