Os advogados que representam a acusação no processo que decorre na Austrália contra o cardeal George Pell, por danos psicológicos e alegados abusos sexuais, dos quais foi absolvido, disseram esta quarta-feira que os casos têm de continuar a ser julgados.
George Pell morreu na noite de terça-feira em Roma, aos 81 anos, após ter sido operado a uma intervenção cirúrgica à anca.
O pai de uma das crianças que acusou Pell de abusos sexuais nos anos 1990 pede uma compensação financeira por danos psicológicos sendo que o processo penal que julgou o caso em 2018, absolveu o cardeal em 2020.
Lisa Flynn, diretora do escritório de advogados Shine que representa o pai da vítima, indicou esta quarta-feira, através de comunicado, que vai manter “o processo contra a igreja” referindo-se também ao eventual património deixado por Pell, para a obtenção de possíveis compensações.
No mesmo documento, Flynn diz que “há ainda uma grande quantidade de provas que sustentam a acusação” e que, por isso, vai pedir ao tribunal para se pronunciar, “quando for oportuno”.
Em agosto de 2022, o Tribunal Supremo da região australiano de Victoria recusou um pedido da igreja católica no sentido de “parar o processo”.
O acusador, que é nomeado nos documentos judiciais através das iniciais RWQ, reclama que sofre de problemas psicológicos após ter tomado conhecimento dos supostos abusos de que o filho terá sido vítima, nos anos 90.
A vítima, filho de RWQ, morreu em 2014 devido a “uma sobredose acidental [de medicamentos]“.
Trata-se de um dos casos contra o cardeal Pell, que desempenhou funções de secretário para a Economia do Estado do Vaticano.
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Em 2017, Pell foi formalmente acusado de cinco agressões sexuais cometidas na igreja de St. Patrick quando era arcebispo de Melbourne, nos anos 1990.
Pell foi considerado culpado em dezembro de 2018 a seis anos de cadeia, pelos atos cometidos em Melbourne, sendo a sentença confirmada em agosto de 2019.
Em abril de 2020 o Tribunal Superior da Austrália, máxima instância judicial do país, reverteu a sentença que tinha condenado o alto membro da igreja.
O cardeal Pell, que foi a terceira figura mais importante do Vaticano, esteve três meses na prisão antes de ter sido posto em liberdade.