Algumas centena de polícias estão a manifestar-se esta quinta-feira em Lisboa, em silêncio, para denunciar “os problemas estruturais e graves” da PSP e exigir ao Governo a resolução desses problemas.

Entre as questões que levaram ao protesto em Lisboa constam os baixos salários, o envelhecimento do corpo policial, a pouca atratividade da profissão, a falta de efetivos, incapacidade operacional, saúde e pré-aposentação.

Numa manifestação organizada pela Associação Sindical dos Profissionais da Polícia (ASPP/PSP), o protesto saiu do Largo de Camões pouco depois das 18h30 em direção à Assembleia da República, em São Bento.

Alguns dos manifestantes empunham bandeiras da ASPP e a encabeçar o protesto transportam uma faixa onde se lê “Por todos”, frase rodeada de imagens de punhos cerrados.

Os manifestantes percorrem as ruas em silêncio, uma opção justificada com a firmação de que “o silêncio diz muita coisa”.

“Esta manifestação tem como objetivo fazer chegar ao poder político os problemas estruturais e graves da PSP”, disse à agência Lusa o presidente da ASPP/PSP.

Paulo Santos sublinhou que, a continuar a situação existente, em 2023 estes problemas “podem ser transferidos para a população”.

Como exemplo referiu que já há dificuldades “em abrir uma simples esquadra”.

A ASPP/PSP quer ainda que o ministro da Administração Interna tenha com os sindicatos “negociações sérias”, considerando que isso não tem acontecido até agora.

O Sindicato Independente Agentes de Polícia (SIAP) está também presente na manifestação, que conta ainda com a solidariedade dos dirigentes da Associação dos Profissionais da Guarda (APG/GNR) e das estruturas que fazem parte da Comissão Coordenadora Permanente das Forças e Serviços de Segurança.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

O ministro da Administração Interna (MAI) lembrou esta quinta-feira os avanços “evidentes” na carreira dos polícias, que se manifestam esta tarde em Lisboa, lembrando os aumentos salariais na ordem dos 100 euros e os investimentos nas condições de trabalho.

“O ponto em que não concordo com as estruturas sindicais e representativas dos trabalhadores é dizerem que não há avanços”, defendeu José Luís Carneiro, que lembrou os “aumentos na ordem dos 100 euros na base da carreira”.

“É evidente que há avanços”, afirmou.

No final da inauguração do “Espaço Vida — Resposta Integrada de Apoio à Vítima — RIAV”, que apoia vítimas de violência doméstica em Loures (distrito de Lisboa), o ministro recordou aos jornalistas os aumentos salariais previstos no Orçamento de Estado para 2023 em todas as carreiras da polícia e o investimento nas condições de trabalho dos agentes.

O ministro explicou que os agentes terão “aumentos salariais que variam, contabilizando tudo [remuneração base mais suplemento de risco], entre os 62 e os 117 euros”, considerando todos os níveis remuneratórios.

Segundo o ministro, os aumentos estão focados na base da carreira por causa do recrutamento de agentes, processo esse dificultado pelo envelhecimento da população e pela exigência da profissão.

Questionado sobre se acredita que as carreiras na polícia são atrativas, José Luís Carneiro disse ser “possível trabalhar para que elas possam ser melhoradas” e que é isso que está a ser feito.

“Estamos a falar de, até 2026, mais 600 milhões de euros para melhorar as infraestruturas de trabalho e as condições para o exercício digno da atividade profissional”, apontou o governante.

O ministro da Administração Interna lembrou ainda que está a ser criado, com os municípios, um programa de alojamento e de habitação para os militares da GNR e para os agentes da PSP, e que este ano a componente fixa do suplemento de risco subiu de 31 para 100 euros.

Temos também uma questão colocada pelos sindicatos, um acordo que foi feito no tempo da troika, de 20% sobre as ajudas de custo, que também terá que ser revisitado e reavaliado em termos de custos orçamentais”, acrescenta José Luís Carneiro.

A Associação Sindical dos Profissionais da Polícia (ASPP/PSP) realiza esta quinta-feira uma manifestação em Lisboa contra o arrastar dos problemas que afetam a Polícia de Segurança Pública (PSP) e os seus agentes e contra a “falta de vontade política do Governo para os resolver”.

O protesto vai decorrer a partir das 17h00 entre o Largo de Camões e a Assembleia da República, ação à qual se junta o Sindicato Independente dos Agentes de Polícia (SIAP).

No dia 31 de outubro, data em que foi anunciada a manifestação, o dirigente da ASPP, Paulo Santos, disse que “a carreira na PSP não é atrativa” e lembrou as dificuldades em preencher vagas, o envelhecimento do efetivo, o trabalho suplementar exagerado e uma “desmotivação gritante” entre os agentes.