A cidade ucraniana de Bakhmut tem sido palco de intensos combates ao longo das últimas semanas. Das 70 mil pessoas que lá residiam, apenas algumas permanecem na cidade, revelou o Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky.

“Não há nenhum lugar que não esteja coberto de sangue. Não há nenhum momento em que não se faça ouvir o rugir da artilharia”, escreveu numa publicação na conta oficial de Telegram. O líder ucraniano garante, no entanto, que as Forças Armadas permanecem firmes na defesa do território.

A disponibilidade da Rússia para discutir um plano de paz tem marcado esta semana, mas há condições. O porta-voz do Kremlin, Dimitry Peskov, deixou claro que qualquer plano de paz tem obrigatoriamente de respeitar as novas “realidades no terreno”, isto é, aceitar a anexação russa das regiões de Lugansk, Donetsk, Zaporíjia e Kherson.

“Não pode haver um plano de paz para a Ucrânia que não inclua as realidades atuais no que respeita ao território russo, com a entrada de quatro regiões na Rússia. Tudo o que não inclua estas realidades nunca será um plano de paz”, afirmou esta quarta-feira.

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O que aconteceu durante a noite?

  • Dez meses de guerra, mais de 32 mil milhões de dólares alocados em defesa, 1.456 prisioneiros de guerra libertados e 1.800 aldeias e cidades recuperadas. Estes são os números apresentados pelo Presidente Volodymyr Zelensky no discurso anual no parlamento ucraniano (Verkhovna Rada) sobre o ano em que a Ucrânia “mudou o mundo”.
  • A Força Aérea ucraniana já abateu cerca de 900 mísseis e drones desde setembro. O porta-voz, Yurii Ihnat, revelou que foram destruídos pelo menos 420 mísseis russos e 430 drones Kamikaze.
  • A Ucrânia removeu o monumento de Catarina, a Grande na cidade de Odessa. Erguido em 1900, foi retirado em 1920 durante o período soviético e restaurado pelas autoridades ucranianas em 2007, a estátua da imperatriz russa voltou a ser desmantelada.
  • A guerra na Ucrânia gerou as principais fake news em 2022. Foi o caso dos cadáveres em movimento na localidade de Bucha, embora temas como as alterações climáticas ou o Mundial de futebol no Qatar também tenham sido alvo de desinformação.
  • O líder da empresa russa Gazprom descreveu o último ano da corporação como “muito, muito difícil”. Durante uma conferência de imprensa, Alexei Miller admitiu que assegurar novos mercados após as sanções impostas pelo Ocidente não foi uma tarefa fácil.
  • O porta-voz do Kremlin disse que qualquer plano de paz tem de respeitar as novas “realidades no terreno” e aceitar a anexação russa de quatro regiões ucranianas. Kiev já deixou uma resposta: é tempo do Kremlin sair do seu “estado de delírio informativo”. “Não há nenhuma realidade em que existem ‘novos territórios’ na Federação Russa”, sublinhou o secretário da defesa nacional e do conselho de defesa da Ucrânia, secretário da defesa nacional e do conselho de defesa da Ucrânia.
  • O Reino Unido divulgou que foram enviados para as Forças Armadas da Ucrânia helicópteros Sea King. Foram entregues 10 unidades deste modelo, para “melhorar as capacidades de busca e resgate” das forças ucranianas.

  • As forças russas reforçaram as suas defesas no setor de Kreminna da linha da frente da região de Lugansk, que continua sob “pressão” das operações ucranianas. A informação foi divulgada no mais recente relatório dos serviços de informação britânicos.

  • O vice-ministro dos Negócios Estrangeiros da Estónia, Mart Volmer, recomendou que as autoridades ucranianas abandonem as aspirações de conseguir expulsar a Rússia das Nações Unidas, por falta de apoio internacional.
  • Uma jornalista e ativista de direitos humanas na Crimeia foi condenada a sete anos de prisão por um tribunal russo instalado na região, anexada pela Rússia em 2014. A informação foi divulgada pelo Institute of Mass Information (IMI), que diz que Iryna Danilovich foi acusada de ter na sua posse explosivos.

O que aconteceu durante a tarde?

  • A alegria tomou as ruas quando, no início de novembro, as forças russas se retiraram de Kherson. Cerca de um mês depois, os civis procuram sair da cidade numa altura em que se intensificam os bombardeamentos à cidade. Segundo a BBC, centenas de pessoas estão a sair de Kherson. Filas de carros concentram-se nos postos de controlo à saída da cidade.
  • Kirill Budanov, chefe dos serviços secretos ucranianos, visitou esta quarta-feira os militares na linha da frente na cidade de Bakhmut, um dos focos do conflito. Na semana passada o Presidente Volodymyr Zelensky já tinha feito uma visita surpresa à cidade, aproveitando para condecorar os militares que defendem a região.
  • A Alemanha vai liderar a partir de domingo a Força Conjunta de Elevada Prontidão da NATO, que mantém milhares de soldados em estado de alerta, prontos para serem mobilizados em questão de dias. A Alemanha assumirá o comando da VJTF após a França, que liderou o contingente em 2022.
  • A Comissão Europeia anunciou que vai gastar 14 milhões de euros para comprar autocarros escolares e levá-los até à Ucrânia, a somar aos 120 que já doou. No total, serão mais de 240 novos autocarros para as escolas ucranianas.
  • O ministro das Forças Armadas francês, Sébastien Lecornu, esteve esta quarta-feira em Kiev e visitou um mural de homenagem aos soldados ucranianos mortos na guerra. Foi lá que deixou “flores” em homenagem aos que morreram para “defender o seu país”.
  • Um cidadão ucraniano foi condenado a onze anos de prisão por passar informação “vital” às tropas russas. Os Serviços de Segurança da Ucrânia adiantam que o homem partilhou com os russos, nomeadamente com uma colega de escola que faz parte da estrutura de governação russa na autoproclamada república de Donetsk, a localização das tropas ucranianas na região de Kramatorsk.

O que aconteceu durante a manhã?

  • A cidade de Kharkiv, no nordeste do país, acordou sob fortes ataques russos, revelou o presidente da administração regional, Oleg Sinegubov. As autoridades pediram a todos os residentes da cidade e da região para não saírem dos abrigos.
  • Foram acionadas durante a manhã as sirenes de alarme na capital ucraniana, Kiev, devido ao risco de ataque por via aérea. Os alarmes também soaram em Mykolaiv, no sul do país, região que faz fronteira com Kherson, região anexada pela Rússia no final de setembro.
  • A empresa de armas Kalashnikov anunciou que vai produzir drones para o exército russo. Os drones fabricados pela Kalashnikov tiveram um rendimento “muito bom” no quadro da invasão russa da Ucrânia, pelo que a empresa se propõe “aumentar a produção e desenvolver novos” modelos.
  • Os cidadãos russos que foram mobilizados para participar na ofensiva militar em território ucraniano vão poder congelar gratuitamente o seu esperma nas unidades de criopreservação da Rússia, noticiou esta quarta-feira a agência de notícias russa Tass.
  • A guerra na Ucrânia já provocou a morte a pelo menos 6.884 civis, de acordo com o mais recente boletim do Alto Comissário das Nações Unidas para os Direitos Humanos. Desde a invasão da Ucrânia pela Rússia, em 24 de fevereiro, a guerra armada já deixou também um total de 10.947 pessoas feridas.