“Seguidismo” em relação ao Chega. É assim que o PS vê a proposta de última hora do PSD para convocar um referendo sobre a despenalização da eutanásia — uma proposta que os sociais-democratas querem usar para suspender todo o processo, numa altura em que o texto final está à beira de ser aprovado.

Foi o líder parlamentar do PS, Eurico Brilhante Dias, o responsável por responder ao PSD, acusando o partido e o líder, Luís Montenegro, de “viver condicionado pela extrema-direita parlamentar” e adotar uma atitude “seguidista do partido de extrema-direita”, sem nunca nomear o Chega.

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A iniciativa anunciada pelo PSD esta segunda-feira não passa, aos olhos do PS, de um “pequeno fogacho político que não credibiliza o maior partido da oposição”. Isto porque surge tarde no processo — depois de muitos adiamentos, o projeto final para despenalizar a eutanásia ou, tecnicamente, a morte medicamente assistida deveria ser votado em comissão esta quarta-feira — e porque, lembra o PS, o projeto do Chega para convocar um referendo foi chumbado ainda em julho.

Na altura, com alguns votos contra do próprio PSD, lembrou Eurico — mas sem referir que a grande maioria dos deputados sociais-democratas votaram a favor da consulta popular.

O líder da bancada socialista recorda agora que este processo já é “maduro e consensualizado”, atravessou “três legislaturas” e já foi adiado três vezes (uma delas a pedido do PS e outra com voto favorável dos socialistas, na semana passada).

Para o PS, “não há razão” para que a votação aconteça finalmente na quarta-feira — “o Parlamento está preparado para votar” — mas reconhecendo agora que o processo, com uma proposta de referendo entregue, poderá ter de ser avaliado pelo conjunto dos líderes parlamentares.

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O dirigente socialista aproveitou ainda para lançar uma farpa extra ao PSD, puxando, a propósito da discussão sobre referendos, o tema da regionalização — que tanto António Costa como Rui Rio queriam fazer avançar, com um referendo em 2024, e que Luís Montenegro “quis matar” quando chegou à liderança do PSD.

“Montenegro sabe que se quiser fazer um referendo é possível fazê-lo em 2024 e é o da regionalização”, comentou. “Os portugueses esperam que o PSD não tenha uma opinião à segunda, quarta e sexta e outra à terça, quinta e sábado”.

E avaliou os roteiros que o líder social-democrata tem feito pelos país como um “périplo de bota-abaixismo e de maledicência”, sem propostas concretas para “melhorar a vida dos portugueses”. Ao PSD, o PS deixou um apelo — “responsabilidade e mais autonomia face à agenda da extrema-direita” — mas sem conseguir explicar ao certo o que acontecerá a um processo que continua a arrastar-se sem fim à vista.