O INE confirmou esta quarta-feira os dados preliminares que tinha já divulgado. A inflação em dezembro abrandou, pelo segundo mês, para 9,6%.

No conjunto do ano de 2022 a taxa atingiu 7,8%, o valor mais elevado desde 1992. Há 30 anos que a média anual não era tão elevada. Em 2021, a taxa média anual tinha ficado nos 1,3%. A energia e os bens alimentares não transformados contribuíram para este indicador, com evoluções, respetivamente, de 23,7% e 12,2%. Mas mesmo sem estes dois elementos os preços subiram 5,6%, um valor elevado ainda para mais se tivermos em conta que em 2021 a variação tinha sido de 0,8%. A energia tem um impacto num conjunto de outros produtos, o que leva a um efeito de arrastamento. “Na primeira metade do ano assistiu-se a uma forte subida dos preços refletindo essencialmente os efeitos do conflito na Ucrânia nos mercados europeus de energia. Na segunda metade do ano as variações homólogas dos preços desta classe mantiveram-se altas, verificando-se ainda assim alguma estabilização na parte final do ano”, acrescenta o INE.

Durante 2022, a variação média anual do valor das rendas de habitação por metro quadrado de área útil fixou-se em 2,7% (1,8% em 2021), com a variação mais elevada a registar-se em Lisboa (2,9%), tendo todas as restantes regiões apresentado variações positivas.

O INE revela ainda que, em 2022, “à semelhança do ano anterior”, os preços dos bens subiram mais do que os dos serviços, com evoluções, respetivas, de 10,2% e 4,3%.

Segundo o INE, “a taxa de variação homóloga do IPC total evidenciou uma acentuada subida ao longo de 2022, com maior intensidade na primeira metade do ano. No segundo semestre de 2022 a variação homóloga do IPC manteve-se elevada e acima da média do ano, mas observou-se uma desaceleração dos preços nos últimos dois meses do ano”. Assim, se no primeiro semestre a variação tinha sido de 6,1%, no segundo atingiu 9,5%, batendo quase nos dois dígitos.

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Dezembro abranda

Tal como já tinha sido apontado pelo INE na estimativa rápida (divulgada a 30 de dezembro), a taxa de inflação no último mês do ano de 2022 abrandou pelo segundo mês consecutivo. Ficou nos 9,6%, menos 0,3 pontos percentuais. Sem a energia e bens alimentares não transformados, a inflação ficou nos 7,3%, continuando, neste caso, a subir face ao mês anterior. Na inflação subjacente, a taxa está a níveis de dezembro de 1993.

O INE pormenoriza que se a variação nos produtos energéticos foi de 20,8% (o que compara com os 24,7% de novembro), a taxa nos produtos alimentares não transformados evoluiu para 17,6% (18,4% em novembro), “contrastando com a aceleração registada nos produtos alimentares transformados, em que a variação homóloga passou de 16,8% no mês precedente para 17,5%”.

Além disso, houve aumentos das taxas de variação homóloga das classes dos acessórios, equipamento doméstico e manutenção corrente da habitação, do Lazer, recreação e cultur e dos Bens e serviços diversos, com variações de 12,9%, 3,8% e 3,2%, respetivamente. Diminuíram as taxas nos Transportes, Comunicações e Restaurantes e hotéis, com variações de 5,9%, 0,3% e 11,2%, respetivamente.

Fonte: INE

O índice harmonizado, que serve de comparação internacional, ficou em dezembro nos 9,8%, para no conjunto do ano ficar nos 8,1%.